23 outubro 2017

PSYCHO | Capítulo Único.

Conto dedicado à uma grande amiga, Thaysa Salles.

21:15pm

Acabara de escurecer na área nobre de Chicago e os morados do luxuoso condomínio Alto Imperial chegavam e separavam-se por estacionamentos e elevadores. Tudo seguia conforme seu egocêntrico cotidiano entre o grande retângulo da classe alta.

Para circular pelas áreas comuns do condomínio era preciso de um pequeno carrinho de golfe para poupar os moradores de sujarem seus trajes a rigor. O condomínio era arquitetado com uma bela vista com os setes prédios de vinte e dois andares, gramados esverdeados e das mais belas e exorbitantes flores.

Um estrondo diferente e tão pouco usual ecoou pelos arredores do Alto Imperial e tudo se apagou – todas as televisões ficaram pretas, o rádio que distraia a arrumadeira desligou, os elevadores pararam, câmeras que filmavam os moradores de cada canto e esquina tornou-se telas pretas e os portões se fecharam. Único lugar com luz eram as escadas de emergência iluminadas com as luzes brancas que levam o mesmo nome. Nunca tinha acontecido um apagão desses, nem no Alto Imperial e tão pouco em Chicago, como observou a empregada doméstica Dorothea.

— Parece que terá que passar a noite aqui... — comentou a patroa com certo desdém. — Meu filho não está na cidade e não temos quartos para criados, então, pode dormir lá desde que comprometa a trocar as roupas de cama logo cedo.

A doméstica que vestia uma roupa que condiz com a profissão deu meio sorriso e agradeceu a patroa, como se lhe tivesse feito algum favor. Voltou sua atenção para a janela de onde trabalhava nas louças e enxergou uma cidade escura até onde os olhos alcançavam a vista e lamentou por não ir passar a noite com seus filhos.

22:00pm

No mesmo andar, mas no prédio vizinho já tinha uma perspectiva diferente. Ali morava um rapaz com pouco mais de vinte anos – charmoso e herdeiro de uma fortuna chamado Harry. Ninguém sabe de onde veio ou aonde vai com tanto dinheiro, sendo este um grande mistério para os morados do Alto Imperial. Cada um que pergunta sobre seus pais ou de seu dinheiro, Harry conta uma diferente história.

Chamava atenção os sons que saiam daquelas quatro paredes. Na companhia de sua namorada de pele naturalmente bronzeada, a falta de energia não trouxe nenhum espanto, pois, na realidade, sequer precisavam dela. Os gemidos altos e suspiros que trocavam não eram nenhum pouco discreto.

Sua namorada, que ali era conhecida como Phoebe, era tão misteriosa quanto sua fortuna, debruçava pelo confortável sofá após do que anunciara ser o melhor sexo já feito. Ele deitou-se em seu peito com os olhos fechados e era acariciado por Phoebe que encarava com suspiros o céu estrelado pela varanda do apartamento.

Ela arregalou os olhos e soltou um grito. Mas não era um grito excitante, era de desespero. De maneira nada delicada, ela puxou seu corpo para trás e correu completamente nua para o parapeito. Ela inclinou seu corpo e seus olhos abriram-se mais.

— Harry! — Ela gritou e o rapaz riu, mas não foi até ela. — Harry, é sério! Tem um homem morto. Eu o vi caindo.

Harry pegou uma garrafa de cerveja ainda gelada e fechou seu charmoso sorriso. Ele correu até o parapeito e os dois encaravam por um tortuoso tempo um corpo masculino atirado na grama em uma distância de 23 andares. Eles se entreolharam e olharam para cima – não tinha ninguém.

Os dois colocaram um roupão e juntos saíram porta afora dando de cara com dois outros moradores daquele prédio, dois que acabará de escapar de um elevador emperrado. Assustados, olharam para os dois residentes que conversavam no corredor sem qualquer preocupação aparente. Harry indagou:

— Vocês viram?

— O que? — A garota sorriu, seu nome era Taylor.

— Um homem acabou de pular... do prédio. — Harry hesitou em dizer, estava pálido.

