Último
domingo de novembro.
Era
uma manhã de domingo em um pequeno loft concentrado no Brooklyn, Nova
York. Conhecido como o outro lado da cidade. O aroma de café puro
pairava por todo o local que despertou Jacob Gyllenhaal, ou apenas Jake para os
mais próximos de seu transe. Ele era um homem de trinta e poucos anos, olheiras
amostras e mãos secas que tinha uma eterna paixão por café, mas em momentos
ideias, um belo homem com um par de olhos azuis como oceano.
Ele
arrumou uma pequena parte de seu balcão com canetas e rosquinhas de, talvez,
uma ou duas noites atrás. Ele mesmo não se lembrava, mas está bom. Serviu seu
café e deu pequenos coles entre assopros aquecendo-se com a fumaça. Pela janela
observou a ponte de Brooklyn e os pequenos indícios do inverno – os flocos de
nevas começará a cair naquela manhã, mas nada que deva se preocupar. Sua
intenção era passar o domingo em casa de folga já que no dia seguinte iria
continuar um projeto que desenvolvia desde que começou a trabalhar
para Woods Bagot – uma grande empresa de arquitetura.
Ouviu
um barulho vindo da porta e um pacote de cartas sendo despachados no seu tapete
na única entrada de sua confortável residência. Ali continha tudo que ele
sempre recebia – cartas promocionais de banco que nunca ouviu falar, panfletos
e mais panfletos além do jornal matinal. Ao deixar cair algumas
correspondências na mão, deparou-se com um envelope parda escrito a mão Jacob
Benjamin Gyllenhaal com uma caligrafia que chamas confundiria.
Seu
coração pulsou mais forte e hesitou em abrir por três vezes, mas sua
curiosidade já havia sido atiçada. Antes de abrir por total, buscou seu café no
balcão e caminhou até o sofá posicionando-o na mesa de centro, apoiando seus
cotovelos nas pernas e encarando o pequeno T.S. na ponta do envelope.
“Querido
Jake...”
Iniciou
a leitura, mas logo parou por sentir-se fraco. Ela era uma das pessoas que era
intimida o bastante para chamá-lo de Jake, ou pelos menos, era tão intima para
isso. Ele bebeu um grande gole de seu café e não notou que queimou sua garganta
por isso. Abriu a grande folha e voltou a ler.
“Você
pode estar se perguntando como achei seu endereço ou porque estou escrevendo
essa carta, mas eu prometo que eu vou responder essas questões. Eu sempre
cumpri minhas promessas, não é? Bom, ainda temos amigos em comum e eu pergunto
de você para eles. Se você está bem, se está feliz. Eles dizem que estão e que
deixou cortou seu cabelo, parou de deixar a barba crescer e começou a ir para
academia. Confesso que ainda não acredito que vai para academia. Enfim, mesmo após
nosso término saber do seu bem-estar foi uma prioridade que sempre me
certifiquei porque eu me importo com você até meu último suspiro.
Eu
não mandaria essa carta se você não fosse tão importante para mim, você sabe o
quanto nosso amor foi intenso e ele ainda está nos nossos corações. Nunca fomos
os mesmos depois de tudo, podemos garantir isso. E por tal sentimento, quero
contar minha visão do nosso relacionamento porque no final é importante que
saiba que apesar de todos os nossos erros, tentativas e dores... foi bom.
Nunca
amei uma pessoa como amei você, tanto antes como depois. Você foi um homem que
costuma dominar meus pensamentos e tirou bloco por bloco até chegar no meu
coração, desfez todas as armadilhas que montei até tocar na minha alma.
Conseguiu me desarmar e ganhou meu coração, provavelmente, para sempre.
Me
lembro muito bem que nos conhecemos em um trem de Washington para Nova York,
você se sentou no meu lado no trem e cheirava a café e eu... Inocência, como
você bem disse quatro meses depois. Era madrugada e eu dormi no seu ombro por
uma viagem de apenas seis horas e você para um desconhecido aceitou muito bem.
Naquele
dia aconteceu um acidente no trem em nossa frente e ficamos parados em um túnel
por quase duas horas até o trem voltar a circular e eu acordei. Diz você que eu
tinha babado no seu ombro, mas ainda duvido disso. Que seja, você sorriu e se
apresentou, mas eu menti meu nome porque pensei que seria a primeira e última
vez que o veria. Estava errada.
Dividimos
um lanche que guardava na minha mala e conversamos até chegarmos em Nova York,
você quis dividir um táxi para continuar nossa conversa que foi de
incidentes em viagens até programas de televisões.
Você
disse que eu era uma mulher muito desconfiada, mas deu razão por que eu ainda
não te conhecia e pedi para que o táxi levasse você primeiro. No
caminho, você continuou dizendo que netflix não era inovador o bastante e pediu
meu telefone. Eu passei um número que você fez questão de verificar na minha
frente, provavelmente, seria meu terceiro golpe em você em apenas um dia.
