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melodrama

01 novembro 2025

The Swift’s Christmas Trees | 02° Capítulo.

Revirou-se algumas vezes na cama, mas era difícil voltar a pegar no sono, pois nem a cama ortopédica era confortável, além do vento gelado que adentrava o quarto. A pequena lareira do quarto também não ajudava Thomas a dormir pelo barulho que fazia.

Desistiu de tentar dormir e levantou-se, vestiu o chinelo do falecido Scott Swift e em passos silenciosos, desceu as escadas em busca de uma garrafa de água.

— Com insônia?

Thomas se assustou ao ver Taylor no escuro próximo a janela da sala de estar. Ele balançou a cabeça de forma afirmativa e sentiu seu rosto e corpo esquentar, enquanto Taylor encarava-o e analisava cada micro reação.

— Eu estou com sede, por isso desci para... — apontou para a cozinha.

—  Não se preocupe. — ela riu. — A casa agora é sua, não é mesmo?!

Ele suspirou e acompanhou Taylor até a cozinha onde a moça serviu um copo d’água. Thomas bebeu todo o líquido de uma vez e respirou fundo.

— Não me dou muito bem com o frio dessa forma. — disse. — É novo isso.

— Você não cresceu na região?

— Por aqui? Não, eu cresci em Londres, então, o inverno que conheço não é do nível do interior de Winsconsin. — ele riu. — Nunca estou aqui no final do ano.

— Estragamos seu fim de ano? — Taylor questionou em tom irônico.

— Não, jamais. — respondeu. — Valorizo toda e qualquer nova experiência. Na verdade, tentei contato em outros momentos, mas nunca obtive resposta. E achei que, por conta da época do ano, teria alguém em casa.

— Árvores de natal...

— No natal... — ele completou, rindo. — Era óbvio.

Ela sorriu e ficou quieta, pensativa com tudo que descobriu nas últimas horas. Voltou para a sala de estar e se sentou na antiga poltrona de seu pai.

— Sei que é difícil acreditar em mim, até porque você não tem motivos para confiar em mim, mas saiba que seu pai confiou.

— E onde isso nos levou?

— Como te disse, eu cumpri até hoje parte do meu combinado com ele. Todo mês, sua mãe teve acesso aos remédios dela e todo o cuidado que ela precisa, eu me prontifiquei de cumprir isso na forma que ele me pediu. — Thomas disse firme. — E ele não cumpriu o combinado em levantar esta fazenda, essa era a parte dele desde o início.

— Agora meu pai não tem palavra... — ela riu. —  Como posso estar vivendo isso!

—  Não falei isso, Taylor. — Thomas olhou-a. — Estou dizendo que eu tentei ajudá-lo diversas vezes, inclusive em dizer que era melhor vender tudo para poder viver em paz, mas ele nunca quis vender esse lugar porque foi...

— Onde cresci. — ela interrompeu-o. — Ele prometeu-me nunca vender.

— Exatamente o que ele me disse...

— Mas ele vendeu para você!

— Sim... — Thomas respondeu. — Mas porque ele sabia que eu não tenho interesse algum neste lugar e seria a pessoa ideal certa para te devolver.

— Devolver? Isso não é um lápis que você pega emprestado e devolve. — Taylor retrucou nervosa. — Não faz sentido algum nas coisas que você me diz, como se fosse um bom samaritano. Ou melhor, eu sou o Scrooge e você é um dos espíritos natalinos que veio me ajudar.

— Charles Dickens? — Thomas riu. — Eu adoro este livro! Mas não acredito que você se pareça com Scrooge.

— Escute, Thomas! Vou ser mais clara porque, por toda a gravidade da situação, já pensei em matá-lo aqui mesmo para salvar minha família, enquanto você ri do que digo.

Thomas fechou seu sorriso e afastou-se, como se entendesse a ameaça real.

— Coloque-se no meu lugar e entenderá que não tem como acreditar em você. Meu pai nunca falou de você para minha mãe, nem para mim. Você é um banqueiro que comprou minha casa e diz que quer me devolver, a que custo? Diga o preço! — Taylor elevou sua voz. — Você não diz por que sabe que eu não tenho valor algum já que eu sequer sabia que existiu uma crise financeira na minha família que resultou na perda da única casa que temos. E para piorar, ainda descubro que minha mãe deve sua vida e sua saúde ao mesmo homem que pertence nossa casa. E tudo isso não véspera do natal.

Taylor levou as mãos ao rosto para esconder que chorava.

— E nem temos aonde ir daqui a poucos dias. — completou.

Thomas observou-a por alguns minutos, onde Taylor chorava piedosamente encolhendo-se na poltrona. O rapaz se levantou e aproximou dela, tentando acolhê-la, mas apenas passou a mão em seu ombro.

— Nunca disse que você me devia algo. — ele disse. — E eu sei o quanto é difícil ouvir e digerir tudo que disse, mas se ajudar a fazer você entender, eu sou fui o Scrooge por muito tempo, até conhecer o seu pai. Ele foi o primeiro espírito natalino que cruzou meu caminho amargo quando nos conhecemos.

