A
notícia de que o sr. Tesfaye foi morto espalhou-se tão rápido quanto de sua
morte há semanas e seu filho, Abel, após chamar a polícia e imprensa para
compartilhar tal descoberta, fechou as portas e janelas de sua casa e se
isolou, mais uma vez, da vizinhança por dias e não contou a ninguém como
chegara nessa conclusão.
E,
mais uma vez, Selena estava em um beco sem saída. Não tinha notícias de Abel ou
de Phillip Hart. Na verdade, Selena sentia-se péssima por estar certa, todo o
entusiasmo de acreditar sozinha de um homicídio desapareceu ao saber do perigo
de ter razão e obedecendo sua mãe, decidiu distanciar-se dessa história.
Certa
noite, sentada na poltrona de seu quarto lendo um romance policial daqueles que
desperta seus instintos ao mesmo tempo que a conforta, Selena não poderia
deixar de se distrair com a movimento e barulho da festa da frente e depois de
tudo o que aconteceu, Abel decidira dar uma festa.
Às
23h, Abel mandou uma mensagem à Selena convidando-a para a festa. Olhou pela
janela e Abel observava-a de sua janela do outro lado como faziam quando
crianças, Selena sorriu ao acenar e não pôde dar nenhuma desculpa esfarrapada,
ele sabia que ela estava ali sem fazer muita coisa, apenas lendo um livro,
enquanto ela pensava que precisava ser o suporte dele e que aquela festa era uma
fase de negação do luto. Pelo menos, era o que diziam os sites de saúde que Selena
acessava.
Ele
gesticulou para ela ir até a festa, ela concordou com a cabeça e fechou as
cortinas para trocar de roupa. Olhando para si mesma no espelho, Selena pensara
no que vestir, pois ao ver os convidados, ela lembrou que Abel era um rapaz de
bons contatos e tinha uma vida social bem movimentada antes mesmo de ir para faculdade,
enquanto Selena sempre foi sua amiga mais tímida e sempre sem chamar atenção.
Colocou
o que julgava sua melhor roupa e saiu de casa em silêncio para não acordar seus
pais que já estavam dormindo naquela hora da noite. Atravessou a rua e a porta
já estava aberta pela movimentação de pessoas. Subiu as escadas e foi até o
quarto de Abel, aonde ela a aguardava olhando pela janela.
—
Uau, você... você está linda, Selena. — disse ele.
—
Obrigada... — respondeu envergonhada. — Eu... eu... eu estou preocupada com
você.
—
Não fique. — disse Abel, aproximando-se de Selena. — Está tudo sob controle,
acredite em mim, e essa noite não é sobre meu pai ou nada dessa história. É
sobre mim, é sobre eu estar vivo aqui para continuar vivendo minha vida. — Ele
bebericou uma bebida alcoólica. — Na verdade, é sobre nós. Você tem ficado no
meu lado em toda essa loucura e acredito que não tenha demostrado minha
gratidão.
—
Abel, somos amigos. Não precisa dizer isso.
—
Mas eu preciso dizer, Selena. — Ele aproximou-se de seu rosto. — Você é incrível
e eu quero tê-la por perto. Amanhã quero levá-la para ver algo, te contar tudo
que sei e no final eu quero que entenda tudo que estou falando.
A
proximidade dos dois deixou Selena atordoada, eles já tinham passado aquilo
antes, ela se lembrava de alguma coisa assim e apesar de existir dentro dela um
impulso para se jogar a ele, Selena conteve-se. Ele falava com Selena com os lábios
próximos aos dela, ela conseguia sentir seu hálito forte de álcool, enxergava
com nitidez os detalhes de seu rosto e quando seus olhos se cruzavam com o dele,
que a olhava fixamente, Selena desviava. Abel chegou ainda mais perto de seu
rosto e disse:
—
Preciso de você ao meu lado, Selena. – sussurrou.
E
seus lábios se tocaram rapidamente. Selena sentiu seu coração palpitar ainda
mais rápido, sua pele queimava e sentia seus ossos estremecerem entre medo e
desejo.
—
Abel. — uma voz chamou alto no corredor.
Aquela
voz a salvou da perdição, pensara Selena aliviada. Eles se afastaram e Selena
sentiu seu corpo agradecer a distância saudável instaurada entre os dois.
—
Bella, lembra de Selena? — Abel perguntou com um sorriso. — Minha vizinha.
—
É claro... — respondeu simpática. — Como vai, Selena?