Naquela altura tinha me encantando por você.
Três
dias depois você me ligou e descobriu que não sou a melhor pessoa para atender
a números desconhecidos da minha agenda, mas cinco dias depois atendi tal
número. Seu número e você me convidou para sair, mas eu te levei para uma feira
de artefatos com minhas amigas. Ainda assim, você continuou sorrindo e insistiu
que precisávamos de uma chance e eu concordei, apenas uma, naquela época, era o
suficiente.
Com
todos meus sentimentos, fui sincera com você do começo ao fim. Contei que não
era boa em relacionamentos ou com pessoas, tinha medo de ter as mesmas dores de
cabeças que a maioria das pessoas tem, mas você disse que compartilhava das
mesmas crises e frustações. Até aquele momento isso era verdade. Nós sabemos
disso.
Não
sabíamos onde iriamos dar, ainda não sabemos se a nossa história, de fato,
acabou. Apesar de ter ficado esse pressentimento, a culpa não foi somente sua e
eu espero que possamos falar sobre isso. Em breve.
Eu
senti sua falta, Jake.
T.S.”
Jake
notou que certas lágrimas tinham caído em seu rosto, apenas ignorou isso e
limpou com a manga do moletom que vestia. Ele relia certos trechos rapidamente
e balançava a cabeça de forma negativa. Não conseguia acreditar que seu coração
tremeria pela mesma mulher novamente e o quanto os erros voltaram a dominar sua
mente.
Não
pensou em outra coisa, foi até sua grande mesa de trabalho e guardou os papeis
dentro do envelope novamente colocando na fragmentadora de papeis. Assim
assistiu aquela carta estraçalhar em segundos igualmente como ficou seus
sentimentos há dois anos trás.
Decidiu
não pensar nisso, mas era impossível. Há muito tempo que negou ouvir nome de
Taylor Swift, mas agora ela estava ali. Novamente. Ali dominando os pensamentos
daquele homem e toda a turbulência apenas estava começando.
Primeiro
domingo de dezembro.
— Bom
dia.
Jake
despertará com massagens em seu peitoral de Reese Witherspoon, sua primeira e
única namorada após Taylor Swift. Logo na segunda-feira daquela semana, Jake
ligou para sua bela ex-namorada com segundas intenções, mas a verdadeira
intenção era tentar esquecer Taylor novamente. E Reese tinha esse poder. Ele
sabia o quanto era errado usá-la para esquecer outra pessoa, mas Reese
desconfiava.
Eles
começaram a namorar cerca de nove meses após o término de Jake com Taylor. E
ele estava muito frágil em relação a todo, assim como Taylor ele construirá um
muro, mas Reese não quis derrubá-lo, ao contrário, deixou ali para que um dia,
se Jake quisesse, abriria a porta para ela. Mas ele nunca abriu e ela não quis
esperar.
No
mais, Reese era uma mulher madura e independente demais para aguardar sua vez
em um coração que já tinha dona. Ainda tem, mas o sexo era bom e para ela
estava o suficiente. Então, ambos queriam uma coisa que o outro era capaz de
fornecer, talvez, está relação fosse mais balanceada do que os dois desejassem.
Ele
deslizou sua barba pela nuca da moça fazendo-a ficar arrepiada, sentou-se na
cama e procurou uma roupa para vestir. Ela apreciou uma rápida vista de Jake nu
e tomou coragem para levantar e fazer o mesmo.
— Vou
preparar alguma coisa para comermos. — Jake sorriu e caminhou para
cozinha.
— Na
verdade, já estava indo... — Ela riu e concordou com a cabeça. — Mas
aceito o café.
Ela
vestiu o moletom que Jake vinha usando a semana inteira e foi com ele para a
cozinha, sentando-se na bancada e assistiu-o fazendo seu café – café puro, ovos
mexidos e frutas que comprou sabe lá quando, mas estavam boas.
A
ambiente agradável quase que encerrará ao ouvir o barulho das correspondências
sendo despachadas no chão do loft. Reese se levantou oferecendo-se para pegar,
mas Jake impediu indo na frente.
Enquanto
Jake separava as correspondências e procurava o que não queria achar, achou.
Olhou para Reese que comia seu café distraída e avisou que ia no banheiro, ao
entrar no cômodo. Analisou a carta, caligrafia e rasgou o envelope para lê-la
rapidamente.
Jake
encostou seu corpo na parede e iniciou a leitura.
“Jake,
Se
você leu a outra carta até o fim soube que entraria em contato novamente e eu
prefiro acreditar que você está lendo essa carta também. Se não ler, está tudo
bem.
