29 junho 2024

O crime da Delancey Street | 07° Capítulo.

O time de beisebol do Cornell College, antigo time de Abel Tesfaye, era um dos mais populares da cidade de New York, por diversas razões que a elite de Manhattan até Hudson Yards, ou a Wall Street conhecia sua popularidade. E não é para menos, seus jogares faziam jus à fama e levava o esporte a outra patamar ainda o colegial até a universidade. Além disso, sua popularidade vem de sua exclusividade.

No mais, Abel Tesfaye saiu após três semanas de sua prisão pela porta da frente com sua fiança sendo financiada pelo seu antigo time de beisebol, após saberem sobre a injustiça cometida por um dos seus melhores apanhadores. E Abel saiu inspirado em sua antiga posição, ele tinha que apanhar algumas informações importantes para montar a sua defesa, seu tempo de prisão fez perder muito tempo, tal tempo que refletiu sobre suas ações e sabia que precisava resolver algumas coisas. E Selena era uma delas.

Na porta da delegacia, a imprensa estava fervorosa por uma posição, pois já vazara na mídia as filmagens de segurança que provava a estadia de Abel dias antes do homicídio de seu pai, homicídio esse que foi comprovado por três legistas.

O sr. Tesfaye foi assassinado com a elegância de um envenenamento do suco de abacaxi que tomava as tardes de forma rotineira. Tal afirmação causou uma sensação engraçada na vizinhança, pois todos que já visitara sr. Tesfaye no período da tarde, fora recebido por um suco natural de abacaxi com uma leve acentuação de gengibre em seu sabor. Era o seu favorito.


— Abel! Abel! Seu pai foi assassinado e você é o principal suspeito. O que tem a dizer?

— Que sou inocente e provarei não só a minha inocência, mas quem matou meu pai!

— E sabe por onde começar?

— Sei, claro que sei. Assim como contei a polícia essa manhã, Phillip Hart me visitou nas últimas semanas pedindo para que eu assumisse a responsabilidade da morte de meu pai, tal coisa que jamais farei. Agora, a polícia deve refletir a razão que levou sr. Hart a fazer esse pedido? Seria porque meu advogado, durante as investigações, pediu para que bloqueasse os bens de meu pai? Ou por que ele sabe que eu não desistirei até conseguir justiça ao meu pai? A polícia está olhando para a direção errada. Sou inocente!

— O que diz sobre as filmagens sobre sua chegada dois dias antes, você mentiu em depoimento.

— Não menti, a polícia já sabe as razões da minha chegada prematura. E não tenho razão para esconder nada, minha chegada prematura foi por conta da minha namorada, Bella Hadid, e seu anual encontro para Ação de Graça. Eu tenho um álibi, já Phillip Hart... tem?


Selena desligou a televisão após assistir a entrevista de Abel. Com o controle na mão, balançava o aparelho e as pernas de forma ansiosa, sua mãe pousou a mão no seu joelho e sorriu gentilmente.


— Calma, minha filha.

— Tem algo de errado nessa história, estou sentindo.


Selena estava sozinha, pois ambos os lados declararam guerra sem ela em uma tropa, seria o momento ideal de jogar a toalha e dizer dane-se, mas havia se tornado pessoal. Ela iria provar o que queria, é ela quer nada menos que descobrir o verdadeiro assassino. Agora, se for Abel Tesfaye ou Phillip Hart, ela estava disposta a desmascarar um deles.

Tomou uma atitude. Levantou-se do sofá e viveu o resto do dia sem que pensasse sobre o assunto, disse que tal mistério não tiraria sua paz naquela noite de quinta-feira em família, pois era seu dia da semana favorito pelo hábito da noite de filme e pizza na casa dos Gomez, e desde a morte de sr. Tesfaye, ela não estava ao lado de seus pais.