—
Vou bem, vou bem. — respondeu tentando soar tranquila. — Soube que está
envolvida na moda, acompanho seus posts... você é ótima...
—
Obrigada. — respondeu. — Estarei em breve em um desfile, estou nervosa, mas
Abel consegue me acalmar. — alisou o peitoral de Abel. — Tem sido um homem incrível.
—
Não vamos falar disso, Bella. — Abel pareceu sem graça com a situação. — Selena
também tem muitas metas e tem tentado me ajudar nessas últimas semanas...
—
Claro, Selena. Obrigada por apoiá-lo sempre, a amizade de vocês é incrível, tanto
tempo amigos e é admirável...
Selena
apenas sorriu, aquele calor que sentiu em seu corpo minutos atrás já havia se
transformado em um congelamento do peito que acelerou alegre. Ela não fazia
essas coisas, ela não era assim. Abel também não era. Deixou se levar ao amor platônico
da infância ao alcoolismo que controlava os sentidos do amigo naquele momento.
Culpou-se.
Gritaram
o nome de Abel no piso debaixo, ele tentou levar Bella junto, mas ela disse que
usaria o banheiro antes. Selena se manteve encostada na parede absorvendo a
culpa que dominara seu corpo, não dizia nada. Não diria nada.
—
Fico feliz por Abel ter seguido meu conselho. Quer dizer, ele pensara isso em
outra oportunidade, mas insisti para que ele fizesse. — Bella disse. —
Obtivemos resultados.
—
Do que está falando?
—
Sobre o detetive. Contratamos um e tivemos uma novidade importante a polícia.
Estou certa de que Phillip Hart é o culpado, o detetive está atrás deste homem
que roubou Abel. — Bella olhava-se no espelho e arrumava seu vestido. — Abel
disse que você falou sobre isso logo no primeiro dia, mas... para ser honesta,
lembro-me de você na adolescência... Abel contou-me que você não mudou nada.
Sempre foi imaginativa, colocando-se como protagonista das histórias que lê...
E veja, dessa vez, estava certa.
Selena
continuou em silêncio.
—
Por alguns momentos, Selena, falta-me confiança. Já olhei para a amizade de vocês
e me senti no meio de algo, mas Abel nega, diz que você é sua melhor amiga.
Quase uma irmã para ele e eu preciso acreditar nele.
—
Acredite, é o que somos. — disse Selena, sorriu.
—
Não era o que sentia alguns anos atras, certo? No colégio? Alguma aconteceu
naquela época? — Bella indagou. — Abel já me contou a verdade, mas quero ouvir
de você...
—
Não há nada entre nós, Bella. — Selena coçou o cabelo. — O que senti por Abel
naquela época era coisa de adolescente, enxerguei sinais errados, mas pude colocar-me
no lugar para preservar nossa amizade.
Bella
riu daquela resposta, sentiu-se vencedora de uma disputa que jogara sozinha.
Selena sabia que muitos daqueles convidados estiveram no ensino médio junto com
ela e ela sequer era reconhecida por alguém, exceto por esse momento que Bella
relembrou. A amarga lembrança de que Selena, outra vez, viu as coisas de uma
maneira errônea. Foi embora da festa, enquanto todos festejavam.
***
Selena
acordou, mas não saiu da cama. Mexia-se de um lado para o outro com os
pensamentos na última noite. Colocou a cabeça debaixo do travesseiro e deu um
grito abafado. Seu celular começou a tocar, era um número desconhecido.
Atendeu.
—
Quem é? — perguntou.
—
Phillip. Phillip Hart.
Selena
levantou-se rapidamente.
—
Como conseguiu meu telefone?
—
Eu disse que a conhecia antes mesmo de me conhecer. Gostaria de dar um recado a
você, leve até seu amigo, pois hoje tomarei tudo que me pertence.
—
Espere! Por que agora? Você soube sobre o sr. Tesfaye ter sido morto?
—
Aviso-o. Até logo.
Desligou.
Selena suspirou, tinha de avisar Abel. Levantou-se de sua cama, trocou de roupa
e desceu as escadas. Seus pais preparavam o almoço.
—
Aonde vai? Já vamos almoçar... — disse seu pai. — E você nem tomou café da
manhã.
—
Preciso falar com Abel sobre algo importante.
—
Selena, estávamos esperando você se levantar para conversarmos sobre isso. —
disse sua mãe limpando suas mãos. — Venha aqui, é importante que saiba disso de
nós...
—
O que aconteceu? — Selena perguntou preocupada.
