Ficstape 01 – In Real Life.

Algumas pessoas podem dizer o que estou prestes a dizer é um pensando antiquado ou reacionário, mas isso vária de acordo com o ponto de vista. Quase todas as manhãs que acordo, ou melhor, toda manhã que acordo como esse desejo abrir os olhos e ter um homem ao meu lado com um café da manhã ao meu lado. Com beijos, rosas e um champanhe. Atrasar para o trabalho por fazer um ou dois sexos matinais, arranjar um espaço no horário de almoço para, talvez, ficar com essa pessoa e chegar em casa e ter a quem me esperar em casa ao anoitecer. Mas na realidade normalmente acordo assim.

Abro os olhos com a luz do sol irradiando meu acordo, viro meu corpo com cuidado e encaro o teto por alguns segundos. Desvio meu olhar para o lado e vejo um homem negro, com barbas bem-feitas e de estrutura alta. Com o mínimo cuidado que poderia ter levantei da cama e dei a volta procurando suas roupas, sua calça estava no chão do avesso, vasculhei seus bolsos e achei sua carteira. Seu nome era Arnold Thatcher.

Como não poderia me lembrar o nome do homem com quem transei?

Coloquei sua carteira no lugar e busquei meu roupão que larguei na manhã do dia anterior em algum lugar por aqui...

— Bom dia. – A voz grossa de Arnold soou. – E que dia. – Sua voz era maliciosa.

— Bom dia. – Olhei para ele com um sorriso sem graça. – Certo.... Viu um roupão cinza por aí?

— Por que colocar o roupão? – Ele se sentou na cama e sorriu.

— Certo... – Continuei procurando e achei atrás da porta. – Eu vou tomar banho e você não vai estar aqui quando voltar. E foi um prazer conhecê-lo... Arnold.

Ele se levantou da cama completamente nu e tentou aproximar-se de mim, mas esquivei de maneira sutil caminhando pelo quarto.

— Demi... – Ele tocou no meu ombro. – Podemos nos ver novamente?

— Eu demoro 15 minutos no banho, ou seja, 15 minutos para você sair. – Sorri. – E talvez.

Arnold agarrou meu corpo pela cintura e tentou me beijar, mas desviei para beijar meu rosto.

— Ok... – Dei leves tapinhas no seu peito. – 15 minutos.

Sai do banheiro e caminhei tranquilamente pelo meu apartamento. Ele já tinha ido e eu já estava quase atrasada para minha primeira ronda.

Vesti uma roupa confortável e sai de casa às pressas porque Selena já estava buzinando exageradamente e era possível ouvir do terceiro andar onde morava. Entrei no seu carro e peguei um lanche do subway que estava no banco dando uma mordida.

— Perdi a hora. – Comentei de boca cheia. – Nem faço ideia onde está meu celular.

— Como foi? – Selena perguntou sem tirar os olhos do volante.

— O sexo? Bom. – Dei de ombros. – Ele voltará onde nos encontramos e não estarei lá.

— Como você consegue saber sobre a pessoa só em fazer sexo uma vez com ela?

— Eu não sei. – Continuei comendo. – Dom?

Na verdade, acho que sei. Eu sou cirurgiã, não sexóloga ou especialistas em relacionamento, mas posso afirmar que a maneira que a pessoa age durante e depois da transa diz muito sobre ela do que uma simples conversa.

— Você vai no meu ensaio hoje, certo?

— Se sou a madrinha. – Rimos. – Espero que não tenha nada hoje.

Descemos do carro e entramos no hospital que estava particularmente cheio. Seguimos para o elevador e entramos na sala dos cirurgiões. Peguei meu jaleco e coloquei meus utensílios nos bolsos distraidamente enquanto todos falavam sobre o casamento de Selena.

— Justin e eu estávamos pensando em fazer um grande salão de dança, mas para isso todos os convidados teriam que ter ou levar seus respectivos pares. – Selena dizia animada.

— Nós já somos um par. – Liam beijou a mão de Miley.

— Sério, Selena? Sério? – Olhei para ela rindo. – Onde vou conseguir um par?

— Você teria um... – Wilmer fechou seu armário e virou para mim. – Se tivesse “pronta”.

— Como está Eva? – Perguntei ao Wilmer de maneira provocativa e ele permaneceu mudo. – Pois é.

— Não vou impedir de ninguém entrar se não ter um par, mas é só uma ideia divertida.

— Miley, temos que ir. – Chamei-a. – Estão nos chamando no P.S. – Falei conferindo meu bip.

Prendi meus longos cabelos castanhos em um coque e corremos para o elevador. Descemos até o térreo e uma ambulância estava indo para nossa direção no começo da rua.

— O que temos? – Perguntei preparando minhas luvas.

— Homem, 31 anos e ainda sem identificação. – O atendente falou ajudando a tirar a maca do carro. – Passou mal poucos minutos com uma parada cardíaca.

O homem que estava quase apagado na maca voltou com um impulso e começou a pular na maca sem ar. Seus olhos castanhos arregalaram pelo apavoro. Seu rosto rapidamente ficou vermelho.

— Outra parada cardíaca. – Anunciei. – Iniciando RCP.

Peguei impulso no pé da maca e subi em cima do homem iniciando uma massagem cardíaca em seu peito. Com ajuda de Miley e outros enfermeiros, fomos levados para dentro do hospital.

— Ande logo. – Ordenei. – Ele não responde.

Intensifiquei a massagem cardíaca e aos poucos seu rosto foi ganhando cor e ficando mais calmo. Ele deitou a cabeça na maca novamente e deu algumas tossidas.

— Quero uma ECG e um raio-x do paciente. – Gritei enquanto éramos levados pelo hospital.

— Para ter uma linda mulher em cima de mim devo ter morrido e entrado no céu.

Olhei para ele surpresa com a falta de sua consciência.

— Senhor, como é seu nome? – Perguntei.

— Como é o seu nome? – Ele sorriu. – Quer dizer, pulamos algumas fases aqui.

Sai de seu colo e ajudei a empurrar a maca pelos corredores. Tentei manter minha expressão mais seria no rosto, mas ele ria sozinho tentando puxar assunto.

— Sabe o que aconteceu com o senhor?

— Os anjos não sabem qual será meu julgamento final?

— Para sua sorte, está vivo. – Respondi.

— Sinceramente, não lembro o que aconteceu. – Ele fechou os olhos. – Mas será difícil esquecer como conheci você. Qual é mesmo seu nome, doutora?

— Leve o resultado dele para o quarto andar quando sair. – Falei para Miley. – Tenho que ver dona Marie. Disse a ela que daria alta hoje e ela com certeza já está me xingando. – Ri. – E tente conseguir o nome dele.

— Demi! – Selena chamou-me. – Wilmer pediu para substituir você na cirurgia de você, tudo bem?

Respirei fundo e respondi:

— Claro.