— Nós estamos aqui faz mais de dez minutos, certo? — Taylor afirmou para o seu vizinho e ele olhou com preocupação, concordou lentamente com a cabeça.

Da janela do corredor, todos esforçaram para olhar e dali viram o corpo atirado igualmente quando Phoebe e Harry viram minutos atrás. O outro rapaz, que dentro do elevador apresentou-se como Thomas, chorou. Todos olharam para ele sem entender, até que ele anunciou:

— Era meu marido! — disse entre desesperados soluços.

Os outros três se olharam e tentaram dar uma palavra de consolo àquele vizinho que nunca viram, mesmo morando há anos juntos. As palavras eram recebidas em vão, já que não passavam de desconhecidos.

Thomas olhou para a escada de emergência e subiu dois andares correndo e sendo seguidos pelos outros três. Ele morava na almejada cobertura do prédio, ao chegar em seu andar, todos pararam atrás do rapaz e fitaram a porta que estava fechada. Com passos curtos, todos chegaram à porta e não tinha nenhum sinal de arrombamento, na verdade, era um condomínio muito seguro pois era preciso do próprio dono do apartamento para entrar – sua chave era nada mais do que biométrica.

Sem luz, ficaria impossível entrar por esse sistema, então, Thomas teve que procurar sua chave para abrir. Assim feito, entrou e viu a extrema organização que seu marido mantinha – infelizmente no pretérito imperfeito. Nada fora do lugar desde que saiu.

— Por que ele se mataria? — Phoebe questionou em voz alta olhando o lugar.

— Ele não faria isso. — Thomas retrucou com soluções e caminhou até a varanda. Ao olhar para o chão, percebeu que era real. Seu amado estava morto! — Ah, Henry! — Lamentou e se deitou no parapeito. — Henry! — Gritou.

Phoebe afastou o rapaz do parapeito e ajudou-o a sentar no sofá enquanto Taylor servia um copo d’agua com açúcar para acalmar o mais novo viúvo. Todos afastaram-se para permitir um espaço e continuaram olhando entre si.

— Ele não se mataria! — Thomas afirmou, agora abismado. — Não se mataria! Jamais!

— Eu vi... — Phoebe afirmou já arrependida do que disse. — Eu estava olhando para janela... Vi ele caindo e não tinha ninguém aqui. Você mesmo afirmou.

— Nós estávamos no mesmo andar... — Taylor voltou para sala após olhar, mais uma vez, o corpo atirado no chão. — Não vimos nada.

— Mas eu vi, nós vimos. — Phoebe apontou para si mesma e Harry.

— Mas não foi um suicídio. — Thomas se levantou, agressivo. — Ele era católico, tinha amor a sua vida. Nunca se mataria. Até porque não há motivo!

— Às vezes, não sabemos. – Phoebe aproximou-se. — Quero dizer.... Pode ser possível.

— Não quer descer? — Taylor perguntou, voltando à sacada pela quarta vez.

22:45pm

Após descerem de escadas os mais de vinte andares, eles saíram do prédio e foram para o sentido esquerdo onde o corpo estava atirado. Os braços do amado abertos e desleixados, Thomas voltou a chorar. Dessa vez, sua consciência aceitou que seu marido, de fato, estava morto.

O choro desesperador de Thomas chamou atenção por todo o saguão. Não demorou muito para acumular uma plateia a velar o corpo. Taylor aproximou-se e segurou a mão de Thomas quando ia, enfim, tocar o falecido amado. Ela agachou no pé de sua orelha e sussurrou para que só ele a ouvisse:

— Não o toque se você acredita que não foi suicídio.

Em volta, todos pareciam curiosos e estavam porque assim que Taylor afastou-se. Thomas guardou sua mão no peito e não tocou no amado. Ele se levantou, em lágrimas desesperadoras e foi acolhido nos braços de Phoebe, enquanto Taylor fechava os olhos do rapaz.

— Deve ter sido... Paul! — Thomas levantou a cabeça que estava encostado no peito de Phoebe.