No dia seguinte, Selena Gomez acordou de sua forma rotineira: tomou seu café da manhã com sua mãe, tomou seu banho e se trocou. Já era janeiro e suas aulas de teatro voltara, então, despediu-se de sua mãe rumo ao curso, porém na esquina da Delancey Street, ela tomou outro rumo. Entrou na estação e sentou-se no banco, assistindo os trens transitarem, tirou seu diário da bolsa e começou a anotar tudo que sabia até naquele exato momento, desde o anúncio da morte de sr. Tesfaye até a soltura de Abel, tudo que fez até aquele momento e diferente do que pensara, ela tinha uma direção a seguir.

Tirou da bolsa uma pasta branca cheia de papeis que roubara de seu pai na noite anterior, era a pasta das finanças de sr. Tesfaye, junto com tal papelada, uma cópia do testamento escrito em mãos pelo sr. Tesfaye um dia antes do seu falecimento.

Um dia antes. Aquela informação pegou Selena de surpresa, pois um dia antes deveria significar algo a polícia. Um dia antes? Oras, Abel poderia provar que seu falecido pai não estava com o juízo perfeito ou fora ameaçado ou, melhor ainda, fora vítima de uma armadilha engenhosa de Phillip Hart e seu advogado. Era muitas possibilidades.

Ainda olhando os itens da pasta, Selena encontrou um disco rígido e cópias de cartas trocadas pelo sr. Tesfaye e um homem chamado Ethan Quinlan, que pelo conteúdo que lera, era o próprio Phillip Hart com outro nome e assinava com a identidade britânica. Ao ler o conteúdo das cartas, Selena ficava cada vez mais perplexa.


— Então quer dizer que o... — Selena sussurrou consigo mesma. — Meu Deus!


Quando fora ler a cópia do testamento, Selena pensava muito no como não sabia das coisas que acontecia sob o teto dos Tesfaye. No último parágrafo, sr. Tesfaye afirmava:

“Sendo o meu maior orgulho, Abel também foi minha maior decepção. Espero que ele consiga suas conquistas, vitórias e a vida com a paixão que eu tive quando fiz a minha vida e minhas escolhas. Deixo para Abel uma única coisa, o espelho original de Américo Vespúcio, uma das melhores conquistas que meu dinheiro me deu. Deixo para que Abel possa se olhar naquele patrimônio e vê-lo como verdadeiramente é: arrogante, traidor e aproveitador.”

O que ele quis dizer com isso? O que Abel fez para que mudasse seu testamento? O que Selena sabia é que o espelho era uma relíquia da família, conquistado em um leilão na qual sr. Tesfaye tinha muito orgulho. Sem dúvidas, é o objeto de mais valor naquela casa e, por alguma escolha que Selena ainda não entendeu, foi a única coisa deixada ao Abel.

Selena recolheu tudo e organizou a papelada da forma que pegara, única coisa que roubou para si foi o disco rígido. Outra questão que Selena pensara durante sua falta à casa foi a razão que seu pai tinha aqueles documentos, e eram documentos importantes que dizia coisas que deveriam ser investigadas pela polícia.

Ao voltar para casa mais cedo, Selena deu a desculpa à sua mãe de que havia esquecido o seu laptop e o texto de estudo. Colocou aquela pasta onde achara no escritório de seu pai e levou consigo o disco rígido. Dessa vez, foi rumo aos estudos onde entraria no último período e enquanto aguardava o horário, pegou seu laptop para assistir o conteúdo. Quando abriu a pasta, tinha três arquivos, sendo um vídeo. No vídeo, era uma gravação escura e malfeita, às escondidas de um armário que ficava na sala de jantar do sr. Tesfaye.

Era uma discussão entre sr. Tesfaye, Abel e Phillip Hart. Pela gritaria, Selena mal conseguia entender sobre o que se tratava e porque a pessoa que gravava estava escondida, mas deduziu que talvez fosse seu pai. Porém, por que seu pai se esconderia no armário e gravaria aquilo? De repente, ficou interessada com Phillip Hart dizendo:


— Abel, vá embora, você não é bem-vindo aqui. Apenas vá!