Virei as costas novamente.

— D E M I. – O rapaz pronunciou alto. – Meu nome é Joseph, caso queira registrar. Jonas.

Ele esticou seu braço para fora da cama para apontar para mim e sorriu. Retribui o sorriso e afirmei com a cabeça.

— Vou registrar... Joseph.

***

— Aqui os resultados. – Miley entregou alguns papeis. – Ele perguntou quando verá você novamente. – Ela riu. – Demi... – Imitou o paciente.

Olhei por cima dos meus óculos de grau para Miley que ria e voltei atenção para os exames. Analisei cuidadosamente.

— Parece que a parada dele foi por estresse. – Conclui. – Irei aguardar o resultado do raio-x.

— Tudo bem... – Miley passou a mão no meu ombro. – Estarei em cirurgia.

— Diga para Wilmer... Não diga nada. – Dei de ombros.

— Demi, será complicado até vocês não conversarem sobre isso. – Miley se sentou no meu lado. – E digo conversar de verdade. Você não quer o que ele quer para vida dele e sinceramente... Ele está com Eva, então, isso quer dizer que...

— Ele achou a mãe para os filhos deles.

Miley saiu com um sorriso no rosto. Juntei todos meus relatórios e exames, coloquei no armário e sai da sala para buscar o resultado do outro paciente.

Desci alguns andares e busquei seu exame de raio-x. Estava tudo em ordem. Fui até o quarto em que o colocaram e ele estava um pouco adormecido.

— Joseph Jonas... – O chamei com um grito proposital e o assustei.

— Oh... Oi Demi. – Ele sorriu. – O que tenho é grave?

— Demetria.

— O que?

— Meu nome. Demetria Lovato, chefe do departamento de cardiologia e trauma. – Sorri.

— Ah... – Ele riu. – Demi é só para os íntimos e eu só sou um paciente.

Concordei com a cabeça, mas não disse nada.

— Demetria. – Ele pronunciou cuidadoso. – O que tenho?

— Passou algum estresse hoje, Joseph? – Perguntei com a caneta na mão.

— Sou bancário... Gerente. – O rapaz respirou fundo. – Descobri que alguns dos meus funcionários estavam desviando dinheiro de contas de clientes inativos e acho que surtei. Meu coração, literalmente, parou.

— Literalmente. – Dei risada anotando.

— Até que você me salvou. – Ele esticou a mão e tocou na minha mão. – Obrigada doutora.

— Ok... – Afastei-me um pouco. – Passará a noite em observação e pela manhã darei alta.

— Não vai para sua cirurgia?

— Para quem descobriu desvio de dinheiro, você ouve bem conversas alheias. – Sorri.

— Estava interessado em você.... No que tinha para dizer... no que disse.... Pensei que era sobre meu estado. – Joseph gaguejava confuso. – Achei que iria falar sobre meu estado por isso prestei atenção.

Disfarcei o riso e voltei a atenção as observações sobre ele. Pelo canto de olho via que estava sem graça, mas não hesitava em parar de olhar para mim.

— Voltarei mais tarde para ver como está. – Falei. – Qualquer coisa aperte esse botão e enfermeira virá.

— Enfermeira? – Ele suspeitou. – E você?

— Só se você ter uma coisa mais grava para ter minha presença. – Expliquei rindo. – Espero que não.

— Se eu ter outro ataque cardíaco espero ter você novamente... – Ele olhou. – No meu colo.

***

— Wilmer. – O chamei no corredor. – Quando vai parar de esquivar de mim pelo hospital.

Wilmer continuou andando mexendo em fichas.

— Wilmer. – Gritei. – Por favor. – Pedi com a voz baixa. – Vamos ser adultos.

— Adultos? – Ele riu. – O que quer?

— Conversar. – Aproximei-me dele. – Esclarecer o que houve. Não quero que fiquemos com esse clima entre nós. Sempre trabalhamos bem juntos aqui.

— Tem razão... – Ele concordou. – Só aqui.

— Deveria ter sido mais sincera sobre a questão familiar com você. Não é uma coisa que eu quero. – Tentei achar palavras para explicar. – Eu não gosto da ideia de mãe, pai, filhos, casa, família.... Pelo menos não agora.

— Não comigo. – Wilmer balançou a cabeça. – Foram 3 anos, Demi. 3 anos. Em 3 anos juntos, você ouvia e participa de conversas sobre construirmos uma família. Sorria, dizia que sim, planejava e um dia você disse que não queria ter uma família comigo. Você usou a palavra “com você, Wilmer”.

— Expressei-me errado. – Tentei pegar na sua mão, mas ele rejeitou. – Sinto muito por isso. Se eu pudesse...

— Demi. – Wilmer levantou minha cabeça. – Tão pouco importa agora, mas foi bom conversar com você e eu tentarei não criar mais nenhum clima entre nós.

Ele acariciou meu rosto rapidamente e seguiu em frente. Bufei com raiva e abri minha pasta olhando a lista de paciente para fazer a ronda.

— Joseph Jonas... – Falei quase sussurrando. – Quarto 195.

Olhei em volta para me achar no corredor. No quarto a poucos metros era 196, olhei para a janela no quarto que estava parada... 195. Abaixei um pouco para vê-lo e ele acenou com um pequeno tchau.

Abaixei a cabeça disfarçando ler, respirei fundo.

Entrei no quarto.

— Bom dia, doutora. – Ele falou sorridente.

— Bom dia. – Falei baixo. – Como está hoje?

— Bem. – Ele sorriu. – E você, quer conversar sobre seu relacionamento com o doutor Wilmer?

— Não... – Respondi em um tom óbvio. – Vou assinar sua alta para ir embora. Controla-se, marque alguma consulta para conseguir remédios para controlar sua pressão em momentos como está passando onde trabalha.

— É claro. – Ele continuou sorrindo. – Marco com você?

— Sou cirurgiã, Joseph. Não medica de consultório. – Tentei parecer impaciente para ele.

— Talvez você pudesse me dar seu telefone. Eu poderia consultar você. – Propôs.

— Certo. – Fechei a pasta. – Isso vai parar quando você sair pela porta do hospital.

— Isso o que? – Fez de desentendido.

— Isso que você está fazendo... – Balancei as mãos confusa. – Dizer o quanto sou bonita, tentar criar um contato físico, fazer piadas, ouvir minhas conversas, querer que eu aceite sair com você. Não vai acontecer. Você... – Apontei para ele. – Um paciente e eu sua médica.

— Não convidei você para sair comigo. – Ele riu. – Mas se eu convidasse, sairia?

Deixei sair um som estranho, como um grito grosso e fiz uma careta.

— Tchau.

— Eu iria convidar você para sair comigo, mas você não aceitaria. – Ele levantou da cama. – Ontem você me viu babando na maca, vermelho. Isso faria qualquer mulher fugir, mas em um encontro seria diferente.