— Por que Paul arriscaria sua vida por ele? — uma moradora velha que estava ao lado da empregada perguntou irritada. — Está com cara de quem se matou.

— Ele não gostava de nós juntos. — Thomas continuou rebatendo. — Um homofóbico!

Todos em volta estavam quietos. A velha apenas riu e ficou quieta, mas não por muito tempo. Quando todos terminaram suas falsas lamentações, ela apenas disse:

— Paul está fora da cidade desde segunda-feira. Deveria saber disso.

Thomas engoliu a saliva a seco e assistiu todos se espalharem.

— Não é seguro ficar aqui se você acredita ter um assassino a solta.

Alguns moradores foram até o portão do condomínio e depararam-se ao breu de uma cidade caótica. Com medo, todos seguiram para seus respectivos prédios e marcharam juntos pelas escadas aos seus respectivos apartamentos que de andar em andar ficavam mais vazios. E o corpo de Henry permaneceu atirado ali, agora com os olhos fechados e deixando todos com dúvida se realmente tinha sido um suicídio.

00:30am.

Taylor foleava alguns livros com ajuda de uma lanterna. Entre os papeis anotava assuntos remetente à anatomia. Ela tinha uma boa memória e por isso anotava as percepções do corpo até o momento presente.

O tempo passava e seu corpo alertava o cansaço, ela tinha trabalhado um plantão inteiro e ao chegar no condomínio não esperava deparar-se com um cadáver. Sua vontade era deitar-se na cama, mas ela acreditava em Thomas porque, sem saber seus nomes, ela era uma ótima observadora e concordava que ele não é o perfil de um homem que cometeria suicídio. Mesmo que não exista um perfil para isso.

Um andar abaixo, Harry buscava descansar do grande choque da noite, buscando distrações dentro de casa que não fizesse o uso de energia.

— O que acha disso, Harry? 

— Acho.... Que.... Acho que não é da nossa conta, quer dizer, estamos encurralados aqui até a polícia aparecer e começar a investigar.

Phoebe concordou com a cabeça e decidiu tirar aquilo da cabeça. Ela viu o corpo cair, viu ninguém na sacada e se realmente tivesse sido um homicídio alguém veria a pessoa, uma prova ou qualquer coisa que com esse indício. Mas foi um suicídio e era aquilo que todos, incluindo Thomas e Taylor deveriam aceitar.

Mas a linha tênue de aceitar e acreditar é muito distante.

02:00am

Aos que dormiam, estava tudo bem. Era só um pretexto ter acontecido um suicídio e um apagão. Outros pensavam, mas era só porque não tinha coisa melhor para fazer e apenas Thomas manteve-se acordado. Entre goles de uísque e cigarros, era possível ver os inchaços de suas pálpebras e hálito tão pouco tolerável. Ele andava da cama até o banheiro para vomitar, mas ainda assim ingeria bebidas.

Ao tropeçar em um pequeno degrau, a luz voltou. Todos os eletrodomésticos voltaram a funcionar e a cidade de Chicago foi novamente iluminada. Thomas observou que a televisão estava ligada e o celular do Henry estava entre as almofadas do sofá. Por um minuto, ele resolveu lidar com toda a situação mesmo alcoolizado.

Ele pegou o celular do falecido e acessou a senha. Viu que nem da conversa que os dois estavam mantendo tinha sido apagado ou tirado como atual aplicativo sendo usado. Ele releu as últimas conversas e viu que antes do apagão, seu amado mandou uma mensagem que não foi recebida.

“Pedi um jantar para nós. Tenho novidades!”

E ao acessar outros aplicativos como o e-mail viu o mais recente que dizia que havia sido promovido. Deixando mais indícios que seu marido não faria isso com a própria vida. Ele estava certo e buscaria isso, seu marido foi assassinado.

Ele passou a mão por todo o rosto e foi até o banheiro molhá-lo várias e várias vezes em busca de ficar sóbrio novamente. Nunca lamentou tanto por ter descontado a fúria e tristeza na bebida. Ele foi até o terraço de sua cobertura e ao olhar para o chão, uma coisa diferente do que tinha se acostumado a ver.

