21 de novembro de 2025

The Swift’s Christmas Trees | 07° Capítulo.

07° Capítulo – “A equação”

Taylor acordou com a luz suave da manhã filtrando pelas cortinas da sala. O corpo estava pesado do sono turbulento, mas a mente estava surpreendentemente leve. A confusão da noite anterior parecia ter se dissipado durante o sono.

A clareza nascia com o sol.

Ela queria Thomas, sem hesitação e medo. Sem desculpas.

E quando ela se levantou e o viu na cozinha, encontrou Thomas de costas, preparando café. Ele usava uma camiseta branca que revelava o contorno forte dos ombros, o cabelo ainda úmido e desalinhado. O ambiente cheirava a lenha e café fresco — quente, acolhedor, tão ele.

Ele se virou ao ouvir os passos.

— Bom dia — disse, mas o tom saiu vacilante, como se estivesse tentando medir o humor dela.

aylor não respondeu de imediato. Apenas o observou por um momento, absorvendo a imagem dele naquele ambiente simples, tão profundamente ligado à vida do pai, à dela — ao que eles estavam se tornando juntos.

Ela respirou fundo.

— Thomas… — começou, com a voz baixa, porém firme. — Eu acordei sabendo exatamente o que quero.

O músculo do maxilar dele se contraiu. Ele deu um passo em direção a ela, cauteloso.

— E o que você quer, Taylor?

Ela não recuou. Não gaguejou. Não desviou o olhar.

— Você.

A palavra saiu limpa, quente, carregada de decisão.

Thomas piscou uma vez, devagar, como se estivesse absorvendo o impacto. E então, num movimento contido, porém intenso, aproximou-se até que ela sentisse o calor do corpo dele.

— Repete — murmurou ele, a voz rouca.

— Eu te quero. — Ela ergueu a mão e tocou o rosto dele, o polegar deslizando pela barba curta. — Quero de verdade. Sem dúvidas, Thomas.

Foi tudo o que precisou.

Thomas segurou o rosto dela com as duas mãos e a beijou — não com cautela, nem com hesitação, mas com a intensidade de alguém que esperava por aquilo há tempo demais.

Taylor correspondeu com a mesma fome, agarrando-se à nuca dele, puxando-o para mais perto. Ele a pressionou contra o balcão, o beijo profundo, quente, urgente. As mãos dele percorriam as costas dela com firmeza, como se quisessem memorizar cada detalhe.

A cozinha inteira pareceu prender a respiração.

Ele afastou o rosto apenas o suficiente para olhar nos olhos dela.

— Tem certeza? — perguntou, respirando rápido. — Porque se disser que sim… eu não vou conseguir parar.

Taylor deslizou os dedos pela nuca dele, puxando-o de volta.

— Eu não quero que você pare.

A expressão dele mudou — um misto de desejo, carinho e reverência.

Ele a ergueu pela cintura com facilidade, sentando-a sobre o balcão frio enquanto os corpos se encontravam de forma perfeitamente natural, inevitável. Os beijos ficaram mais lentos por um segundo e depois mais intensos.

Tudo ali tinha gosto de sinceridade, desejo e escolha.

Foi ali, naquela cozinha iluminada pela luz pálida da manhã, entre o cheiro de café e o calor do fogão, que Taylor e Thomas finalmente se entregaram um ao outro. Um momento íntimo, terno e verdadeiro – não apenas físico, mas profundamente emocional.

Era o começo deles.

Quando finalmente desaceleraram, ainda ofegantes, Thomas encostou a testa na dela, como se tivesse medo de soltá-la.

— Isso muda tudo… — ele murmurou.

Taylor sorriu, com as mãos na nuca dele.

— Eu sei. E eu quero que mude.

Ele a beijou novamente, mais suave, como um agradecimento silencioso. Deslizou a mão em seu corpo nu e sorriu.

— É melhor... nos vestirmos... daqui a pouco... — Taylor dizia, ainda confusa.

— Eu sei, eu sei.

Thomas beijou a pele de Taylor algumas vezes e ajudou-a pegar as peças de roupas que se espalharam no chão da cozinha. Ele vestiu seu conjunto de moletom novamente e observou Taylor, sem jeito, subir as escadas. Voltou a sua atenção ao fogão, mas ainda estava sem ar pela forma que as coisas aconteceram.