— Já vi pacientes chegarem piores. Fique tranquilo. – Afirmei rindo.

— Tudo bem... – Ele deu de ombros.

Comecei a preencher todos seus dados no seu comprovante de saída.

— Qual seu documento? – Perguntei.

— 11785436-y. – Ele dizia com a voz ofegante.

Levantei o olhar e ele estava se trocando na minha frente. Apenas de cueca. Ele começou a dobrar o pijama do hospital em cima da cama e andava em volta dela da mesma maneira.

— Preciso que assine aqui. – Pedi fingindo não reparar em seu corpo.

— Um minuto.

Ele vestiu sua calça jeans rapidamente e vestiu uma blusa, mas não abotoou e deixou visível seu peitoral. Respirei fundo e olhei para a janela no lado de fora.

Estava um dia ensolarado. Oras quem estou tentando enganar. O truque é velho, mas eu ainda caio nele. Era bonito, não poderia negar isso e divertido. Irritante. E eu...

— Uma profissional. – Completei meu pensando em voz alta.

— O que? – Ele olhou nos meus olhos.

— Nada. – Sorri. – Pronto, senhor Jonas. Está oficialmente de alta. Pode ir para casa, descanse por hoje e não esqueça de marcar um médico para controlar sua pressão. Boa sorte com o.... Banco.

— Você lembra. – Ele riu. – Obrigado. Doutora.

Dei uma ótima olhada de cima abaixo e virei as costas.

— Naquela hora... eu ia dizer que você era a mulher mais bonita que já vi. – Ele terminou de abotoar sua camisa. – E não é uma gracinha, enfim. De qualquer maneira, obrigado.

Sorri e sai andando pelo corredor. Entrei em outro quarto para falar com o próximo paciente. Pela janela que dava no corredor vi ele passando em sentido ao elevador. Deu um pequeno aceno ao me ver, retribui bem rápido voltando minha atenção a paciente.

***

— Ela vai precisar de uma transfusão de sangue. – Anunciei e tirei minhas luvas sujas. – Prepare a sala de cirurgia que vou me aprontar logo. – Pedi para Shawn. – Miley, fará cirurgia comigo? – Sorri perguntando, estava animada.

— Tentarei, está vindo uma ambulância. – Miley apontou para a porta. – Acidente. Três pessoas.

— Vou ajudar. – Respondi.

Puxei outro par de luvas no balcão de entrada esbarrando em uma pessoa que estava encostado no balcão.

— Desculpe. – Pedi sem olhá-lo.

— Estava procurando você.

Virei novamente para trás e assustei-me de início.

Joseph!

— Aconteceu alguma coisa? – Perguntei.

— Na verdade, estou bem. – Ele sorriu. – Como forma de agradecimento por terem cuidado de mim, vim trazer algumas lembranças. – Ele levantou uma pequena cesta. – Espero que gostem de chocolate.

— Joseph. – Aproximei-me dele. – Não posso aceitar. Devemos ter uma relação profissional.

— Mas eu trouxe para todos. Para a Miriam, que abriu e fechou minha ficha. Aqui Miriam. – Ele entregou para a atendente do balcão. – Para a doutora Cyrus, as enfermeiras Thamia e Lauren. – Ele colocou em cima do balcão e todos tinham seus respectivos nomes. – E para você. Claro, você ganhou mais algumas gostosuras.

— Na verdade, eu... eu...

Não como chocolate! Mentira. Eu amo chocolate, mas eu quero mentir em dizer que não gosto para ele se afastar, mas não poderia fazer isso.

— Obrigada. – Agradeci. – Deixe o meu junto com os das meninas. – Pedi e sorri para ele.

— Queria saber se podemos conv...

— Estou trabalhando. – Cortei-o. – Vou entrar em uma cirurgia agora. Conversamos mais tarde.

Corri para fora e ajudei abrir uma ambulância. Era uma criança totalmente ensanguentada.

— Estava sem cinto no banco de trás. Chocou e ultrapassou o vidro. Estava fora do carro.

Olhei para o menino que estava inconsciente.

— Bip a neuro. Vamos direto para a sala de cirurgia. – Falei ao analisá-lo.

***

— Meus parabéns. – Edward, o chefe, falou ao encontrar Miley e eu. – Assisti a cirurgia. Salvaram a família inteira e sem danos.

— Obrigada, Ed. – Sorri. – Vamos sair para beber alguma coisa, quer acompanhar-nos?

— Não, estou de plantão essa noite. – Ele justificou com um leve sorriso. – Outro dia.

— Na verdade também estou, mas irei acompanhar Demi. – Miley riu. – Qualquer coisa volto.

Descemos as escadas até a saída conversando e rindo alto pelos corredores.

— Pensei que iria perdê-lo na mesa, mas Selena não desistiu. – Contei. – Salvou o menino.

— Selena é uma ótima neurocirurgia. – Miley elogiou. – Vai até o último. Faz meses que não perd...

Joseph levantou do sofá de espera e largou a revista na pequena mesa. Sorriu vindo até nós.

— Como foi a cirurgia?

— Bem... – Respondi. – Obrigada. O que você...

— Você disse que “conversamos mais tarde”... – Joseph viu que não me lembrava. – Deduzi que era para esperar.

— Certo, mas agora irei ir embora com Miley e...

— Vamos para um bar. – Miley sorriu. – Quer ir conosco?

Olhei para Miley e aniquilei sua atitude com os olhos, mas voltei a sorrir.

— Se importa? – Ele perguntou olhando para mim.

— Claro que não. – Sorri. – Parece que vamos conversar agora.

— Fico feliz. – Joe sorriu. – No meu carro?

— Demi não dirige. – Miley apontou para mim rindo. – E o bar é na próxima esquina.

— Perto. – Joe deu de ombros. – Meu carro está aqui no estacionamento.

Revirei os olhos e coloquei um sorriso no rosto. Seguimos para a saída principal do hospital. Miley e Joseph conversavam entre eles e eu só respondia com uma risada e “sim”, “claro”, “verdade”. Nem dava o trabalho de prestar atenção no que eles conversavam, mas Joseph perguntava como nos conhecíamos.

— Demi e eu somos amigas desde a faculdade de medicina. Cabulávamos as aulas de obstetras, reuniões sobre medicina... éramos irresponsáveis, mas com....

— Mãos firmes. – Completei a frase.

Atravessamos duas ruas e fui a primeira a entrar no bar de Johnny. Ele acenou de longe e sinalizou nossos lugares no balcão. Deixei os dois sozinhos atrás e me sentei na cadeira do canto.

— Três de sempre, Johnny. – Sorri.

— Não posso beber. – Miley avisou. – De plantão.

— Mas as três são para mim. – Respondi debochada.