O corpo sumiu.

— O que.... — Ele iniciou a frase impactado. — Sumiu...

Batidas na porta do seu apartamento, ele hesitou em abrir, mas pelo olho mágico reconheceu os olhos azuis estrelados e bem arregalados. Era Taylor.

Assim que abriu a porta, ela fechou e trancou. Com dois livros nas mãos, ela o levou até o meio da sala e com sussurros, contou o que tinha descoberto até o momento:

— Acredito que seu marido foi morto. Para começar, estranhei os olhos abertos porque pesquisas apontam que pessoas que tendem a se matar, sempre fecham os olhos. Sempre, mas seu marido estava com eles bem abertos e olhando para cima. O que se olhasse o assassino.

— Taylor...

— E eu acho que ele foi morto porque eu sou enfermeira. — Ela sorriu. — Não queria dizer isso porque existe muito desprezo pela profissão, mas eu reparei que o sangue em sua volta já estava muito seco ao chão. Mesmo que demoremos cerca de trinta minutos para verificar o corpo, o sangue parecia ter saído pelo impacto há mais de uma hora e eu chamei a polícia assim que voltou a energia, mas na televisão mostra um caos pela cidade.

— Taylor, o corpo desapareceu! — Thomas gritou e a moça ficou quieta. — Antes de toda essa bobagem, você olhou por sua janela e viu que faltava uma coisa. Meu marido.

A garota ouviu os gritos quieta e permaneceu muda depois disso. Nunca tinha levado um grito desses por tentar ajudar, mesmo em ambiente de trabalho que requer certa histéria. Ela ficou um pouco chateada, sem saber o que fazer. Passou horas pesquisando em seus livros porque não poderia obter ajuda da internet e mesmo assim não foi agraciada. Ao contrário disso, foi dito que suas pesquisas e tentativas de ajuda eram bobagens.

Sem questionar, ela foi até o parapeito e no chão só restava o sangue sendo arrastado. Ela abaixou a cabeça e tentou pensar, mas nada entre seus conhecimentos ajudaria.

— Bom, peço desculpas por... — suspirou. — Eu liguei para a polícia e alertei o ocorrido, mas isso é algo que você deveria buscar reportar. — recolheu seus livros. — Se precisar de algo, sabe onde me encontrar...

Taylor deixou o apartamento de Thomas e descendo as escadas, cruzou com Phoebe. Trocaram sorrisos forçados e cada uma entrou para o seu apartamento. Taylor entrou e jogou os livros contra a parede e agarrou a primeira almofada e gritou contra para abafar o grito — tudo parecia ter sido em vão.

Lembrou-se de que aquele condomínio tinha esse perfil: egoísta. Tinha aprendido aquilo na segunda semana em que alugou seu apartamento, mas pensou que naquela situação as coisas poderiam ser diferentes.

E ela não conseguia deixar de lado. Uma pessoa morreu ali e ela sabia que não foi um incidente qualquer. Um homem foi morto bem diante dos olhos de todos e o assassino ainda está a solta em uma noite tão perigosa quanto essa.

05:47am

Após catorze chamados, a polícia entrou no condômino do Alto Imperial com o nascer do dia e as pessoas acompanhavam de suas janelas o síndico, o viúvo e a polícia conversando na entrada, enquanto na televisão, o jornal local apontava o caos que se tornou Chicago com roubos, invasões em domicílio e homicídios.

Para um condomínio de luxo daquele porte, foi necessário trazer uma grande força tarefa para ajudar a investigar o caso com grande atraso. De um lado, uma equipe localizou o corpo de Henry na piscina principal do condomínio, boiando em seu próprio sangue e, como apontado pelo perito, ficaria difícil de examiná-lo. Nas suas palavras:

— Quem fez isso, com certeza sabia o que estava fazendo!