Ele pôs a mesa e serviu uma xícara de chá para si mesmo e sentou-se na mesa. Após meia hora, Taylor desceu acompanhada de sua mãe.

Os olhos de Thomas encontraram os dela.

Ambos riram — não de nervoso, mas de cumplicidade. Um riso novo, íntimo.

— Bom dia... — disse ele.

— Bom dia, Tom. Está tudo bem? — Andrea sentou-se ao seu lado.

— Oh, está tudo... ótimo. — ele respondeu, não escondendo a felicidade.

— E como foi o encontro de vocês ontem?

— Foi bom, foi um bom jantar. — ele disse, tentando se conter.

Mas Andrea apenas arqueou a sobrancelha com um sorriso que dizia "sei", mas não comentaria. Não ainda.

Após o café da manhã, Thomas se retirou para buscar mais lenha para lareira e abrir o celeiro, deixando Taylor com sua mãe arrumando a louça do café da manhã. Taylor ainda não conseguia conter as mãos tremulas ao manusear os utensílios domésticos, lembrando que ali, naquele mesmo lugar, há uma hora, estava nua e entregue à Thomas.

De fundo, sua mãe falava sobre a fazenda, mas ela não conseguia se concentrar na conversa por ter flashes em sua mente de forma tão sensorial que ela continuava a sentir cada beijo, cada toque de Thomas.

Os primeiros carros chegaram antes das nove. O último dia de vendas sempre trazia uma enxurrada de gente — e agora trazia mais algo: cochichos e olhares muito atentos.

Todo mundo parecia saber do jantar e das mãos dadas.

— Melhor eu ir ajudar o Tom. — disse Taylor, interrompendo sua mãe.

— Não estou muito bem hoje, querida. Irei para o quarto.

— Tudo bem, mãe. Qualquer coisa me chama.

Taylor pegou uma luva, tentando manter o rosto neutro.

Thomas, por outro lado, parecia imperturbável — mais firme, mais seguro, mais… dele mesmo. A intimidade da manhã tinha acendido uma espécie de paz em seu olhar.

A cada vez que se aproximavam para carregar um pinheiro, a pele de ambos parecia lembrar da outra. Um toque de cotovelos, um roçar de mãos ao pegar a serra, um sorriso rápido trocado no meio do trabalho.

E o mundo, mesmo com neve e gente e caos, parecia menor quando eles estavam perto.

Um casal de clientes lançou olhares curiosos quando Thomas passou a mão nas costas dela ao explicar qual árvore era mais resistente.

Taylor corou e Thomas fingiu não perceber.

— Acho que eles já têm uma opinião formada sobre nós — ela murmurou entre uma venda e outra.

— Eles que se acostumem. — Thomas respondeu, sério, mas com a ponta da boca curvada.

A manhã seguiu assim: ocupada, viva, bonita. Quase perfeita.

Não era comum o telefone fixo tocar na véspera de Natal. Andrea estava na varanda organizando fitas, Taylor ajudava uma cliente a amarrar a base da árvore. Thomas ouviu o toque e entrou na casa para atender.

Ele atendeu sem pressa, com o sotaque britânico repousando leve na voz:

— Fazenda Swift, bom dia…

Silêncio.
Depois, sua voz ficou tensa, corporativa, masculina. Thomas empalideceu.

— ...Sim. Claro que sou eu.

Taylor percebeu na hora. Ela largou a fita, o coração apertando antes mesmo de saber o motivo. Andou até a porta, parou ali, observando a expressão dele mudar.

Thomas fez um sinal para que Taylor se afastasse, ela assentiu, mas seu coração bateu diferente e aquele sentimento de que existe algo a mais foi forte demais para ignorar – era seu instinto. Ela atravessou o quintal e pediu para uma família que aguardava o atendimento esperasse mais um pouco, foi até o celeiro e viu a outra linha de telefone que somente seu pai utilizava – era a mesma da casa.

Ela hesitou em atender, mas ela precisava fazer. Então, puxou o telefone do gancho.