Ele trouxe três shots de tequila e bebi todas uma atrás da outra. Olhei em volta no bar, mas permaneci atenta no assunto dos dois. Miley me chamava algumas vezes para participar da conversa, mas eu sabia o que ela estava tentando, então, evitei.

— E você é casada com um médico? – Joe perguntou para Miley.

— Sim, Liam é neurocirurgião como nossa amiga Selena. Ela ainda estava em cirurgia. – Respondeu.

— E você era com Wilmer. – Joe virou para mim. – Sou fácil com nomes.

— Não era casada com Wilmer, se é isso que quer saber.  Não namorávamos sério e temos pensado coisas diferentes em relação a família e medicina.

Bem mais sobre família do que medicina.

— Mas isso não é o mais interessante da minha vida. – Completei.

— Parece legal a família de vocês. Eu sou gerente de banco, por isso passei mal naquele dia. – Joe riu. – Trabalhar na área financeira causa esse tipo de coisa em nós. Não tenho amigos, nem namorada.... Sou sozinho, quase um fardo da profissão.

— A medicina é uma área egoísta também. Ainda mais para aqueles que são orgulhosos. – Miley me cutucou.

Antes que pudesse responder, Miley tirou seu bipe no bolso e ficou assustada.

— Um acidente. Tenho que ir. – Avisou levantando-se da cadeira.

— Deixa eu ver.

Puxei o bipe de sua mão e era verdade. Passei a mão no meu rosto e levantei-me.

— Não, hoje você não vai Demi. – Miley me fez sentar novamente. – Já bebeu o bastante.

— Já operei semi bêbada. – Ri. – Se for grande irão me chamar do mesmo jeito...

— Até lá fique aqui. – Miley olhou feio. – Johnny não deixe ela ir para hospital e Joe você também.

Bufei com raiva e escorreguei na cadeira revirando os olhos. Bebi mais um shot e sorri forçado para Joe que me encarava com seus olhos brilhando.

— Vai fugir? – Ele perguntou rindo. – De mim ou acha que não notei isso.

— Talvez eu fuja. – Respondi. – Depois que terminar aqui vou passar por aquela porta e você não me verá mais.

— Sei onde você trabalha. – Ele sorriu e pulou para o banco que Miley estava sentada. – Posso levar mais chocolates.

— Eu não gosto. – Menti.

— Gosta... – Ele sorriu. – Vi você comendo duas vezes assim como eu notei que você sempre toma dois copos de água entre as tequilas para não ficar bêbada. Suas mãos nunca tremem e você mal pisca.

— O que você quer? – Perguntei sorrindo, dessa vez era verdadeiro.

— Um encontro. Nós dois. – Ele aproximou-se do meu rosto.

Desviei o olhar quando vi Thatcher entrando no bar com dois amigos. Olhei para o Joe mantendo o sorriso e o beijei quando Thatcher olhou para nós.

Ele sabia onde me procurar.

Joe colocou sua mão no meu rosto beijando-me de modo intensa. Parei o beijo e deslizei a mão na sua boca.

— Certo. Isso pode ser embaraçoso. – Falei comigo mesma.

Olhei para onde Thatcher estava e ele ria um pouco decepcionado.

— Isso não vai acontecer novamente. – Avisei Joe. – E eu estou indo agora. – Sorri.

— Eu te levo. – Joe.

— Vou dormir no hospital. – Falei enquanto pagava Johnny. – Calma Johnny, vou dormir só.

Sai andando pelo bar e evitei olhar para os lados. Provavelmente acharia um ou dois além de Thatcher com quem já fiquei.

É a vida real.

Subi as escadas e senti o ar fresco. Respirei fundo e olhei para os lados.

Não estou bêbada. Sou capaz de operar qualquer um agora.

— Demi, posso te acompanhar?

— Você vai para lá do mesmo jeito já que seu carro está lá. – Dei de ombros.

— Você só finge que não ouve o que digo, não é? – Joe riu. – Me beijou e agora vai embora.

— Foi só um beijo.

— Que você gostou. – Joe completou rindo e andando do meu lado.

— Tive meus motivos que nunca vai entender.

— Seu motivo era tentar afastar aquele cara que entrou no bar e você saiu?

— Você é um bom observador. – Parei para olhá-lo.

— Por que não?

— Não o que? – Ri.

— Por que não eu? Eu entendo se você dizer que foi pelo modo que nos conhecemos, mas se não for...

— Foi pelo modo que nos conhecemos. Eu não quero isso. – Dei de ombros. – Você sabe onde eu trabalho, o que faço e até coisas que ouviu nos corredores, mas esses homens do bar... Nem meu nome sabem.

— Gosto do seu nome. – Joe sorriu e aproximou-se.

— Não vai desistir tão fácil, não é? – Dei risada e passei a mão pela sua barba. – Já achou seu carro.

Ele desviou o olhar e respondeu que sim com a cabeça. Sai andando para a entrada do hospital e olhei para trás e o vi entrando em seu carro. Fiquei parada por alguns segundos e apressei os passos em direção do seu carro. Joseph estava distraído mexendo no banco dos passageiros. Abri a porta de trás e deslizei a mão no seu rosto. Ele olhou assustada pelo retrovisor e riu. De maneira atrapalhada, Joe pulou para o banco de trás e voltou a me beijar. Dessa vez era mais intenso e tinha vontade. Ele beijava meu pescoço e voltava a beijar minha boca. Mesmo com euforia, tinha calma em seus lábios.

Deslizei minha mão no seu rosto, observei ele por alguns minutos e voltei a beijá-lo.

— Me leve para casa. — Pedi enquanto ele beijava meu pescoço.

***

Tentei procurar a chave de casa o mais rápido possível, enquanto Joe sarrava seu pênis em em mim e beijava minhas costas nuas. Abri a porta e virei contra ele o puxando para dentro.

Estava escuro e fui o guiando pela casa enquanto nos beijávamos. Peguei ele meu colar em volta do seu pescoço e o levei para cama fazendo o deitar.

Ele olhou para mim tentando alcançar minha mão. Tirei minha blusa e me sentei no seu colo buscando seus beijos novamente.

Joe me beijava enquanto deslizava suas mãos no meu corpo. Ele tirou meu sutiã e colocou seus seios em sua boca. Alisei seu cabelo e voltamos a nos beijar.

***

Abri meus olhos e senti a mão do Joe em volta do meu pescoço e eu estava deitada em seu peito. Tentei me mover lentamente para tirar seu braço em volta do meu pescoço, mas ele abriu os olhos e sorriu.

— Bom dia. — Ele beijou minha testa.

— Bom dia... — Respondi na dúvida.

Ergueu meu queixo e beijou-me com calma. Passei a mão no seu peito e terminei com um selinho longo. Tinha um relógio em seu pulso, puxei seu braço para ver a hora.

— Estou atrasada. — Arregalei os olhos.

— Eu te deixo no hospital.