E uma outra equipe foi entrevistar e colher depoimentos dos vizinhos que estavam na cena do crime apontados por Thomas. A primeira a dar seu depoimento foi Taylor, que contou tudo o que ocorrera na última noite e deu sua opinião em acreditar que Henry fora assassinado, mas o detetive do caso, Herman Alcott, ignorou qualquer comentário extra. Depois, desceram e visitaram o casal que viu a cena fatal, Harry e Phoebe, que mesmo separados, contaram a mesma versão do fato vivido na noite anterior.

— Não temos nada a esconder, detetive. — Harry afirmou com confiança.

— Estamos aqui apenas para colher depoimentos e tentar entender o que aconteceu na última noite, sr. Styles. — Alcott afirmou com um sorriso. — Não fique na defensiva.

O detetive Alcott e os demais policiais que o acompanhavam saíram do apartamento e foram para os próximos vizinhos do prédio. Phoebe se sentou na poltrona, enquanto Harry foi para a cozinha preparar o café com alguns ovos, do jeito que sua amada gostava.

Enquanto preparava a frigideira, assistia Phoebe em silêncio e, também, inquieta. Ele caminhou até Phoebe, levantou seu pescoço com o dedo indicador e deu um selinho.

— Não fique assim, Phoeb...

— Como tudo isso não te incomoda? Está tão calmo em saber que ele pode ter...

— Perdi meus pais em um assalto, lembra?! — ele sorriu, porém magoado.

— Harry, perdoa-me... — Phoebe se levantou rapidamente e o abraçou. — Não pensei...

— Fique calma, apenas fique calma. — ele respondeu.

Phoebe o puxou pela gola de sua camisa polo e o beijou intensamente.

— Que tal continuarmos de onde paramos... — Phoebe sugeriu maliciosa.

Harry concordou com a cabeça e voltou a beijá-la, deslizando suas mãos pela camisola da amada, mas foram interrompidos quando a campainha tocou. Ele arrumou sua camisa e caminhou até a porta, abriu e exclamou confuso:

— Taylor, certo?!

— Sim.. — Taylor sorriu. — Moro no andar debaixo.

— No que podemos te ajudar? — Harry perguntou com falsa simpatia.

— É que isso não sai da minha cabeça. Queria entender como vocês não viram quem atirou o corpo de Henry, não tinha ninguém...

— Já demos nossos depoimentos à polícia há alguns minutos. — Phoebe interrompeu-a.

— Eu também, mas quero apenas...

— Isso não é prazeroso para nós de maneira alguma. Tudo que vimos e falamos ontem, já contamos a polícia e agora temos que deixá-los agir. — Phoebe disse firme.

— Eu só penso em duas alternativas e queria a ajuda para entender, o assassino pode ter descido pelas escadas sem nenhum de nós vermos ou ele pode ter se escondido na caixa d’água e aguardado. — Taylor contou suas teorias. — E o que estou tentando entender, Harry, apenas isso.

— Taylor... — ele suspirou. — A polícia já está aqui, não vá mexer com uma coisa que não te diz o respeito, apenas esqueça e vá... não sei... trabalhar ou se divertir um pouco.

Aquilo atingiu-a de maneira que ela não pôde esconder, sorriu e concordou.

— Só estava tentando entender...

— Ou estava tentando uma aproximação aqui. — Phoebe abraçou Harry pela cintura. — É melhor deixar isso para lá ou não nos envolver, melhor esquecer mesmo...

— Não era essa a minha intenção. — Taylor retrucou.

Taylor virou as costas e desceu pelas escadas, Harry fechou a porta e passou a mão pelo seu cabelo comprido e voltou a cozinha para finalizar o café da manhã. Phoebe o seguiu e parou no balcão.

— Não foi só um caso de um mês como você me contou, não é? — Phoebe.

— Ah, Phoebe... — Harry olhou-a. — É sério? Vamos terminar de estragar todo o nosso dia por causa da Taylor?

— Só me conte a verdade...

— Ela é maluca, ainda se intromete em tudo para “tentar entender”. — Harry respondeu um pouco alterado. — Sempre foi assim. Não teria dado certo mesmo com mais esforço.

— Ainda não é tudo...