— Você vai mesmo estragar sua carreira por... por um homem que fracassou. — uma voz feminina dizia, parecia debochada.

— Cynthia, escute-me bem. Estamos de recesso, ligar aqui não está na agenda do banco, então, qual é a sua intenção. — Thomas questionou, duro.

Taylor colocou a mão na boca para não ouvirem sua respiração.

— Apenas para te alertar que iremos atrás de você e iremos com tudo, você não pode se esconder por muito tempo.

— Não estive me escondendo, até porque você me achou.

— Sim, não foi difícil. — riu. — Alertaram-nos que você foi visto na cidade com ninguém menos que a filha do devedor, ainda estava de mãos dadas. — riu forçado. — Agora o que eu me pergunto, Tom, é se o plano é dos dois em fingirem ser um casal feliz ou o plano é só seu para conseguir o que quer.

— Cynthia, não me provoque... — Thomas avisou, sua voz estava diferente.

— Faça o que é certo, volte atrás do leilão desta maldita fazenda. Se não...

— Se não o que, Cynthia? Se não o que?

— Eu irei acabar com o resto de sua carreira. E escute, Tom, essa família e essa mulher com quem está se exibindo pelas ruas não valem o quanto vale a sua carreira.

Thomas ficou em silêncio.

— Tom, você é um forasteiro, um lobo solitário que entendeu as coisas erradas. Você pode dizer que foi manipulado por um senhor... não sei, inventa algo. — disse seca. — mas não estrague sua carreira dessa forma. Volte e dê seu depoimento, esse é meu conselho.

— Dispenso seu conselho, Cynthia. Até porque foi você quem me colocou nesta posição.

— As coisas poderiam ter sidos diferentes entre nós dois, Tom, você sabe... era só você não ter sido tão babaca. — disse, lamentando-se. — Eu peço desculpa por ter agido com a emoção, mas você me chateou naquele dia...

— Eu confiei em você!

— E eu também confiei em você, mas você é incapaz de sentir amor por alguém, não importa o que uma mulher faça por você, Thomas, você não sabe amar!

— Não me arrependo de não ter te amado, Cynthia. Posso perder minha carreira, mas jamais irei me enganar. — ele suspirou. — Mas fui eu quem te coloquei nesta cadeira que ocupa agora, você me deve...

— Não mais! — Cynthia disse, implacável.

Taylor ainda mantinha o telefone do celeiro junto ao ouvido, tentando respirar sem fazer ruído.

O silêncio depois da provocação de Cynthia era tão denso que parecia um campo minado.

— Bom, escute-me bem porque falarei uma vez. Se eu fui visto, foi porque eu quis ser visto. Conheço cada um dos seus capachos. — afirmou, firme. — E eu te coloquei na posição que você está hoje e eu vou te arrastar comigo, se necessário. — o tom irônico. — Na verdade, eu posso alegar que você me usou para subir de cargo e depois agiu de má-fé contra mim e, se eu perder meu cargo, você perderá também. Então, Cynthia, é melhor que você, na verdade, ajude a enterrar este processo.

— Você está blefando.

— Você já me viu negociar muitas vezes, sabe que não blefo.

Cynthia ficou muda por alguns segundos.

— Você não ousaria. — sussurrou.

A voz dele não vacilou nem por um milímetro.

— Você pensa que pode ameaçar minha carreira? Minha reputação?

Pausa.

— Cynthia… eu não sobrevivi anos ao lado da diretoria executiva sendo frágil. Eu sei exatamente onde cortar para ninguém sangrar comigo.

Taylor apertou o telefone tão forte que os dedos ficaram brancos.

Cynthia parecia finalmente sentir o golpe.

— Você está cometendo um erro grave, Tom.

— Eu só cometo erros quando deixo outras pessoas falarem demais. E você está falando demais.

Outro silêncio.

— Escute com atenção: eu não vou revogar nada. Nem o leilão, nem a compra.

A firmeza dele era absoluta.

— E você não vai mover um dedo contra mim até o fim de janeiro. É melhor para nós dois.

Cynthia arfou, indignada.

— Por quê?!

E foi aí que Taylor ouviu algo que fez seu coração parar.

— Porque até lá… vou ter exatamente tudo o que preciso para salvar minha carreira.