— O que? — Assustei.

— Estou de carro, lembra? Posso te deixar no hospital.

— Ah, não. — Dei risada. — Eu vou tomar banho agora e você vá embora.

Ele levantou da cama e começou a caçar suas roupas pela casa e vestia enquanto andava. Peguei minha toalha e fui para o banheiro o olhando pelo canto do olho.

Joe parou na sala e começou a verificar sua carteira e chaves do carro. Ele olhou para o quarto e desviei o olhar.

— Isso não vai acontecer. – Falei comigo mesma.

Quando sai do banheiro, Joseph já tinha ido, mas deixou um bilhete em um post-it grudado na mesa da cozinha.

“Esse é meu número. Poderia me ligar ou tenho que ter outra parada cardíaca?”

Dei risada e grudei o papel na porta da geladeira. Terminei de arrumar meu cabelo e desci para esperar Selena. Quando estacionou o carro na quina da calçada, entrei rapidamente com um breve sorriso.

— É esse final de semana. – Dei risada. – Está pronta ou devo ser a madrinha de fuga?

— Já basta você fugir de suas responsabilidades, Demi. – Selena gargalhou. – Não vou fugir.

— Casal perfeito. – Bufei. – Às vezes você e Justin me irritam, sabia?

— Já desconfiava. – Selena deu de ombros. – Miley me contou sobre o rapaz...

— Que rapaz? – Fiz-me de desentendida. – Quando falou com Miley?

— Ontem. Tivemos duas cirurgias juntas de madrugada. Só fui para casa tomar banho. – Selena contou. – Não mude de assunto. Ela disse o nome dele... Não me lembro! Miley contou que ele está completamente caidinho por você.

— Isso é meia verdade e o nome dele é.... – Hesitei em dizer. – Nome dele é Joseph.

— Ou seja... – Selena estacionou em sua vaga. – Como foi?

— Bom... Muito bom... – Selena me encarava rindo. – Ótimo. – Encarei Selena. – É isso.

— Muito bom.... Ótimo. – Selena desceu com sua bolsa. – Nunca usou essas palavras.

— São só palavras. – Revirou os olhos. – Esse é o problema, ou vocês não aprovam o que digo ou tiram sarro.

— É engraçado que você tinha dito no meu ensaio que ele era um paciente muito porre, enchia o saco e acabou... Transando. – Selena riu. – Miley disse que ele gosta de você, persiste.

— Acabou hoje cedo a persistência. – Fiz careta.

Entramos no hospital e nos separávamos. Fui até o quadro de cirurgia e já tinha duas marcadas para mim no período da manhã. Wilmer parou em minha frente e começou a preencher seu nome e Miley parou no meu lado com um sorriso.

— Fofoqueira. – Sussurrei sem olhá-la.

— Aconteceu... – Miley riu alto. – A persistência dele vale a pena?

Wilmer olhou de canto do olho para trás e voltou a preencher o quadro. Cutuquei a Miley que continuava rindo. Ainda rindo, Miley grudou seus dedos um no outro e disse:

— Eu vou separar e você diz o tamanho, certo?

Em silencio, Miley começou a separar seus dedos um do outro lentamente e eu tentei adaptar o X ao Y.

— Então é grande. – Miley continuou.

Parei suas mãos rindo.

— Esse é o tamanho. – Dei risada.

— Uau. – Miley observou suas mãos. – Infelizmente ele não veio com problema no pênis porque eu seria sua urologista. – Demos risada.

— Tendo relacionamento com pacientes, Demi? – Wilmer terminou de preencher o quadro e virou para nós. – Sério?

— Não é um paciente.

— Não foi o que ouvi. – Ele riu. – Mas também não é um problema meu e sim do hospital.

— Vai querer seguir regras agora, Wilmer?

— Já parei de seguir? – Ele aproximou.

— Muitas vezes. Comigo. – Encarei Wilmer. – Ah, é verdade. Você ficou puro agora! – Fui irônica.

— Tome cuidado com o que faz durante a noite. – Ele riu. – Homens não gostam...

— Do que? Mulheres que transam? – Dei risada. – Eva que pagou para sua pureza ou você ficou tão hipócrita depois que disse que não queria nada sério com você?

Wilmer balançou a cabeça negativamente rindo e saiu andando pelas escadas acima de nós. Encarei ele até sumir de minha vista e voltei ao quadro.

— Não se preocupe com ele. – Miley disse também nervosa.

— Infantil! – Bati no quadro.

Peguei minha pasta para a cirurgia que iria fazer agora e entrei dentro do centro cirúrgico.

***

— O que vão fazer essa noite? – Miley beijou Liam rapidamente. – Vamos no Johnny.

— Estava pensando em assistirmos um filme. – Selena riu. – Estou ansiosa.

— Pode ser na minha casa. – Sugeri. – Tenho tequila, m&m’s e netflix. – Sorri.

— Não vai sair hoje? – Miley perguntou.

— Não. – Fiz careta negando. – Vai ser divertido. Podemos achar filmes de casamento e deixar a Selena tremendo suas mãos pela primeira vez.

— Sou neurocirurgia. – Selena encarou-me seria. – Nunca tremo.

Entramos todos dentro do carro de Selena – Miley e Liam atrás e eu no banco passageiro. Era quase 21h e não tinha nenhum trânsito. Rapidamente estávamos na minha casa e todos foram escolhendo seus sofás, enquanto Miley fazia uma pipoca e eu servia as bebidas.

— Qual é a briga sua e do Wilmer, Demi? – Liam perguntou.

— Liam! – Miley chamou sua atenção e dei risada.

— Fique tranquila, Miley. – Abracei ela por trás. – Não é nada demais. – Respondi ao Liam. Apenas discordamos.

Miley abriu a geladeira e viu o post-it de Joe. Ela olhou para minha cara e riu.

— Terminou essa manhã, não é?

— Vocês duas são muito fofoqueiras. – Virei os olhos.

Tirei o post-it da geladeira e escondi no armário. Esperamos o noivo de Selena, Justin, chegar e nos reunimos na sala e colocamos em um filme que Selena tinha escolhido de romance e provavelmente iria chorar – como sempre chora.

Miley abraçava Liam no sofá da esquerda. Selena e Justin no sofá do centro e eu me sentava no chão com um pacote de 500g de m&m’s no colo.

Era The Longest Ride e já tinha assistido tal filme muitas vezes com Selena, o pior que ela ainda chorava com o filme que nem estava no meio. Revirei os olhos e terminei de comer o pacote de m&m’s, levantei-me no chão e fui para cozinha sozinha. Abri o armário para pegar um copo e vi o número post-it na porta. Olhei para a sala e anotei o número no meu celular.

— Já volto. – Avisei saindo do meu apartamento.

Encarei meu celular por um tempo e disquei o número do Joe já rindo do que estava prestes a fazer.