O
frio chegou e sempre foi nossa época favorita. Lembro-me de irmos praticar
snowboard juntos e como eu era péssima nesse esporte como em qualquer outro que
já tentei. Mas você sempre foi muito bom com esportes, o que me faz lembrar de
quando sua mãe contava sobre seus pontos quando fazia parte da liga de futebol
quando menor e as suas fotos eram mais graciosas que já vi. Um pequeno rapaz de
olhos azuis, óculos em uma cama de solteiro.
Você
contava sobre o seu passado acreditando que eu seria seu futuro e assim fazendo
com que minhas barreiras caíssem aos poucos. Perguntou sobre a minha família
com quem não morava fazia um ano, meus pais – e assim sendo a primeira pessoa
que contei sobre seu falecimento, meus traumas, meus medos.... No final, você
leu-me por completo.
Nós
éramos muito bons juntos e em algum ponto erramos. Talvez nos perdemos nas
traduções, talvez eu tenha pedido demais a você ou você tenha me perdido no
caminho, mas nós estávamos lá e eu me lembro muito bem disso. Éramos uma obra
de arte muito valiosa até que você arruinou isso com o pretexto de ser honesto
novamente e novamente.
Eu
também arruinei tudo isso quando perdi o que nunca dei um nome. Pelo menos,
nunca tive coragem de dar um nome ou um sexo, nunca soube. Mas depois daquilo também
mudei, já não era uma inocente e você tentou buscar aquele outro eu de volta
porque eu tinha ficado triste demais para continuar enganando as outras
pessoas. Eu caí, apenas.
Disseram
que eu me tornei uma pessoa toxica para você, suguei sua luz
Até
que um dia você me tirou de tudo isso, fugimos para bem longe e por poucos dias
me senti que poderia voltar a ser a mesma mulher de sempre, a mesma pessoa com
que eu costumava a ser, mas não foi assim que me senti. Eu estava feliz com
você no meu lado na cama acariciando meus cabelos, dormindo colado em meu corpo
e fazendo com que o nosso amor renascesse de novo e de novo.
De
todas as minhas viagens, aquela foi a minha favorita só pelo fato de você estar
lá comigo e me amar como ninguém nunca me amou e permitir que eu me apaixonasse
por você outra vez. Sentia-me como acabássemos de criar um mundo paralelo onde
não existia nenhuma dor e nós éramos felizes onde ninguém nos machucaria. Não
mais. Tem uma frase que eu sempre relaciono a você de um poeta que tanto gosto:
“Tão bom morrer de amor! E continuar vivendo...” e eu morri e renasci em você
todos os dias, sempre que pude.
Obrigada
por isso, Jake.
T.S.”
As
memórias sobre aquela viagem tomaram os pensamentos de Jake e por mais que ele
implorasse a si mesma para superar aqui, não conseguia. Ele concordava com
todas as palavras e sentia a mesma coisa que sua amada dizia. Era tão bom.
Ele
olhou para os papeis em sua mão e guardou com delicadeza no envelope. Saiu do
banheiro e Reese o encarou desconfiada pela sua demora, ficou ali por quase
meia hora, mas nenhum dos dois comentaram sobre isso.
Jake
olhou para a fragmentadora de papel e o arrependimento de triturar a pequena
carta veio, mas ele não faria isso com a segunda carta. Ao contrário. Insistiu
para que Reese passasse o dia com ele e ela cedeu por não ter outra coisa para
se fazer no domingo, mas após sua saída. Jake releu a carta três vezes para que
pudesse dormir.
Durante
a semana, sonhou com Taylor e pensou nela. Os pensamentos não eram sempre
positivos. Sua vontade era mandar uma foto para Taylor com uma mulher com
qualquer e dizer para parar de tentar entrar em contato, mas se o fizesse ele
perderia. Apenas perderia e sua ponte cairia.
Segundo
domingo de dezembro.
Amanheceu
no Brooklyn já fazia horas e Jake ainda estava na cama cansado e acordaria a
qualquer minuto com ressaca. Uma forte ressaca. Passou a semana inteira atolado
de trabalho e não conseguiu finalizar seu projeto como planejava. Já fazia um
bom tempo que Jake não saia para beber em um bar, normalmente faz isso em casa
e com moderação, mas há dias que precisamos extrapolar como ele pensou.
O
celular dele vibrava no outro lado da cama e ele despertava por segundos, mas
logo voltava a cochilar. Não por muito tempo, seu celular tocou e era um dos
seus colegas de trabalho. Com um rápido telefonema sobre tal projeto, Jake
perdeu seu sono e verificou algumas notificações. As mensagens vinham de sua
velha amiga Blake Lively, esposa de seu melhor amigo Ryan e uma grande mulher.
Ela o convidava para jantar e pedia respostas para reservar o restaurante,
coisa que Jake passou a manhã ignorando. Assim que respondeu negando, tentou
voltar a dormir, mas sua cabeça estava explodindo.
