Bad Blood 2.0 | 29° Capítulo.

— Vanessa, é bom te ver depois te tanto tempo.

Sentou-se em uma cadeira de frente da moça e esticou a mão, mas Vanessa olhava fixamente para a porta, sabia que tinha alguém por de trás.

— Eles não podem nos ouvir. É ilegal. — explicou. — Eles chamam de visita intima, por isso tem uma cama ali, mas principalmente porque não podem nos ouvir.

Ambas ficaram em silêncio, Ashley estendeu seu braço para pegar a mão de Vanessa e apertou dizendo já em lágrimas.

— O seu lugar não é aqui. — soluçou. — E eu demorei tanto para aparecer porque é algo tão inacreditável, pensei que era um engano, mas estão falando tantas coisas...

— Como está o Zac? — Vanessa perguntou com a voz rouca.

Aquela voz ainda existia, Vanessa pronunciou algo pela primeira vez em tempos, mas Ashley preferia que ela ficasse quieta. Aquilo partiu seu coração.

— Uau! Zac? — Ashley riu, chateada. — Vanessa, eu vim até aqui tentar entender, ver como você está e no que eu posso fazer, mas você pergunta do Zachary? Você não fala por semanas, mas é do Zac que gasta saliva!

Ashley levantou-se e encarou Vanessa de cima abaixo, limpou suas lagrimas e respondeu:

— Não sei como ele está, mas posso dizer que você quer saber dele. Quem sabe ele te ajude! E quem sabe, venha te visitar pois eu não venho mais!

Respirou fundo e saiu do pequeno quartinho cinzenta e bateu a porta, respirou fundo e foi até o final do corredor – tudo ali era tão nojento para Ashley.

— Por que saiu? Ela começou a falar!

— Não serei parte nisso! Ela não é culpada, consigo ver nos olhos dela... E não dá para disputar com quem ela realmente gosta que, de fato, não sou eu.

— Tente novamente!

— Não!

***

Com um suspiro decepcionante, questionou ao abrir a porta:

— O que faz aqui?

— Eu preciso conversar com você. — respondeu. — É sério, Jake. Estou fazendo um grande esforço aqui. Pela primeira vez, consegui fugir sem que ninguém me seguisse ou notasse e dado a minha situação, é uma grande vitória. — deu uma risada tímida. — É a primeira vez em meses que consigo sair sozinha e eu venho querendo falar com você.

—  Pelo que me lembro, você poderia sair na hora que quisesse da casa do Edward. Lembro-me disso muito bem, Taylor.

— É isso que eu quero te explicar. — pediu. — Deixe-me entrar para que eu possa corrigir as coisas. E eu já subi metade das escadas, não me faça voltar atoa carregando essas muletas.

Jacob concordou e deixou Taylor entrar em sua casa, ajudando-a com os últimos degraus da entrada. Ele olhou para a rua que está um breu e com bastante neblina e não parecia ter ninguém a seguindo ou olhando. Taylor ficou parada na sala de estar e olhou em volta da casa, reparando cada detalhe que fazia aquele ser o lar de Jacob, ele passou direto para cozinha – carregava um pano de prato no ombro e a casa cheirava a comida fresca.

— Só não ligue para a bagunça. — Jacob pediu.

— Fique tranquilo, minha casa é assim também. Está um caos, cheio de jornais estampando meu rosto ou revistas de moda estampando minha irmã. — ela riu sozinha.

Taylor seguiu-o até a cozinha, ele ofertou um chá de hibisco fresquinho.

— Pode falar. — ele disse, cortando alguns legumes na tabua.

Taylor observou seus movimentos e respirou fundo, organizando seus pensamentos para não falar nenhuma besteira naquele momento.

—Uma noite antes do meu “desaparecimento” — ela fez aspas com as mãos. — Eu quase morri sufocada na minha irmandade. Eu acordei sem ar, com uma pessoa em cima de mim grudada no seu pescoço e eu não conseguia respirar. Achei que realmente morreria. Tentei de tudo, mas já não consegui gritar. Então, eu comecei a me debater e derrubei o que conseguia da minha cabeceira, fazendo máximo de barulho. — Taylor demostrou com movimentos enquanto narrava a situação. E quando a Miley gritou meu nome, questionando se estava tudo bem. Essa pessoa me soltou e fugiu pela janela. Aquilo foi horrível, uma sensação de que tudo acabaria ali.