— Estava me perguntando se meu recado foi idiota! – Joe riu. – Demetria...

— Acho que só Demi agora... – Respondi tentando não rir. – Joe?

— Joe... – Ele afirmou. – Como está?

— Hum.... No meio de um filme chato com dois casais. – Respondi. – E você?

— Você ganhou. – Ele riu. – Saindo do banco agora. Quando se passa mal e acumula trabalho é essa hora que sai.

— Se você quiser... – Afastei-me da porta. – Pode vir para minha casa.... Você sabe, não pode passar mal daquela maneira novamente. – Dei risada.

— Você é mesmo tentadora. – Ele riu. – Estou indo.

Desliguei o telefone e dei risada sozinha no corredor. Voltei para o meu apartamento e calcei um coturno que deixei largado no sofá.

— Não precisam me esperar. Vou demorar um pouco, mas volto. – Avisei a todos.

Tirei duas chaves no porta-chaves na cozinha e desci aguardando Joseph na entrada. Não demorou meia hora para que chegasse. Ele estacionou o carro onde estava esperando e sorriu ao me ver com um pijama com desenhos de equipamentos de medicina.

Ele parou na minha frente e nos olhamos por alguns segundos.

— Você é imprevisível, sabia? Achei que não me ligaria, ligou. Agora não sei o que fazer na sua frente.

Peguei em sua mão e entrei com ele, mas pela garagem. Fiz com que sua mão deslizasse pelo meu corpo. Encostei-o na parede e comecei a beijá-lo.

Estava completamente escuro e a única luz que tínhamos dentro da garagem era da lâmpada que vinha de fora. Ele deslizou suas mãos por todo meu corpo e me pegou no colo, jogando-me na parede.

— Sou louco por você... – Ele dizia ofegante entre os beijos. – Desde que te vi, sabia?

— Eu notei. – Respondi beijando seu pescoço.

Empurrei alguns objetos que estavam na pequena mesa da garagem fazendo que fizessem barulho, mas ignoramos voltando a nos beijar. Joe tirou sua camiseta e desabotoou todo meu pijama. Por baixo dele já estava completamente nua e ele apertou meus seios enquanto os beijava com ferocidade. Ele estava ofegante e suava. Deitei na mesa e Joe abriu minhas pernas posicionando seu corpo entre elas, seus dedos gelados passaram algumas vezes levemente entre minha vagina até que senti sua língua quente entrar fazendo com que gemesse alto.

Tentava controlar o volume da minha voz, mas Joe não permitia. Ele penetrava com bastante força e beijava meu pescoço. Todo movimento que fazíamos naquela mesa de metal gelada resultava em barulho, mas não ligávamos. Apenas ignorávamos tudo a nossa volta e era como se só tinha ele e aquela mesa na garagem.

Joe dizia coisas no meu ouvido que me deixava ainda mais excitada. Ele retirou seus pênis rapidamente e trocamos de posição. Estávamos em pé, apoiados na mesa e ele voltou a penetrar em mim com força beijando minhas costas e puxando meus cabelos.

— Joe... – Falei seu nome enquanto gemia.

Ele beijou meu pescoço e eu puxei seus cabelos. Suas mãos estavam posicionadas em meus seios e ele parecia ir cada vez mais rápido. Tampei minha boca com minha mão quando senti que iria gozar nele. Meu corpo estremeceu completamente e não hesitei em gemer alto.

Foi perdendo força ao gozar em seguida nas minhas pernas. Estiquei uma toalha velha no chão e nos sentamos juntos. Ele me beijou rapidamente e fez com que me deitasse em seu peito. Passei a mão nas minhas pernas e voltei para minha boca provocando-o.

— Você é maravilhosa. – Jogou meus cabelos para trás e beijou meu corpo.

— Gosto disso. – Falei baixinho. – Além disso, gosto de você.

— O que quer dizer com isso? – Ele sorriu massageando meu pescoço.

— Estou com alguns amigos no andar de cima. – Apontei rindo. – Quer conhecer eles?

Ele voltou a me beijar lentamente. Sentei-me no seu colo e ele apertou minha bunda, penetrando novamente dentro de mim. Dessa vez o movimento era lento e só aos beijos.

— Eu quero conhecer seus amigos. – Ele mordeu meus lábios.

Joguei meu corpo contra ele e o encarei por alguns segundos.

— Minha amiga lá em cima vai casar... – Falei ofegante. – E tenho que ter um par.

— Tem um par?

— Eu não tenho um par. – Demos risada.

— E você quer que eu vá.... Com você?

— Só se estiver disponível. Nesse final de semana. – Beijei ele rapidamente.

— Quero ser seu par. – Ele agarrou meu corpo. – Quero ver você novamente, Demi.

— Eu também... – Sorri. – Eu também.

Nunca foi tão fácil admitir uma coisa a uma pessoa como foi agora. Eu queria vê-lo novamente, tê-lo novamente, senti-lo novamente dentro de mim. Seus beijos, toques. Eu queria tudo aquilo de novo e de novo. Consegui admitir que eu queria.

— Eu gosto de você. – Falei com um sorriso.

Vesti meu pijama rapidamente e prendi meu cabelo em um coque. Abri a porta da garagem que dava em uma escada para o térreo. Subimos a escadas e paramos duas vezes para beijar um ao outro em silêncio.

— Se eles estão aqui, eles nos ouviram. – Joe sussurrou no meu ouvido.

— Eu tentei ficar quieta. – Beijei seu rosto. – Mas você...

Não colaborou com isso.

Abri a porta novamente e toda a casa estava escura com o filme quase que no final e em um volume baixo. Todos olharam quando acendi a luz da cozinha e olharam para Joe.

— Esse é o... Joe. – Falei tocando seu ombro. – Ele será meu par... No seu casamento... Ele...

— Joe! – Miley sorriu e se levantou. – Sabia que o veria novamente. – Ela riu. – Esse é meu noivo, Liam.

Afastei para que Joe conhecesse Selena, Justin e Liam. Ele se sentou no chão comigo e me deitei em seu peito apenas para ver o letreiro do filme passar. Ele beijou minha testa algumas vezes.

Apertei sua mão e apoiei minha cabeça em seu peito.

***

— Estou nervosa! – Selena gritou. – Muito nervosa. Poderia matar alguém com essas mãos que não param de tremer.

— Ainda dá tempo de desistir. – Falei rindo.

— Não era a Selena Gomez que não tremia? – Miley riu.

— Vou casar! – Selena gritou. – Meses planejando e sinto uma dor de barriga vindo.

Começamos a rir de Selena. Ofereci muitos copos d’agua para beber e ela os pegava tremendo. Estava linda com seu vestido branco e com um sorriso de orelha a orelha.

Ela levantou e alisou seu vestido.

— Como estou?

