O crime da Delancey Street | 02° Capítulo.

Em outubro, o outono nova iorquino é recebido por muitas pancadas de chuva e o enterro do sr. Tesfaye foi marcado pela chuva que prolongou o funeral e deixou exposto o seu filho, Abel Tesfaye, que não conseguia esconder na sua expressão dura o que descobrira na noite anterior. Naquele dia, muito foi especulado entre os vizinhos sobre o testamento lido e quem tentava incansavelmente diminuir o impacto das especulações era Selena que mantinha os olhos e sua mente aberta sobre o assassino estar próximo.

Sim, pensou no assassino, porém ninguém falou sobre assassinato e a autopsia do sr. Tesfaye apontou morte natural, teve um infarto agudo, além do Alzheimer. É aquilo que chamamos da morte mais sem graça, morrer de velhice é o pior das mortes para aqueles, como Selena Gomez, que gosta dos melhores mistérios.

Para Selena, ela sentia que nessa história tinha mais coisa do que tudo que chegou ao seu conhecimento. Se alguém perguntasse, ela já não falava mais nada sobre isso, mas ela apenas sentia que alguma coisa ronda à sua volta. E investigadores sentem, certo!?

Ela observava Abel à uma distância respeitosa, respirou fundo e decidiu se aproximar do amigo. Entrelaçou seu braço no dele e encostou a cabeça em seu ombro.


— Não faz nenhum sentido, Selena. — balançou a cabeça em negação. — Quem é Phillip Hart e porque ele herdou 75% dos bens do meu pai?


Selena manteve-se em silêncio.


— Meu pai tinha algum cuidador? — Abel perguntou.

— Não oficialmente, todos cuidavam do sr. Tesfaye. — Selena respondeu. — Fora que seu pai não concordava com os fuxicos do vizinho, ele era bem reservado... alguns dias nem o víamos fazer um aceno da janela.

— Temos que descobrir quem é esse tal de Phillip Hart.


Passaram as horas até que o enterro tenha sido concluído. Todos se despediram na porta do cemitério e seguiram o mesmo caminho para Delancey. Antes de entrar no carro de sua família, Selena observou a distância um homem que não reconheceu próximo ao tumulo recém-fechado do sr. Tesfaye. Antes que tomasse uma atitude, seus olhares cruzaram e Selena soube quem era. Não há dúvidas que aquele só poderia ser Phillip Hart.

Entrou no carro em silêncio e manteve-se quieta por todo caminho de casa. Abel, que se sentava ao seu lado no banco de trás, pegou em sua mão e acariciou. Selena olhou-o e sorriu um pouco tímida, aquela troca de afeto nunca aconteceu antes.


— Nós vamos achar esse Phillip Hart. — Selena garantiu confiante.

— Sim, nós vamos. — Abel sorriu.


Ao chegar na rua do suposto crime, Selena sentiu um calafrio percorrendo toda a coluna. Todos os vizinhos que comparecem ao velório entraram em suas respectivas garagens e seu pai estacionou em frente à casa do sr. Tesfaye.


— Abel, ficará bem sozinho essa noite? — o pai de Selena perguntou.

— Sim, sr. Gomez. Não se preocupe comigo. — respondeu. — Na verdade, preciso ficar só por uma noite.

— Nós entendemos. — Selena apertou a sua mão. — Sabe que pode me ligar a qualquer hora sobre qualquer coisa. — sorriu.


Todos desceram do carro e a família Gomez observou Abel entrar em sua casa, a mãe de Selena suspirou e disse “tadinho” em um tom baixo, para si mesma, porém, com o silêncio da rua foi possível de ouvir. A sra. Gomez abriu a porta de casa e Selena a seguiu, mas seu pai segurou-a pelo braço.


— Quero conversar com você por um minuto. — disse o sr. Gomez.

— Aconteceu alguma coisa, pai? — Selena indagou preocupada.

— Sim, Selena. — ele suspirou. — Você sabe o quanto eu te amo, mas preciso dizer que você não pode sair pelo mundo criando teorias de conspirações. Não é certo fazer isso com um amigo tão bom quanto o Abel é para você.

— Eu não fiz nad... — Selena foi interrompida.

— Abel me contou sobre o testamento e sobre o que vocês viram. — sr. Gomez aproximou-se da filha. — Não aproveite da vulnerabilidade dele para achar que está lidando com um mistério aqui porque ele confia em você.

 Eu sei disso. — Selena respondeu.

 Não foi um assassinato, minha querida. Ele era velho, não estava bem e morreu.

— Pai, não é justo você dizer isso porque eu jamais machucaria o Abel. — Selena. — Mas se ele te contou tudo, responda-me agora no que você pensa sobre o que vimos na noite que o sr. Tesfaye morreu.

— Vou dizer o que eu contei para Abel... — sr. Gomez olhou para a casa. — Acredito que era um ladrão que soube do acontecido e achou que era uma boa oportunidade para assaltar a casa.


Selena abriu a boca para rebater a teoria de seu pai, mas calou-se ao refletir que não seria incomum isso acontecer, pois foi um acontecimento que chamou atenção do quarteirão que conhecia muito bem o sr. Tesfaye. Sendo verdade ou não, era melhor das coisas que ela pensou sozinha nos últimos dias.

Ela entrou em silêncio e foi direto para o seu quarto, estava reflexiva com essa conversa com o seu pai, pois não imaginava que poderia machucar Abel com suas teorias. Aquilo não era um mistério e ela jamais seria Miss Marple.

Sentou-se em sua cama, retirou suas botas pretas e empurrou para debaixo de sua cama e se deitou. Respirava exausta desse dia cansativo, lembrava dos fuxicos e olhares em relação à notícia que se espalhou sobre o testamento e como o Abel se manteve firme em não dizer nada sobre não ter herdado nada.

Não era novidade para Selena ou para qualquer morador da Delancey que a família Tesfaye não tinha uma boa convivência e, após a morte da sra. Tesfaye de tuberculose há alguns anos, Abel e seu pai não trocavam afetos ou carinhos. Ainda assim, sabiam conviver no mesmo espaço quando era necessário e, para ela, jamais resolutória a remoção de seu único filho no testamento.


— A questão nem é essa... — Selena falou consigo mesma em voz alta. — A questão é quem é Phillip Hart e porque ele herdou tudo.

Selena sentou-se em sua cama.

— Na verdade, a outra questão é... afinal, o que Phillip Hart herdou?


[CONTINUA]

4 comentários:

  1. Oi, Mirela!
    Depois de ler esse capítulo pensei que o próprio filho tinha matado o pai, porque é dito várias vezes que eles se davam mal.
    E tem outra, querem saber quem é o Phillip e se esse Phillip é o homem que entrou na casa e que poderia ser vizinho do pai do Abel?

    Vou querer saber mais sobre esse mistério!

    Boa Páscoa!

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    1. Olá, Silvia.
      Será? Não posso falar nada se não posso dar spoiler, mas no próximo capítulo terá mais informações sobre essa relação da família de Abel e, quem sabe, mais informações sobre o Phillip Hart.

      Até o próximo capítulo.
      Beijos,
      Mirela.

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  2. que surpresa vc voltando a postar estava com saudades das suas fics.. to adorando essa agora e quero saber se a selena ta certa de ser assassinato ou nao

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    1. Olá, fico feliz com seu comentário. Estou voltando a postar aquilo que consigo escrever e finalizar entre compromissos e outro.
      Que bom que está gostando, espero que continue acompanhando.

      Beijos,
      Mirela.

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