Assim
que percebeu que suas vontades não seriam atendidas e que ficar na cama tão
pouco resolveria seus problemas profissionais ou pessoais, levantou-se e seguiu
andando pela casa que estava com forte cheio de bebida velha e bagunçada. A
caminho do banheiro, resolveu tomar uma ducha gelada – mesmo no frio – e pedir
um almoço.
Jogado
no sofá assistindo um programa qualquer, a companhia tocou e ele foi com
dinheiro trocado pegar seu almoço. Ao chegar na porta notou que pisou nas
correspondências. Ele pegou o pacote da refeição com uma mão e as
correspondências em outra equilibrando-se ao fechar a porta com um pé. Assim
que entrou na cozinha, despachou tudo na mesa e abriu seu almoço apreciando um
ótimo cheiro de comida quase caseira. Colocando uma pequena porção em um prato,
reconheceu uma das correspondências. Evitou dizer o nome, mas seu coração já
palpitou no peito.
Ele
se sentou no balcão e abriu a carta. Diferentes das duas anteriores, essa era
curta, mas profunda.
“Bom
dia Jake!
Espero
que tenha passado sua semana bem e que tenha lido as restantes cartas. É
importante para mim que leia essa porque tenho uma coisa a revelar a você.
Em
primeiro lugar, não quis continuar a narrar a nossa história. Pensando bem
durante pouco tempo que tive para prepará-las, talvez, você não tenha nenhum
interesse sobre nossa história. Não mais.
Em
segundo lugar, esta carta que está lendo tão pouco vale para que mude sua vida.
Considere ela apenas um aviso prévio do que irá acontecer em poucos dias. É
claro, escrevi está carta uma semana antes que a recebesse, então, coisas
acontecem nesse meio tempo.
Você
não é o único que andou recebendo cartas minhas, mas é o único que não
respondeu nenhuma delas. Seja com comentários positivos ou negativos. Você não
respondeu e eu esperava isso, na verdade, torci para que todos não respondessem
porque eu não estaria pronta para fazer o que pretendo fazer com mensagens.
Então,
por que está escrevendo isso? Você deve se perguntar. Eu respondo!
Estou
fazendo isso porque eu acredito que eu possa ter sido importante para sua vida
e das demais pessoas que enviei uma carta. Na verdade, você é o único a quem
envio mais de uma carta. É tanta coisa que eu gostaria de ter dito, enfim, não
é mais importante.
Uma
forma de dizer que eu ainda me importo com a opinião de cada um que recebeu uma
carta. Eu gostaria de contar que faz onze meses que descobri que, por dentro do
meu corpo, sou fogos de artifícios estourando para todos os lados. Não
romantizando, mas quero dizer que tenho câncer. Três canceres diferentes e que
se espalharam por todo meu corpo. Um tumor cerebral acolhido em minha cabeça
por quase sete anos, câncer nos óvulos cujo a remoção tão pouco mudou sua
gravidade e no pulmão.
Talvez
fosse os ócios do ofício ou descuido meu. Não seria a primeira vez, não é?
É
isso que venho a revelar. O que tenho não há mais cura, não há mais esperança e
eu apenas digo isso a você por consideração. Achei que quisesse saber disso,
mas se não, me perdoe por isso. É a última vez que entrarei em contato com
você.
Apenas
quero te lembrar que eu torço muito por você, Jake! Você é um homem incrível
que merece o mundo inteiro. Seu coração é tão puro e você marcou minha vida de
maneira boa e cruel. Só fique bem.
Com
todo meu amor,
T.S.”
Jake
soltou uma risada, mas de maneira nervosa e balançou a cabeça negativamente.
Sua cabeça estava em dúvida sobre a verdade. A verdade que ali foi apresentada.
Foi torturante passar a semana pensando em que Taylor falaria na próxima carta:
outra viagem, as vezes que Jake faltou em seu aniversário ou nas brigas que
tiveram aos longos dos anos.
Não
foi isso e Jake estava decepcionado por não estar preparado.
Por
um ou dois segundos, chegou a pensar que Taylor pediria outra chance, que eles
poderiam ter outra chance para provar que nas primeiras vezes eram imaturos,
estavam errados.
Não
foi isso.
Ela
estava doente e ele não pensava nessa parte. Apenas no que perdeu.
Só
fique bem... As últimas palavras que ele a “ouviria” dizer a ele e mesmo assim,
não sabia como reagir. Ele fez o mesmo que fez com as outras cartas: dobrou com
certa delicadeza e guardou na última gaveta de seu criado-mudo voltando a
almoçar.
Era
um fato que qualquer distração que viria nos próximos dias era incapaz de tirar
a ideia de que Taylor... sua Taylor morreria ou talvez, como ele chegou a
pensar, morreu, mas ele não sabia o que fazer ou como reagir de maneira certa.