— Linda. – Miley e eu respondemos juntas. – Vai dar tudo certo. Você já operou por 15 horas seguidas. É só um casamento. – Afirmei e Selena respirou fundo.

— Só um casamento. – Ela repetiu. – Meu casamento.

— Vocês já moram juntos, fazem tudo juntos... Pense que é a sua formatura.

— Eu vomitei na minha formatura. – Selena arregalou os olhos. – Era a primeira de Yale.

— Ok... – Miley balançou a cabeça negativamente segurando o riso. – Não é a formatura.

— Selena! – Gritei. – Fique tranquila. Você só dirá aceito e estará entre amigos. Só isso.

— Quando você se casar, Miley, lembrara disso e você Demi... – Selena riu. – Quando namorar sério, sentira esse frio na barriga.

— Eu já namorei sério. – Defendi-me. – Duas vezes.

— Namorar seu vizinho aos 15 anos não é namoro. – Miley falou e Selena riu. – Viu? Sua vida amorosa faz Selena rir e esquecer a dela.

— Então continuem falando dela. – Virei os olhos rindo. – Talvez eu pegue o buque hoje só para causar. Talvez até empurre você, Miley.

Bateram na porta e Selena arregalou os olhos.

— Justin não pode me ver. – Avisou.

Miley riu e foi até a porta abrindo uma pequena frestinha.

— Hum. – Ela sorriu. – É Joe. – Olhou para mim rindo. – Ela já vem, Joe.

Miley fechou a porta novamente e passou por mim arrumando meu vestido.

— Ele está bonito hoje. – Falou no meu ouvido. – Não amasse o vestido. É alugado.

— Parece que é sério... – Selena tentou espiar nossa conversa. – E não se atrase.

— É uma igreja. – Dei risada. – Não vamos fazer nada.

Afastei as duas da porta e abri. Joe estava de costas distraído. Ele olhou para meu vestido e sorriu.

— Está linda. – Falou beijando meu rosto.

— Você também. – Dei um breve selinho. – Aconteceu alguma coisa?

— Só estou lá na frente recebendo muitas perguntas dos seus amigos e não tinha te visto hoje. – Ele alisou meu rosto. – Só queria te ver mesmo.

— Sou uma madrinha. De fuga. – Dei risada. – Queria ter ido mais cedo para recebê-lo.

Joe colocou suas duas mãos em meu rosto e me beijou levemente. Ele sorriu e voltou a me beijar novamente.

— Tenho que voltar. – Avisei com um sorriso. – Até mais tarde.

“O que você está fazendo, Demi?"

Entrei novamente na sala onde Selena estava se preparando. Elas já estavam prontas e Selena com seu buque na mão.

— Estou pronta. – Selena anunciou confiante.

***

— Cansado? – Perguntei sentando-me ao seu.

— Sinceramente... Um pouco. – Ele riu envergonhado. – Um longo casamento.

— A metade são cirurgiões, então, eles têm energia de sobra. – Brinco.

— Estava pensando em chamar você para sair...

— Agora está me convidando para um encontro?

— Naquele dia no hospital não estava. – Ele riu. – Mas você queria. Então, eu aceito sair com você.

— Certo... – Olhei em volta. – Tive um paciente que tem um restaurante que eu pago só a metade. – Dei risada. – É comida austríaca.

— Finalmente um encontro com 50% de desconto. – Joe riu alto. – Então vou ver você novamente.

— E depois dessa promoção eterna, você prepararia um café matinal.

***

2 meses depois.

Virei para o outro lado da cama e abri os olhos sentindo a vento entrando no quarto. Forcei as vistas para reconhecer meu quarto. As portas da varanda estavam abertas e o dia ensolarado.

Deve ser um sábado e uma folga.

Fiquei encarando algumas árvores da rua em uma alternativa de conseguir forças e coragem para levantar-se da cama.

— Bom dia. – Ouvi a voz de Joe. – Fiz uma coisa para você.

Olhei pelo canto do olho e sorri ao ver Joe com uma bandeja na mão.

— As bandejas estavam ainda no saco plásticos. – Ele colocou em cima do criado-mudo. – O que me fez pensar que você as comprou só para receber café da manhã na cama.

— Deve ter sido essa a intenção. – Respondo. – Gosto de suco de uva.

— E ovos. – Ele completou.

Mordi um pedaço de panqueca e Joe se deitou ao meu lado, beliscando algumas coisas. Deitei-me no peito dele e senti sua mão acariciando meus cabelos.

20 comentários:

  1. SE EU AMEI ISSO? EU AMEI DEMAAAAAAAAAAAAAAAIS!
    Mirela, mulher, você não tem noção (tem sim, porque me viu ler em tempo real no seu privado) do tanto que eu fiquei apaixonada por esse conto, do tanto que eu adorei o Joseph e do tanto que eu AMEI você escrevendo um romancinho desses que eu tanto prezo, amo e vereno.
    A história foi muito boa, realista, e nossa MTO TERMO MEDICO QUE ORGULHO DESSA MENINA INTELIGENTE QUE VÊ GREYS ANATOMY! Adorei o close Jelenina nessa fic e nossa NÃO TEVE O NICK KKKKKKKKKKKKKKKKK DEMONIA ME ENGANOU FALANDO QUE IA SER NILEY!
    Enfim, eu amei amei amei! O Joe nossa <3 melhor personagem. Adoraria ler mas romances seus, fica a dica!
    Gretchen.
    Te amo, feliz que nosso projetinho foi pra frente! <3 E NOSSA QUERO MAIS ROMANCE REAL, AMÉM JOSEPH VC É APAIXONANTE

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    1. Você que tanto insistiu para que eu escrevesse um romance porque está cansada de me ver matar ou judiar de todos os meus personagens.
      Mas eu já mostrei meus outros romancinhos. Não é uma coisa que eu gosto pois adoro um sangue, mas terá mais alguns.
      Eu disse que minha primeira oneshot era Niley e não que essa teria Niley e você sabe minha birra com Niley aaaaaaaa.
      GRETCHEN QUE DIA ICONICO.
      Te amo e fico feliz pelo novo projeto também.
      Será que está versão do Joseph voltará aparecer por aqui? HUM

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  2. AMEI O CONTO! Joe me lembrou muito o Chandler de FRIENDS, E EU AMEI ISSO!
    AMÉM PARA ESSE PROJETO! Mal posso esperar para ler os próximos contos.