—
Meu amigo, aquele momento que tenho falado... — seu pai. — Ele contou-me essa
manhã que Abel será colocado como suspeito da morte do sr. Tesfaye. Abel já
sabe disso, soube na manhã de ontem pelo advogado dele...
—
C-Como? Como isso?
—
Ainda não temos essa informação, mas parece que na casa tinha provas que
poderiam incriminá-lo e isso responde o fato dele ter dado uma festa ontem...
Selena
suspirou, seu corpo não se movia, aquilo não estava certo. Ela sentia que não
estava certo. Abel ter matado o próprio pai? Isso não fazia sentido nenhum. O
que Abel disse que contaria a ela hoje? Ela precisava saber. O quebra-cabeça
estava bagunçado demais para Selena tentar visualizar alguma coisa que fizesse
sentido.
—
Preciso vê-lo.
—
Seu pai e eu conversamos. É melhor manter-se distante dele, filha. Precisamos
te proteger... — sua mãe disse. — Essa festa já vai render, ainda bem que não foi...
—
Exatamente. A polícia ainda tentara achar algo... Um DNA, alguma pista...
Selena
estava na festa. Ela tocou em alguma coisa além dos lábios de seu melhor amigo?
Não conseguia lembrar, mas ela foi vista por eles. Mais alguém na festa era
capaz de lembrar de seu nome? Não sabia dizer. Botou-se na encruzilhada, não
tinha coragem de dizer aos seus pais que estava lá.
Não
pensou duas vezes e saiu de casa, atravessou a rua rapidamente e entrou na casa
de Abel, procurou por ele nos cômodos e lá estava Abel, ainda bêbado deitado no
sofá nu com Bella por cima dele. Ela respirou fundo, engoliu aquela cena que
partiu seu coração que a enganava demais. Aquilo não tinha nada a ver com ela.
—
Abel! — gritou. — Abel, acorde!
Ele
abriu os olhos, a viu com os olhos marejados. Selena era expressiva demais para
não demostrar sua tristeza. Ela olhou-o nos olhos e perguntou:
—
Você matou seu pai?
Tentou
se levantar, mas Bella ainda estava dormindo por cima do seu corpo. Com
cuidado, deitou-a no seu lado no sofá para se levantar. Estava nu e Selena
evitou olhá-lo. Ele percebeu que Selena estava aflita, confusa e desconfortável
com a cena que se deparou.
—
Não queria que você visse isso. — ele disse cobrindo suas partes íntimas. —
Vamos conversar.
—
Soube que você sabe que é um suspeito. Você fez algo contra seu pai?
—
Selena, você está confusa, mas sabe que eu jamais faria algo assim...
—
O que queria me dizer na noite passada?
—
Não dará tempo de te levar lá, mas eu quero dizer que armaram para mim! E eu
preciso da sua ajuda para inocentar-me. Não matei meu pai, jamais faria isso.
Eles
escutaram as sirenes da polícia. Tinha chegado o momento.
—
Não quero que me veja algemado, mas não desista de mim, Selena. Só você é capaz
de descobrir a verdade. Não matei meu pai.
—
Então, diga-me o que quer que eu veja. O que você sabe? De quem desconfia?
—
Lembra da Carlie Johnsson? Vá até a casa dela. — disse Abel. — E tente lembrar
do baile de inverno.
[CONTINUA]
Acompanhava suas antigas fics e notei que vc melhorou muito na sua escrita. Isso é mto legal. Parabens
ResponderExcluirJa sobre esse capitulo eu desconfiava do abel mas agora que ele é suspeito nao acho mais vou aguardar o proximo capítulo pra dizer se tenho um novo suspeito
Olá. Que legal! Fico feliz pelo seu comentário, sinto-me valorizada haha.
ExcluirNão posso dizer nada porque qualquer coisa poderá ser spoiler, mas logo, logo vou postar o próximo.
Beijos, Mirela.
Oi, Mirela!
ResponderExcluirMais um nome para eu memorizar: Carlie.
Sinceramente, agora que o Abel foi tido como suspeito, a probabilidade dele ser mesmo o assassino parece menor. Ele e o Phillip, que desde o começo é visto como suspeito.
Agora acredito que não pode ser nenhum dos dois, porque seria muito óbvio.
Não sei o que pensar haha!
Posta logo!
Oi, Silvia. Só posso dizer que mais personagens vão surgir nesse mistério. E eu sempre quero falar algo, mas sem dar spoilers.
ExcluirLogo, logo vou postar o próximo
Beijos, Mirela.