Uma coisa estava faltando, mas ele não saberia dizer o que.
Terceiro
domingo de dezembro.
Jake
virou seu sofá em direção a porta do seu loft e bebia seu café calmamente
enquanto fitava a porta. Era exatamente sete e cinquenta, mal conseguia dormir
durante essa semana agoniante. No meio da semana foi aniversario de Taylor e na
próxima semana seria seu aniversário o que o fez lembrar durante o dia 13 de
dezembro que ambos comemoravam seus aniversários juntos até Jake faltar no
último. Ele sempre procurou um motivo, até mandou uma mensagem de voz dando
desculpas naquela noite, mas depois muito tempo aceitou que errou e não
compareceu porque não fez certo esforço. Nessa questão, Jake não se perdoou,
mas estava ali esperando exatamente oito horas para o correio passar em sua
porta e receber sua correspondência dessa semana e ali saberia o que sua antiga
amada sentiu naquele dia.
Não
demorou muito para ver o entregador depositar uma pequena pilha de envelopes
debaixo da porta e sua sombra sumir. De longe, Jake buscou enxergar se o que
ele gostaria estava ali, mas não queria ler a carta por completo como fez com
as primeiras. Ele se levantou do sofá e foi até a porta recolher as
correspondências. Procurou o envelope pardo com as iniciais de Taylor e jogou
as outras cartas na bancada. Após apossar novamente do sofá, abriu o envelope e
relaxou entre as almoçadas para ler. Está seria a maior carta que receberá até
ali.
“Ei
Jake!
Feliz
aniversário!
Tudo
que eu sempre desejei a você vale para todos os anos. Nunca mudei quanto a
isso, mas não me faça repetir todos os clichês anuais e todos meus sentimentos
por você. Por favor!
Estive
pensando entre uma carta e outra o que pode ter mudado entre nós com meus
envios e com suas leituras. Algo mudou entre nós? De qualquer maneira, eu já
estou acabando.
Eu
não poderia lembrar do meu aniversário sem lembrar do meu melhor presente que,
não ao acaso, foi você quem me deu. Lembra daquela viagem que fizemos para África
do Sul? Acho que foi minha primeira viagem fora do país e eu sempre dizia para
você sobre esse país e de tantas coisas que gostaria de fazer por lá.
Principalmente levar o Hórus – o pequeno tigre que adotei – para viver lá. Sem
eu saber ou perceber, você preparou essa surpresa no meu aniversário e
vivenciamos os cinco melhores dias de minha vida. Ou um dos melhores dias da
minha vida. Eu nunca consegui decidir sobre isso.
Agora,
se você espera que eu relembre do meu último aniversário. Eu não irei relembrar
isso porque faço questão de guardar apenas as lembranças boas sobre você e
aquele dia, aquela semana foram erros atrás de erros que nunca cometemos
novamente. Muita coisa tinha dado errado, não faço questão de lembrar daquele
aniversario e você também não deveria.
Assim
como a vida, nosso relacionamento foi baseado em escolhas. Sempre foram
questões de escolhas e eu escolhi você no primeiro momento que olhei em seus
olhos. Nunca me arrependi de ter pegado aquele trem ou divido tal taxi. Sem
perceber, eu escolhi querer você e amá-lo até o último segundo da minha vida.
Você também me escolheu e nós escolhemos
Tive
medo todos os segundos do nosso relacionamento. O medo de errar ou perdê-lo
porque eu não sabia como lidar com cada passo que dávamos. Desde o início, eu
disse a você que eu não sabia lidar com coisas novas. Tinha ansiedade de
novidades porque eu gostava de saber de tudo antes mesmo de aprender ou viver.
Eu sempre estive um passo à frente na minha vida e com você me senti às cegas.
E confiar em você foi uma escolha.
Se
você escolheu ler essa carta, deve ter o mesmo sentimento que tenho por você. E
independente de erros e escolhas que fizemos para chegar onde estamos. Eu
repito: está tudo bem.
Você
me amou como sua vida e mais um pouco.
Eu
te amei mais que minha vida.
T.S.”
O
rapaz respirou fundo diversas vezes e se deitou no sofá com a carta no peito
pensativo. Sempre pensativo. Guardou o papel no envelope novamente e colocou na
gaveta junto com a segunda. Sentado em sua poltrona agora, ele olhou para a
fragmentadora de papeis e resolveu caçar peça por peça a primeira carta que ali
tinha colocado.
Nunca
tinha ficado tão arrependido de um ato como aquele. Estupido, pensava ele ao
coletar pedaço por pedaço. Ele sabia que eu colocar qualquer papel ali, nunca
mais resgatar. Seja o que for, mas ainda assim, tentaria.