— Ela é intromedita, Phoebe. Não tem tanto o que dizer sobre a Taylor, ela faz muitas perguntas e queria que eu me abrisse mais. — Ele serviu o café em duas xícaras. — Tudo desandou quando ela queria saber mais sobre os meus pais...

— E foi uma dos que pensam que você matou seus pais?

— Deve ser, não teria sido a única pessoa. — Harry bebericou o um gole e deu de ombros. — Não teria sido mentira, de qualquer forma...

Phoebe aproximou-se do amado e o abraçou pela cintura.

— Irei conversar com ela para que ela deixe você em paz. — sorriu. — Eu te amo e nada mais importa, você sabe disso. E eu faço de tudo para que você fique bem, não é verdade?

— Sempre. — respondeu Harry.

Os dois selaram a paz com um beijo intenso e tudo entre eles tinham voltado aos eixos.

Já na área recreativa do condomínio, dezenas de policiais circulavam entre a cena do crime e a piscina onde o corpo de Henry fora achado. E Thomas acompanhava tudo sozinho e aos soluços, pois já não aguentava mais chorar.

11:37am

O sol já estava ainda mais forte e foi próximo ao horário do almoço que o corpo de Henry foi liberado para seguir ao necrotério e, depois de algumas horas, os locais indicados foram liberados para a livre circulação dos moradores, mas nenhum teve a coragem de sair de suas casas naquele dia bastante sombrio.

Taylor havia terminado de arrumar seu apartamento e levou um bowl de sucrilhos para comer no parapeito de sua varanda, onde observava uma equipe de cinco faxineiras tentando limpar as manchas de sangue da cena do crime.

Naquele momento, Taylor apenas se calou. Já não estava mais curiosa, pois sabia da verdade, mas estava assustada e tinha medo. Ela não poderia mudar os fatos, mas sabia que estava sozinha.

E a vida seguiu para todos naquele dia, depois naquela semana e tudo voltou ao normal.

***

Após vinte e sete dias, saiu o resultado da perícia e as investigações tomaram um rumo diferente do que fora esperado e o detetive Alcott foi conversar com Thomas sobre o assunto de tamanha delicadeza. Não é fácil noticiar uma morte e não há anos de profissão que torne esse momento fácil, mas é ainda mais difícil noticiar a uma pessoa que vive o estágio da negação que a pessoa amada o deixou por tirar sua própria vida.

Foi essa notícia arrebatadora que tomou Thomas naquela manhã, a confirmação que seu marido tirou sua própria vida. E na negação, questionou como seu corpo mudara de lugar.

— Isso nós iremos investigar mais a fundo, temos uma teoria em que uma vizinha fez isso com a empregada doméstica porque o corpo estava muito próximo. É tudo que posso lhe contar. — detetive Alcott respondeu. — E quando confirmado, serão indicadas como tal, mas isso não mudará os fatos, Henry, de que seu marido tirou a própria vida.

Henry concordou em silêncio. Seu amado se foi e levou consigo o motivo.

— Belas flores. — detetive comentou ao despedir-se. — Fique bem.

Henry olhou para as flores no balcão principal da cobertura e estava assinado por Taylor Swift, sua vizinha que mandava flores desde o velório lamentando sobre os fatos.

Após seu plantão de 40h no hospital local, Taylor chegara no condomínio exausta e subiu a escadaria quando cruzou com Phoebe que a derrubou da escada com um esbarrão quase que proposital. Phoebe esticou a mão oferecendo ajuda, mas Taylor levantou-se sozinha.

— Machuquei? — Phoebe perguntou.

— A mim, não. — Taylor respondeu e arrumou sua bolsa no ombro.

— Não me diga que ainda é sobre o Harry. — Phoebe riu.

— Você usa sempre muitas escadas, não é? — Taylor questionou subindo alguns degraus.

— É claro! Não malho todos os dias para me acomodar com elevadores. — riu.

— Nunca foi sobre o Harry.

— Que bom, Taylor, isso é ótimo porque eu estava preocupada com o passado de vocês.