Ela olhou-o com mais atenção, limpou seu rosto.

— Nunca soube o significado de família até ver o que significava para ele. Quando eu o conheci, aqui mesmo, foi quando teria uma confraternização de três unidades do banco e me deixaram responsável de comprar uma arvore de natal, enquanto estava na estrada para visitar um antigo colega, encontrei este lugar. Seu pai era atencioso, parecia que ele era capaz de ver além... — Thomas respirou fundo. — existia escuridão e solidão em mim, mas ele viu mais que isso. Mais do que eu mesmo.

— E o que fez você mudar?

— Ah, não sei como foi, mas voltei aqui diversas vezes... — ele respondeu. — Não foi um milagre instantâneo, mas foi uma pessoa disposta a me ouvir por ouvir, não por interesses maiores. Eu detestava estar aqui, no interior com caipiras americanos ou pessoas interesseiras e fúteis, o tempo inteiro me bajulando e querendo mais e mais. Sempre que eu precisava estar aqui, eu visitava seu pai por... carência... — ele riu. — e eu demorei para entender que eu precisava mais dele do que ao contrário.

Thomas encostou no sofá e relaxou, sorriu ao lembrar de uma de suas visitas:

— Uma vez, ele me ligou perguntando se eu não viria. Acredito que tenha vindo para cá em três natais diferentes, já outras visitas que fiz ao seu pai foi esporádica durante o ano. A última vez, eu estava vivendo uma crise amorosa... — Thomas riu. — Oh, como foi difícil aceitar o fim. E eu quem tinha terminado... foi a última vez que estive com alguém.

— Ele sabia dar bons conselhos amorosos. — Taylor riu. — Eu me pergunto por que ele nunca comentou sobre você...

— Não sei, ele me guardou como segredo quando ele também omitiu que sua mãe estava doente. — Thomas respondeu. — Eu sei que você não sabia que ela estava doente até ele ficar doente.

— Você realmente sabe demais!

— Eu sei por que eu me ofereci a pagar os remédios dela. Ele tentou de tudo para que ela pudesse conseguir qualquer plano de saúde bom, alguma feitoria... Esse país é uma merda! — Thomas disse bravo. — Eu não sabia como funcionava até ele me explicar e dar quase seis mil dólares por mês por remédios... é um absurdo!

— É o preço que você paga todo mês pela minha mãe, não é? Uau...

— Sim, mas pago com orgulho. É um dinheiro bem gasto. — Thomas respondeu. — E foi aí que começou a crise financeira, ele já tinha feito empréstimo para remédios antes que eu pudesse ajudá-lo, também fez para pagar dois meses de sua faculdade. Seu pai foi enganado por promessas de funcionário de banco, ele jamais conseguiria pagar tamanha dívida com tantos juros que ele assinou. Quando vi a papelada, fiquei incrédulo com o que fizeram com ele. É o que a América faz, isso é coisa daqui! — balançou a cabeça perplexo. — E foi assim que ele perdeu essa fazenda.

— Para você?

— Mais ou menos. — ele respirou fundo. — Em março de 2020, seu pai já havia perdido a casa e ela foi para leilão. Quando voltei de Londres, vi o nome da fazenda de vocês na lista e participei do leilão, eu comprei a casa para salvar uma das coisas que ele mais prezava. Eu mandei mensagens à ele, liguei algumas vezes... Vim aqui em setembro, mas estava tudo fechado. — Thomas pegou seu celular. — Eu tentei contato com ele tantas vezes até receber isto aqui no último mês. Depois de um ano, finalmente chegou ao banco os documentos que dizia que seu pai havia falecido.

Ficaram em silêncio.

— E cá estou aqui, dizendo que eu não quero essa fazenda e que existe somente duas formas de devolvê-la para sua família. — Thomas aproximou-se. — Uma você irá negar, a outra você irá negar também. Mas antes de dizer as duas opções, quero te contar mais uma coisa, eu fui demitido nesta manhã porque descobriram que me envolvi emocionalmente com este cliente antigo, Scott Swift, fazendo com que o banco mal conseguisse lucrar com este lugar como gostariam, além de ter... perdoado uma dívida que seu pai o havia deixado.

— Espera! Você perdeu seu emprego por ajudar meu pai? — Taylor riu. — E você não está preocupado?

— Com isso? Jamais! Fizeram-me um favor de ter me demitido deste lugar... — ele riu. — Quem sabe, não volto mais à América. Além do mais, tenho outros planos.

— Como eu teria minha casa de volta? Dessa vez, no meu nome e eu faria tudo certo!

— Não duvido disso, Taylor. Não duvido de você, seu pai mesmo me falou isso.

Thomas se levantou e ajeitou aquele pijama.

— A primeira alternativa é a mais correta e esperada, eu lhe ofereço a propriedade e você me pega por ela... é bem simples...

— Com que dinheiro? — Taylor deu uma gargalhada. — É uma piada?!

— A segunda alternativa é a que você negará, mas é um caminho diferente do que esperávamos, mas é nos casarmos. Você aceitaria casar comigo?

[CONTINUA]

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