E
durante a semana com o pouco tempo que tinha entre o trabalho e dormir, ele
coletou milhares de fragmentos que reconhecia pelas letras miúdas e redondas de
Taylor. Sua intenção não era tentar colocar papel por papel novamente, isso não
iria adiantar, mas guardar para lembrar que nenhuma raiva que sentia dela era o
suficiente. Ele a amava com toda sua alma.
Mas
os dois sabiam que o amor nunca bastou.
Quarto
domingo de dezembro.
Pela
janela de sua casa, Jake olhou as pessoas decorando suas casas com luzes de
Natal. Ele riu da sua vizinha de frente que sempre que possível, assistia na
criação dos seus quadrigêmeos. Ao ouvir a companhia tocar, logo correu para
atender.
Era
o correio que dessa vez pediu para que ele assinasse alguns documentos para
poder receber as correspondências. A princípio, estranhou, mas logo viu que
chegaram alguns contratos do projeto que trabalhava. No mais, Jake abriu o
envelope de Taylor, mas diferente das cartas antigas, essa vinha com um recado
logo no envelope.
“Jake,
você fez minha vida. Nunca duvide disso.”
Ele
sorriu e abriu o envelope.
“Para
Jake, o grande amor da minha vida.
Sinto
que nosso contato acabou porque eu não tenho mais o que dizer a você! Apenas
irei deixar algumas palavras a você para ler quando estiver se sentindo mal ou
quando ter saudades de nós. Outras palavras servirão de apoio para seguir em
frente nesse mundo um tanto cruel e minhas últimas palavras serão explicações
para que você não tenha dúvida em seguir com sua vida.
Todos
os momentos que vivi com você foram únicos assim como você o único Jacob
Benjamin Gyllenhaal. Um homem integro, engraçado, inteligente e com uma boa
lábia para conseguir o que quer. Incluindo uma mesa de jantar ou mais dez
minutos em qualquer restaurante.
Um
homem que deixa qualquer pessoa com os brilhos nos olhos e borboletas no
estomago. Não digo por sua beleza, mas sim pelo homem completo que é. E que lhe
falta certa confiança no que quer, então, se você acordar um dia ou viver um ou
dois dias em que note que nada está dando certo ou que as coisas estão cada vez
mais difíceis. Lembre dessas palavras: as coisas entrarão nos eixos brevemente
e se não bastar, se enxergue com meus olhos e verá o tipo de pessoa determinada
e inspiradora que é.
Não
tente se auto sabotar novamente, isso não é bom. Aceite os seus defeitos e
qualidades, seus erros e acertos. Tudo isso junto forma um ótimo pacote de suas
boas intenções.
Sempre
se lembre dos nossos bons momentos juntos. Desde nossas primeiras viagens,
férias e cachorros que adotei durante nossa história. Foram muitos cachorros,
não é mesmo? E de todos os restaurantes que já fomos. Sem dúvidas, nosso
desafio de comer 20 comidas típicas de países africanos e europeus em 30 dias é
minha lembrança favorito. Você sabe... eu amo comer, sempre tirou meu estresse.
Mas
não se apegue a nós ou em mim. Seu coração é tão grande que cabe nosso amor,
nossas memorias e sua vida inteira que vem por aí. Nunca desista de encontrar
bons amigos ou outra paixão, mas faça escolhas sábias.
E
não ignore mais Ryan e Blake, eles sentem falta de sua amizade, agradeceria se
visitasse minha mãe. Ela ainda tem assuntos pendentes com você e entregará
algumas coisas que deixei reservado para você. Mande um beijo a sua irmã e sua
sobrinha, diga que sempre tive eterno carinho por elas. Também sei que você
pegou meu cachecol como lembrança na casa dela, mas não precisa ficar com todas
minhas coisas ou fotos. Você precisa de mais espaço e
Nessa
altura você deve estar se perguntando por que estou falando no passado ou
citando amigos em comum. Se você não recebeu a notícia é porque seu afastamento
era mais grave do que imaginava, mas está tudo bem. Aqui no outro lado da ponte
que você construiu entre nós, eu estou doente e não tenho tanto tempo de vida.
Então, não tenho muito tempo para mais explicações e sinceramente? Você não
precisa delas.
E
eu não sei qual será meu futuro no outro lado, mas irei me certificar de cuidar
de você.
Você
merece.
Então,
por favor, Jake. Não fique com a cabeça no trabalho ou nessas cartas. Ligue
para seus amigos e saia para curtir uma noite, vista sua melhor roupa e invista
na sua melhor cantada. Ou melhore as que você usou comigo porque elas eram
péssimas naquela época. Você tem muito tempo e não gaste sendo ranzinza ou
infeliz. Viva a sua vida um dia de cada vez no jeito que eu quero que você
viva.