Olhou para Jacob e ele continuou em silêncio.

— Eu me tranquei, acalmei Miley e Selena dizendo que tinha quebrado algumas coisas sem querer, mas eu sabia que não era seguro para mim e que se eu ficasse ali, acabaria como Lily. E Ed era minha melhor alternativa porque a polícia não faz nada, muito pelo contrário, se eu morresse naquela noite seria a melhor coisa para Johnny. E acho que até para Jared.

— Não faz sentido...

— Claro que não faz sentido para você! Ninguém entende até estar nessa situação. Se eu recorresse ao Theo, teria o mesmo caminho. O Ed mora na cidade e apenas me acolheu, mas quando soube de Harry Styles. Isso que não faz sentido! Eu entrei em pânico, tinha medo de morrer.

— Tinha? — ele questionou.

— Sim, tinha. Olha para mim, Jake. Morrer seria melhor do que isso.

Ele olhou-a com os olhos lagrimejando, tentando segurar o choro.

— Um dia, quando voltei de um passeio com você no parque, encontrei meu celular ligado e eu tenho certeza de que ele estava desligado o tempo inteiro. O medo foi tanto por saber que alguém esteve na casa do Ed e sabia que eu estava ali que desisti de tudo e iria para a polícia contar uma história falsa, cogitei até a verdade. — Taylor continuou. — Então, vi que tinha uma mensagem com o número de Selena dizendo que sabia sobre tudo e que eu deveria encontrá-la numa lanchonete que tinha na estrada próximo ao campus. E eu pensei que se era confiável e fui para tentar fazer com que ela entendesse toda a história, mas cheguei lá e a lanchonete era abandonada, pelo horário já estava para anoitecer... Foi quando a moto chegou e me atropelou e começaram a me espancar, principalmente minha perna! E era ele: Justin Bieber. E ele se referia sempre a uma pessoa no feminino “não seja estúpida” e outras coisas que eu não me lembro tão bem. — deu uma pausa e bebeu o chá com calma. — Eu queria contar sobre toda a verdade, Ed também queria, mas tinha você! Se falássemos a verdade, você seria uma pessoa que também sofreria com algo que não tinha nada relacionado. E minha irmã veio com aquela maldita foto que você estava comigo no mesmo dia que meu celular foi ligado. Armaram para mim e eu sequer percebi! Eu menti para te proteger até onde pude, mas alguém sabe mais...

— O que falaram sobre mim? — Jacob questionou. — Quem sou eu nessa história?

— Hoje? Ninguém, apenas uma coincidência entre o Ed e eu. — Taylor falou. — Até tentaram de colocar na história dado ao boato que já circulava sobre você. — Taylor finalizou um pouco receosa.

— E você acredita neste boato?

— Não acredito em nenhum boato. Detesto esse tipo de coisa.

— Não tem interesse de fazer qual é a verdade antes de fazer o que você quer?

Taylor ficou em silêncio, não poderia dizer que não tinha curiosidade. Ele riu.

— Eu era casado quando morava em Nova Iorque, era também era professora, mas era de biologia e me traiu com outro colega de trabalho, toda a verdade seria um caos porque ele era casado, já tinha filhos e uma esposa grávida em casa, então, eles iniciaram boatos que eu tinha relações com alunas. Ou pelo menos, instigava algo. Era uma tentativa de me fazer ser o errado, para plantar a dúvida de quem falava a verdade... Eu fui embora, mas isso veio comigo.

— E você não fez nada para impedir que falassem?

— Pedi uma investigação porque não tinha nada a temer e realmente não acharam ninguém que falasse que era verdade. E boates sempre vão existir porque as pessoas pouco se interessam pela verdade.

— E na minha verdade, você acredita?

— Já acreditava em você desde o início, Taylor. Conversei com Ed há quase um mês. — ele respondeu. — Eu não estou te ignorando por achar que você mente, mas porque isso aqui não é certo. Não podemos fazer isso dar certo, não nessa situação inteira.

Taylor abaixou a cabeça, sentiu como um soco no estômago. Jake olhou-a.

— Se não era o Theo o pai porque disse que era?

— Porque o fardo seria muito mais pesado. A verdade é pesada, não é?

[CONTINUA]