Cynthia retrucou, tensa:

— E a filha do Scott Swift?

Thomas respirou fundo. Seu silêncio foi tão longo que pareceu premeditado.
Quando respondeu, sua voz estava fria, dura, impessoal – e isso quebrou um pedaço do coração de Taylor.

— Ela não é uma variável que você precise entender. E não interfere no que estou fazendo.

Taylor sentiu o mundo ficar turvo. Como assim não interfere?

Cynthia insistiu:

— Então a filha do devedor não significa nada?

Dessa vez, Thomas respondeu rápido demais. Rápido como quem quer encerrar um assunto que não pode ser analisado por ninguém.

— Não para você.

Silêncio.

Depois, ele desligou.

Taylor tirou o telefone do ouvido com um tremor no corpo — e ficou parada ali, muda, tentando juntar as peças de algo que não fazia sentido.

Taylor viu pela janela do celeiro quando Thomas saiu da casa com passos firmes demais para parecerem naturais, com a mandíbula travada e a respiração curta. Ele respirou fundo e colocou um sorriso educado no rosto – o mesmo que usava com estranhos, clientes. Com qualquer pessoa, menos com ela.

Ele caminhou pelo quintal como se a ligação não tivesse existido, e Taylor decidiu fazer o mesmo porque ela também era muito boa em ficar em silêncio, mas doía que, depois de ter decidido se entregar, tenha ouvido que ela era um problema.

Taylor voltou a sua atenção ao cliente que aguardava e Thomas afastou-se para atender uma família que acabara de chegar. Os dois ainda trocavam toques, mas pararam de trocar olhares.

Depois de meia hora tentando agir normal, Thomas se aproximou.
Havia um tom contido em sua voz.

— Taylor… podemos conversar um instante?

Ela engoliu seco.

— Agora não.

— É importante.

— Para você… ou para o banco?

Ele piscou, como se aquilo o tivesse acertado mais forte do que ele esperava.
Mas antes que pudesse responder, uma família grande chegou chamando pela “moça do laço vermelho”.

Taylor usou isso como escudo.

— Depois falamos, Thomas.

E se afastou.

Ele ficou parado ali, assistindo-a virar as costas — coisa que ela nunca havia feito.

Ao fim da tarde, quando o sol já caía, Thomas carregava caixas vazias de volta ao celeiro quando a encontrou outra vez. Ela terminava de etiquetar os últimos pinheiros da véspera de Natal.

Thomas ficou parado perto da porta, as mãos nos bolsos, os ombros tensos.

— Taylor… você está distante.

— Você também está — ela respondeu.

Ele se aproximou, devagar, sem a segurança de sempre.

— Sobre aquele telefonema…

— Eu não quero ouvir mentiras, Thomas.

Ele fechou os olhos, como se estivesse decidido a dizer alguma verdade — mas não inteira.

— Não estou mentindo para você.

— Então o que está escondendo?

Ele hesitou.

— Aquilo… — apontou para a casa, para o telefone — …é um assunto meu. Da minha carreira. E eu estou tentando resolver sem te envolver.

— Você chegou aqui dizendo sobre seus problemas por conta dos problemas do meu pai e não quer me envolver? Eu já estou envolvida nessa história antes mesmo de ter ciência! — Taylor retrucou, a voz embargando. — Eu… eu ouvi a ligação... — Taylor admitiu, com tristeza. — porque eu estranhei e ouvi sobre você, sobre mim… sobre o que significa estar aqui.

Thomas ficou pálido e, pela primeira vez, sem palavras.

— Não pense besteira, eu posso explicar...

— Ela é sua ex-namorada, não é?

— Nem chegamos a isso. — ele disse, tentando se aproximar. — E nosso problema sequer chega a ser romântico, é profissional. Quando ainda estávamos... saindo, era algo casual e discreto, contei para ela sobre Scott... sobre vocês... e eu não sei, mas houve um momento que eu percebi algo que seu pai me falou sobre perceber as coisas, sabe?! E eu percebi que não era ela, não para mim, não no momento que estou. — ele suspirou, existia tristeza em sua voz. — e eu achei que ela tinha aceitado bem, mas ela contou sobre meu envolvimento com a sua família e achou no meu processo indisciplinar.