Eu
te amo, Jake. Você também me ama. Isso é tudo que precisávamos para provar ou
para o outro. Cheirar um cachecol para sentir meu cheiro, usar minhas toucas no
inverno não fará que eu volte ou que permaneça no seu lado. Eu sempre estarei
ao seu lado, certo?
E
ao terminar de ler essa carta me prometa que irá seguir em frente.
Tive
a honra de ser chamada de sua garota, sou namorada e seu amor. Você foi o amor
da minha vida e eu não tenho arrependimentos das minhas escolhas quando o
assunto é você, mas você tem uma vida pela frente e eu só sou um trecho da sua
história.
Siga
em frente. Seja feliz. E não se preocupe com sua ponte. Ela está firme quando
você estiver pronto para atravessar.
Eu
te amo, Jacob Gyllenhaal.
Taylor
Swift.”
Jake
ficou boquiaberto ao chegar no último ponto final. Não acreditará no que acabou
de ler, em como seus últimos anos passaram nos seus olhos sem perceber. Ele
dobrou a carta com delicadeza e encarou o chão por longos minutos.
Não
sabia o que fazer até ali. Tinha coisas que Taylor pediu para ele fazer nas
cartas, mas não sabia o que fazer. Onde começaria a fazer. Estava perdido e
ficou assim nas próximas duas horas. Entrou em transe.
***
Em
plena segunda-feira, Jake resolveu não ir trabalhar. Ele pegou a última carta
de Taylor e releu rapidamente alguns trechos, um deles dizia para visitar sua
antiga sogra e assim o fez.
Entrou
em seu carro e deu partida rumo a Manhattan. Taylor morava com sua mãe nos
últimos anos em seu apartamento. Uma viagem de uma hora o levou para tal
apartamento que lhe trouxe muitas lembranças de quando viveram ali por um ano.
Sem
muitas delongas, Jake tocou a campainha arrepiado com toda a situação que iria
enfrentar dali por diante. Na mão, ele segurava um buque de rosas. Ao olhar
pela janela, a mãe de Taylor acenou em vê-lo e o recebeu no corredor do
apartamento.
— Ah,
Jake! Quanto tempo. — Ela sorriu e abraçou o rapaz. — Imaginei
quando viria.
— Um
prazer revê-la. — Ele retribuiu o abraço, mas desconfortável.
— Você
soube, é claro. — A senhora retirou o sorriso do rosto. — Foi
uma grande perda, mas ela estava sofrendo. — Eles entraram dentro do
apartamento e Jake viu que estavam de mudanças. – Iremos vender seu
apartamento.... Você sabe.... Traz muitas lembranças de Taylor.
Jake
concordou com a cabeça em silêncio olhando tudo em sua volta.
— Quer
sentar-se para conversar um pouco? — Ela perguntou.
— Acho
que não estou pronto para essa conversa. — Jake respondeu
indelicado. — Desculpe, mas Taylor me enviou cartas... muitas cartas
sobre
— Eu
sei. — A senhora afirmou sentando-se no sofá. — Não só para
você, mas para muitos amigos que ela não tinha contato por um tempo. — Ela
riu. — Ela sempre gostou dessas coisas antigas e as cartas permitiu
isso.
— Ela
sofreu? — Jake limpou as lágrimas antes que caíssem por todo seu
rosto.
— Infelizmente,
sim. — A senhora abaixou a cabeça. — Ela tinha lúpus e teve
falência de órgãos, foi uma coisa bem difícil de lidar, mas ela soube lidar com
a dor e a doença até o final.
— Sinto
muito. — Jake estendeu o braço para tocá-la no ombro. — Nunca
soube.
— Foi
difícil achá-lo, Jake. — Ela riu. — Você sumiu e ela nunca
te procurou até querer enviar as cartas. — Ela balançou a cabeça
positivamente com um sorriso. — Aliás, ela pediu que entregasse isso
a você.
Mãe
de Taylor caminhou pelo apartamento em busca de uma pequena caixa e Jake seguiu
ela com o olhar.
— Quanto
tempo faz? — Ele perguntou.
— Ontem
fez três semanas. — Ela respondeu.
Todo
esse tempo? Perguntou a si mesmo em estado de choque. Não acreditaria que ele
ficou parado recebendo cartas quando já tinha morrido. Sua antiga sogra voltou
com um caixa na mão em que Jake abriu rapidamente em seu colo. Havia alguns
colares – incluindo dois que ele a presenteou algumas vezes e um bilhete
escrito:
“Fico
feliz que esteja fazendo o que pedi. Muito obrigada, Jake.
T.S.”
Ele
sorriu ao ler e guardou tudo novamente na pequena caixa. Jake ficou ali por
algumas horas conversando com sua sogra, tinha muitos assuntos para colocar em
dia e outros que não preferiram tocar, mas ao sair dali Jake percebeu que seu
coração estava mais calmo e puro.