— Cale a boca, seu imundo! — dizia Abel, com raiva. — Você deveria sair daqui. Suma da minha casa.

— A casa ainda é minha! — sr. Tesfaye impôs-se. — Tudo isso é meu.

— Papai, você não vê que esse homem está te enganando. Você não enxerga isso?

— Quem me enganou foi você, Abel. O que você fez...

— Pare com isso. Esse homem, esse imundo vai roubar todo o seu dinheiro. Você vai morrer sem nada, sem nada!

— Que seja! Melhor que deixar algo a você. — sr. Tesfaye riu e tossiu sucessivamente. —  Você, meu filho, me roubou! Por que eu me preocuparia com outra pessoa me enganar se você já fez isso?

 Novamente, Abel, vá embora... — Phillip Hart pediu com calma.

 Não, não, não... — Ele gritava. —  Eu não aceito que você diga isso de mim. Eu nunca roubei um tostão seu, você sabe que eu nunca fiz isso...

— Mentiroso como sua mãe foi. — sr. Tesfaye disse. — Vá embora e nunca mais volte, pois você não é bem-vindo mais na minha casa, se for voltar, que volte com o que você me roubou.

— Não fale da minha mãe! — Abel aproximou-se do meu agressivamente. — Eu vou, eu vou sim, mas não se preocupe que voltarei para pegar o que é meu.

— Seu? Não há nada seu aqui!

— Dane-se, eu quero que você morra, velho desgraçado. — Abel gritou. — Saiba que estarei na espreita aguardando seu último suspiro de vida, eu quero rir e mijar no seu túmulo, seu infeliz. E quando você menos souber, tudo aqui será meu!


Selena fechou o laptop em um pulo, assustada com o que assistiu. Ela abriu o aparelho novamente para ver os outros arquivos, mas estavam bloqueados com uma senha – ela tentou pensar como seu pai, mas errou duas tentativas. Desistiu. Guardou o disco rígido e tentou voltar o mais rápido possível para guardá-lo antes que seu pai chegasse em casa.

Ao virar a esquina de sua casa, viu duas viaturas paradas na altura de onde morava. Seu corpo ficou gélido, aproximava com bastante cuidado e viu que os oficiais estavam dentro de sua casa.


— O que está acontecendo? — perguntou Selena.

— O disco rígido de seu pai foi roubado. — sua mãe respondeu com ar de preocupação.

— Como assim? Roubado?

— Sim, meu disco rígido desapareceu! Tinha documentos importantes e de grande valia.

— Mas... a polícia?

— Claro! Irei registrar um boletim de ocorrência. — respondeu seu pai. — A sorte que tenho esse documento guardado em outro lugar.

— E... o que era de tão importante?

— Bom, dado ao roubo. Irei divulgar à polícia do que eu sei.

— Papai, você pode estar se precipitando. Que informações são essas? Como sabe que foi roubado, você pode ter perdido ou guardado em outro lugar.

— Não, eu sei onde deixei. A sua mãe saiu nesta tarde por três horas e Abel está solto, tudo faz sentido agora.


Selena encolheu seus ombros, não sabia o que fazer. Se aquele vídeo fosse à mídia, a condenação pública de Abel estará feita. Ela subiu para o seu quarto e quebrou o disco rígido e o jogou no lixo.

Pela janela, Abel a observava.


[CONTINUA]

Um comentário:

  1. Oi, Milena!
    Que bom ver novos posts seus. Fiquei muito feliz por ter mais capítulo para ler.

    Tenho muitas dúvidas sobre quem seria o assassino. Acho que o Abel e o Phillip não serão... talvez o pai dela?!
    Espero ter esse mistério revelado em breve haha!

    Volta logo!

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