Silêncio.

— Eu ainda sou a mesma pessoa que você conhece aqui. — ele disse, pegando na mão dela. — mas também sou Thomas Hiddleston, eu preciso me defender para te defender.

Ele fechou a distância entre eles, mas Taylor deu um passo para trás.

— Você não entende. Eu estou tentando proteger você.

De você? — ela deixou escapar.

O silêncio caiu como neve pesada.

Thomas fechou os olhos, respirou fundo, e quando abriu… havia algo quebrado neles.

Ele tentou se aproximar novamente, mas Andrea chamou Taylor do lado de fora e Thomas ficou lá, parado, com aquela expressão devastada, enquanto Taylor saiu para atender sua mãe, com o peito cheio demais, a cabeça latejando e um incômodo.

Ao cair da noite, as vendas cessaram e Andrea serviu o jantar, com um pouco do que seria a ceia do dia seguinte. E eles sentaram-se à mesa como se estivessem atuando em um teatro improvisado.

O jantar foi silencioso, mas não frio.

Andrea falava sobre pequenas coisas, tentando deixar o clima leve e Taylor sorria quando podia. Thomas respondia baixo, educado — mas sua atenção nunca saía de Taylor.

Quando a refeição acabou, Andrea foi descansar.

Taylor recolheu os pratos e se posicionou na pia, sentia-se pequena demais diante de tantos pensamentos turbulentos. Thomas ofereceu ajuda, mas ela recusou.

Ele ficou parado na porta da cozinha por um instante, observando-a.

Quase falou algo, mas decidiu respeitar o espaço dela e subiu para o quarto de hóspedes.

Taylor ficou ali sozinha por longos minutos, secando a mesma tigela várias vezes.

O silêncio pesava demais.

Finalmente, ela deixou o pano e apoiou as mãos na pia.

Respirou fundo.

— O que eu estou fazendo…? — sussurrou.

E a verdade veio como um golpe: Eu o amo.

O eco da própria voz pareceu maior do que a cozinha. Maior do que a casa inteira.
Taylor apoiou-se na pia com mais força, sentindo o coração bater alto demais — como se tivesse acabado de confessar algo proibido.

Eu o amo.

Palavras que pesavam como verdade e medo ao mesmo tempo.

Ela fechou os olhos, tentando organizar o turbilhão. Thomas era… tudo o que ela não sabia que precisava. Forte sem ser invasivo, firme sem ser cruel, doce sem ser fraco. A fazia sentir vista, escolhida, desejada — e, ao mesmo tempo, vulnerável.

Mas aquela ligação. A pausa que ele fez, a voz fria ao dizer que ela “não interferia”.

Taylor encostou a testa ao armário acima da pia e respirou fundo. O cheiro do sabão líquido parecia distante; tudo nela era Thomas. O toque dele, o cheiro dele, a forma como ele dizia seu nome. E aquilo que ela ouviu ao telefone não combinava com o homem que segurou seu rosto de manhã e disse que não conseguiria parar se ela pedisse.

— O que eu faço com isso? — murmurou.

Não tinha resposta.

Mas sabia que não conseguiria dormir sem tentar entender o que estava acontecendo com ele – e com eles.

Subiu as escadas devagar, o chão de madeira rangendo, cada passo um ensaio de coragem.
Quando chegou ao corredor, viu a porta do quarto de hóspedes entreaberta. Uma luz amarelada escapava por ela.

Taylor respirou fundo mais uma vez e bateu leve.

— Tom?

Silêncio por um segundo. Ela empurrou a porta.

Thomas estava sentado na beira da cama, sem casaco, apenas com a camiseta escura de mangas dobradas. Os antebraços estavam tensos, e ele parecia tão cansado quanto alguém que carregava duas vidas nas costas: a dele e a dela.

Quando a viu, ele se levantou imediatamente.

— Taylor... — o alívio em seu rosto quase doeu de ver.

Ela entrou, fechando a porta atrás de si.

— Precisamos conversar.

Ele assentiu, caminhando até ela como quem atravessa um campo minado.

— Eu nunca quis te machucar — disse antes que ela pudesse começar. — Nunca.