Ao
voltar para casa, colocou todas as cartas dentro da pequena caixa juntamente
com um pequeno saquinho com a primeira que ele fragmentou em mil pedaços
posicionado todas aquelas lembranças no seu criado-mudo no lado direito da
cama. O lado que Taylor costumava deitar-se. Ali dormiu pela primeira vez em
semanas bem.
Primeiro
domingo de janeiro.
A
neve já estava diminuindo em Nova York e Jake caminhava com passos largos pelo
cemitério. Parou na grande lapide de Taylor e sorriu ao ver uma pequena foto.
Estendeu a mão até o chão e depositou um grande buque de girassóis.
— Escrevi
uma carta para você. — Ele disse encarando a lápide. — Vou
ler e enterrar no Central Park na árvore que você costumava me encontrar.
Jake
respirou fundo e abriu seu pequeno bilhete.
“Taylor.
Passei
as últimas semanas pensando no que fez comigo. De início, pensei que foi um ato
cruel, mas entendi seu ponto e perdoo você por isso assim como peço desculpas
pelo meu equívoco ou qualquer erro.
Suas
cartas foram de grande lição para mim nessa vida. Uma curta vida que nós temos
para viver e eu garanto a você que ao seu lado vivi o melhor dela. Está tudo
bem comigo, estou bem e prometo que continuarei bem.
Você
disse algo sobre seguir em frente, talvez eu siga. Talvez encontre uma mulher
tão incrível quanto você e talvez me apaixone. Talvez não me apaixone por essa
tal mulher ou por nenhuma. Eu ainda não sei. Temos muitos mistérios nessa vida.
Eu
sinto sua falta todos os dias. Sempre senti, mas hoje sou forte o bastante para
dizer em voz alta. Leio suas cartas quase todos os dias, mas irei parar com
isso em breve pois quero honrar seu maior desejo que eu siga em frente.
Vou
seguir, eu prometo.
Não
sou bom em cartas, não tenho muito o que dizer. Tudo que sempre quis dizer, te
disse!
Mas
eu espero que tenha encontrado meu pai aí. Diga que eu o amo.
Eu
te amo.
Até
breve.
Jake”
Ao
dobrar o bilhete, Jake olhou para a lapide pela última vez e caminhou sem rumo
pelo cemitério.
Ele
enterrou sua única carta onde prometeu e algumas vezes visitava tal arvore para
ler um bom livro – como sua amada fazia. E aos poucos, Jake, de fato, seguiu em
frente levando Taylor em sua memória e coração.
E
repetiu a si mesmo muitas vezes, nos seus piores dias e nas suas saudades:
Tudo
ficará bem, Taylor.
adorei essa oneshot
ResponderExcluirfaz refletir sobre como pessoas ve a mesma coisa diferente
vc so vai fazer minifics agora?
bjs
Fico muito feliz que tenha gostado da historia Gaby.
ExcluirSim, muitas coisas são vistas de maneiras diferentes por olhares diferentes.
Não, esses curtas já estavam feitos e eu postei para ganhar tempo na organização das futuras fanfics. Em breve voltarei com um longa.
gostei de mail box. foi mto linda
ResponderExcluirposta logo yes
Fico feliz que tenha gostado.
ExcluirEm breve esclarecerei sobre yes e uma nova fanfic. Espero que entenda.
Beijos, Mirela.
DEUS ME DEFENDA DE DERRAMAR LÁGRIMAS LENDO ISSO NOVAMENTE
ResponderExcluirEu AMEI, sério. Como sempre, tudo o que vc faz nunca deixa nada a desejar. Tu é maravilhosa. Só faz hino.
Já falei que amei o Jake humanizado que vc fez, e NOSSA MTO TRISTE COM O FIM! A Taylor é maravilhosa, EU SOFRI LENDO CADA CARTA!
Coisa mais linda do mundo.
AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA
Posta logo hush desgraça
Te amo
Fico feliz que tenha gostado.
ExcluirDe fato, o Jake ficou bem melhor do que com o Justin. Enfim.
Fico feliz que tenha gostado, você sabe o quanto cosidero importante sua opinião.
Sim, eu fiz de tudo para humanizar o Jake e a Taylor (mesmo de longe). E não romantizar um relacionamento com um final feliz.
Enfim.
Obrigada pelo apoio demonia.
Eu vou postar hush em breve quando acabar.
Te amo
Na minha opinião você escreve as melhores mini fics... elas fazem muito sentido e não deixam pontas soltas! Amo!!!
ResponderExcluirParabéns!
Fico feliz que tenha gostado e muito obrigada por suas palavras.
ExcluirJá eu sempre achei que meus curtas não eram boas porque não explorava os personagens, mas fico muito feliz que goste.
Beijos, Mirela.