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    1. Nunca assisti Friends inteiro e não me lembro do Chandler, mas minha amiga disse que realmente lembrou esse personagem
      Fico feliz que tenha gostado aaaaaaaaaaa

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  3. que hino de conto, meu deus!
    eu amei muito, o joe nessa oneshot está um verdadeiro amorzinho
    EU ESTOU COMPLETAMENTE APAIXONADA POR ELE!
    eu também amei a demi por mais que ela tenha tentado resistir ao charmes do joe sajkkjsf
    os hots estão perfeitos e eles tendo um encontro em casais e a demi segurando vela FOI DEMAIS!
    eu amei, ficou muito bom.
    LOUVADO SEJA ESSE PROJETO, IRMÃOS!
    esse começo me lembrou muito greys anatomy também, melhor série sim!
    enfim, amei muito, cada detalhe.. estou ansiosa para ler as próximas
    SÓ VEM!
    bjs

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    1. Grey's anatomy é referencia para todos nós!!! Eu amo minha serie.
      Fico muito feliz que tenha gostado, Mile. E sim, o Joe é maravilhoso aaaaa.
      A Demi de vela foi baseado em historia real oficial haha.
      Enfim, fico feliz pelo novo projeto!
      Beijos.

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  4. TEM UM OLHO NO MINHA LÁGRIMA! Eu estou muito emotiva por esses dias, então me desculpe bxyshdue
    Estou sem palavras, ficou simplesmente maravilhoso! O começo me lembrou bastante Grey's Anatomy e como estou assistindo séries desse tipo, gostei bastante.
    O modo como eles se conheceram foi bem engraçado, estava preocupada e ao mesmo tempo rindo das coisas que o Joe falava. Concordo com a Mile no comentário acima, ele está muito amorzinho!
    Como lidar com o final? O café da manhã na cama, aaaaaaa ele lembrou exatamente do que ela tinha dito... eu tô chorando largada sim! Esse conto salvou minha noite, obrigada por essa perfeição.
    Nem preciso dizer que já estou ansiosa pelos próximos, né? ESTOU MUITO ANSIOSA SIM! sz
    Beijos

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    1. SIM ELE LEMBROU DOS DESEJOS DELA.
      O que foi algo que pensei muito porque na musica a Demi cita e eu pensei muito sobre colocar isso para finalizar. De qualquer maneira, fico feliz que tenha gostado.
      O momento que eles se conheceram foi o meu favorito haha ♥
      Felizmente deu tudo certo no nosso projeto.
      Beijos.

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  5. que minific maravilhosa ainda to in love com jemi tudo de bom
    adoro essa musica e vou ouvir so pensando no joe kkkkkk
    estou indo ler os outros mto boa a ideia de vcs parabens
    bjos

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    1. Fico feliz que tenha gostado do projeto e da shot.
      E fico muito feliz por ouvir in real life pensando nessa shot aaaaaaa.
      Muito obrigada, viu!?
      Beijos.

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  6. Olá bom primeiro tem que dizer meus parabéns! Você seguiu corretamente um ordem médica quando um paciente entra em RCP, faltou alguns itens na pedida como exame de enzimas para descartar um possível infarto, e tbm na momento da massagem cardíaca faltou o uso da respiração, e a contagem de ciclos ( isso greys não mostra), você pediu correntemente o ECG e o raio-x torácico, para avaliar se houve fratura de ossos na região da cavidade torácica. Enfim mas isso não vem ao caso. E não estamos aqui para julgar se foi algo totalmente correto perante um olhar clínico médico. Mas amei seu Oneshot, está perfeito lembra muito greys, acho que você já ganhou uma nova seguidora, irei ler com calma depois seus outros post.

    Esta excelente quando li em outros blogs sobre esse projeto já logo imaginei uma coisa na haver. Mas você superou, consegui rir muito. Me surpreendeu, meus parabéns!

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    1. Olá.
      Temos aqui uma Cristina Yang haha.
      Confesso que pesquisei muito sobre os sintomas e as ordens medicas porque não gostaria de passar informações erradas. Nessa parte sou bem perfeccionista e fico feliz que alguém tenha notado com atenção.
      A contagem de ciclos não quis incluir porque já estava muito grande e poupei essa parte, mas obrigada pelas correções tambem.
      Fico feliz que tenha gostado da oneshot e seja bem-vinda ao blog. Espero que goste das outras narrativas como gostou dessa.
      Muito obrigada mesmo.
      Beijos.

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  7. eu sempre fico muito soft com essas fics de temáticas meio domésticas kfjdudhd

    NAMORAL SELENA MELHOR PERSONAGEM EU AMO UMA MULHER BEM SUCEDIDA!!

    ok eu sou suspeita para falar da selena.....

    Eu nunca fui muito fã de Jemi, mas eles estão bem preciosos aqui ❤️ Apesar de que, se eu tivesse no lugar da demi, não ia aguentar o Joe atras de mim o tempo todo kkkjjjj macho chato demais kjsysijs sem paciência para essas situações ggsfaas

    eu não entendo nada de medicina, mas vou dizer que foi muito legal ler toda essa dinâmica, também serviu para me mostrar que eu devo correr bem longe dessa profissão, viu? se é louco bixo, tenho emocional para isso não....

    (Selena, primeiro lugar de Yale, eu sou uma mãe muito orgulhosa ❤️ - eu amo a sel demais bixo, namoral)

    desculpe por só comentar agora, ando sem tempo :c
    ótimo trabalho!!!

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    1. Eu não posso escrever nada sem ter uma ou duas mulheronas da porra!!!
      E a Selena é uma mulherona da porra, cirurgiã da porra e primeiro lugar em yale da porra.
      Confesso que eu não sou chegada a Jemi, mas eu escrevo sobre eles por preferencias. Somos duas em relação ao Joe, apesar de ter gostado de escrever esse personagem no lugar de Demi o basta já seria no momento que se conheceram MAS hahaha.
      Fico feliz que tenha gostado, Malu. Eu amei sua shot e vou dizer isso sempre que possivel.
      Beijos.

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  8. Primeiramente Desculpa pela demora em comentar...
    MENINA VC MISTUROU JEMI COM GREYS! Isso é até golpe baixo. AMEI ADOREI deu o ponta pé inicial nesse projeto com louvor... parabéns pela oneshot 👏👏👏❤

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    1. Sem problemas Nanda.
      Fico feliz que tenha gostado e VAMOS LOUVAR GREYS ANATOMY.
      Beijos.

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  9. Adorei essa One!O jeito da Demi Me lembrou um pouco o da Emma do filme sexo sem compromisso e acho que foi isso que me fez gostar tanto.
    Joe simplesmente perfeito, todo apaixonado... deu até vontade de ter um pra mim rsrs
    Parabéns!
    Bjs

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    1. Confesso que não assisti esse filme, mas fico feliz que tenha gostado dos personagens como da oneshot por inteira.
      Sim, o Joe é um amor de pessoa e talvez ele volte aparecer por aqui haha.
      Muito obrigada, Amy.
      Beijos.

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  10. Nossa, ficou incrível! Ri muito com a insistência do Joe e Demi é bem safadinha né kkkkk Achei muito fofo o final, adorei a história, parabéns! :)

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    1. Obrigada Jacque! Fico feliz que tenha gostado da shot.
      Sim, o Joe e a Demi são hilários aqui.

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