— Thomas, o que está acontecendo? Eu ouvi tudo e eu quero que me explique o que está acontecendo com você... conosco...

Ele passou a mão nos cabelos, nervoso. Diferente de tudo o que ela já tinha visto nele. Era como ver um muro rachado, um homem seguro lutando para não desmoronar.

— A ligação foi… infeliz — murmurou. — Cynthia sabe exatamente como me provocar. E eu... deixei que me atingisse num ponto errado. Mas nada daquilo foi sobre você.

— Então o que foi? — Taylor perguntou, a voz baixa, mas firme. — Porque soou como se eu fosse apenas um problema colateral.

Ele a olhou como se aquilo fosse uma facada.

— Você não é um problema! Você é… tudo. Talvez o único acerto que eu tenha feito nos últimos meses.

Ela respirou, quase aliviada, mas ainda não o suficiente.

— Então me explica. Por favor.

Thomas fechou os olhos e assentiu devagar. Caminhou até a cômoda, abriu a gaveta e pegou sua pasta de coro preta, já surrada pelo tempo — e uma carteira de couro com o emblema da Wells Fargo de Londres.

Quando se voltou, parecia estar prestes a entregar o próprio coração nas mãos dela.

— Isso… — disse ele, estendendo o envelope — é a verdade.

Taylor franziu o cenho, confusa.

— Como assim?

Thomas respirou fundo.

— Todos os documentos para entender o que está acontecendo. E algo que Scott esqueceu comigo quando me visitou.

Taylor sentiu as pernas enfraquecerem. Thomas se aproximou, mas esperou que ela aceitasse o envelope por vontade própria.

Ela pegou.

As mãos tremiam.

— E isso? — perguntou, indicando a pequena carteira.

Thomas abriu. Dentro havia uma carteirinha rígida, de acesso restrito, com o nome do pai dela, o selo do banco e fotos antigas.

— Isso é… — Taylor tocou com a ponta dos dedos, incrédula.

— A prova de que ele confiou em mim — completou Thomas. — Ele me pediu... — Thomas engoliu seco, a voz voltando cheia de significado — ele me pediu para cuidar de vocês se algo acontecesse. Para garantir que a família Swift não afundasse.
Ele me pediu para que eu viesse até vocês.

Taylor o olhou, o coração disparado.

— Por isso você comprou a fazenda?

— Sim… — ele admitiu, sem desviar o olhar — mas não pelos motivos que você ouviu naquela ligação. Eu comprei a fazenda porque era o que seu pai queria.

Pausa.
— Mas eu fiquei aqui… porque outros motivos... por você...

O ar escapou dos pulmões dela num suspiro que ela não conseguiu conter.

Thomas continuou, mais suave:

— Naquela primeira noite… quando fiz aquela proposta de casamento... — ele passou a mão no rosto, envergonhado. — Eu estava tentando resolver tudo rápido demais. Estava com medo. Medo do banco, medo de falhar com seu pai, medo de me envolver demais com sua família e te arrastar todos para o meu caos.

Pausa longa.

— Eu não sabia como lidar com o que estava sentindo. Você me desmontou, Taylor.

Ela sentiu os olhos arderem.

— E o que você sente agora?

Thomas deu um passo à frente, depois outro, até ficar tão perto que ela conseguia sentir o calor dele.

— Eu sinto… — disse, e a voz agora era um sussurro firme — que eu te amo.

Pausa.
— E que vou te provar isso, se você deixar.

O coração dela explodiu em algo quente, vivo, impossível de segurar.

— Eu não sei o que vai acontecer com o banco, nem com sua carreira... mas eu sei o que sinto.

Ele segurou o rosto dela com delicadeza, como se estivesse prestes a segurá-la para sempre.

— E o que você sente? — ele murmurou.

Taylor sorriu — não pequeno, não incerto. Um sorriso inteiro.

— Que eu te amo também.

Thomas fechou os olhos como quem recebe um impacto doce demais para ser real. E então a beijou — lento, profundo, uma promessa silenciosa de que o caos do mundo podia esperar.

Porque, por agora, eles tinham um ao outro.

E pela primeira vez, a equação fazia sentido.

[CONTINUA]

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