— Não existe nada entre nós, não é isso que deveria te preocupar... Lana!

— Oh, você sabe meu nome. — Phoebe riu. — Uau! Você é realmente mais maluca do que Harry teria me alertado. — respirou fundo. — Achei que estávamos bem.

— Não fui a única a descobrir a verdade sobre você. Henry também sabia a verdade sobre o que aconteceu com os pais do Henry, ele desconfiava há muito tempo... desde que Harry tentou comprar aquela cobertura com o dinheiro do seguro um mês depois do ocorrido, mas vocês se certificaram que ele jamais falaria algo...

— Meu Deus! Você é louca mesmo. — Phoebe riu. — Louca, louca, louca.

Phoebe tentou seguir caminho, tentava transmitir segurança dos seus trejeitos corporais, mas Taylor a chamou novamente.

— A verdade é que você nunca viu o corpo de Henry sendo atirado, apenas disse que viu por que se fosse realmente verdade, Thomas e eu também teríamos visto ou outra pessoa teria ao menos ouvido algo, mas você é a única que afirma o horário da morte.

— Essa é a sua tão sonhada verdade? — Phoebe disse irônica. — E quem vai acreditar nessas bobagens? Ninguém jamais irá acreditar nisso porque não faz sentido.

— Faz sim. Ainda mais quando nos cruzamos aqui mesmo, nessas escadas, após você mover o corpo de Henry para estragar as investigações. Foi você!

Phoebe olhou-a e suspirou, abriu um sorriso.

— Lamento muito que as coisas não tenham ido bem entre nós. Confesso que detesto rivalidade por causa de um cara...

— Não existe rivalidade alguma. Não me importo com o Harry ou com você.

Taylor fechou os punhos e voltou a subir as escadas às pressas até seu apartamento, abriu a porta e ouviu a barulho do elevador abrindo a porta do seu andar. Olhou para trás e Phoebe saiu do elevador e avançou para dentro do apartamento de Taylor e empurrou-a no chão.

— Saia daqui! — Taylor gritou.

Taylor começara a gritar, mas Phoebe agarrou-a pelo pescoço e bateu sua cabeça duas vezes no chão. Taylor desmaiou.

Quando abriu os olhos, Taylor enxergava tudo como vultos, seus lábios estavam secos e a cabeça doía muito forte.

— Taylor... — Phoebe a chamava com um sorriso. — Está me ouvindo bem?

Taylor tentou levantar-se, mas sentia como se um imã a puxasse de volta ao chão. Ao ter mais força para levantar, caiu novamente de joelhos.

— Taylor, por favor, fique calma. Estamos aqui para ajudar você. Quando te encontramos aqui, você falava coisas alucinantes e está bem agressiva. Ligamos para a ambulância.

— Ela está drogada! — Harry afirmou. — Cuidado, Lana.

— Está tudo bem, ela nem consegue formular uma frase. — respondeu.

Taylor piscou lento algumas vezes até que desmaiou novamente.

Quando abriu os olhos já não estava mais em sua casa, estava no hospital. Suas mãos estavam amarradas na maca e tinha dois oficiais da polícia na sala. Um médico aproximou-se de Taylor e disse:

— Taylor Swift, certo? Sou William Mansfield, você me conhece, trabalhamos juntos aqui no Hospital San Rosie. — comunicou com certa decepção no rosto. — Você quase teve uma overdose e, pelos nossos exames, você estava sob efeito de drogas enquanto estava de plantão mais cedo.

— O que? — Taylor dizia confusa. — Não, não, não é possível isso.

— Com que frequência você faz uso de entorpecentes?

— William, por favor, você me conhece e conhece meu trabalho. — Taylor dizia desesperava e em lágrimas. — Eu nunca...

— Sra. Swift, não se prejudique mais. — um oficial falou. — Apenas responda as perguntas feitas pelo dr. Mansfield. — completou. — E agradeça que Harry Styles e sua namorada, Phoebe, chamaram a polícia ao ver seu estado. Você poderia estar morta!

— Não... — Taylor levava a sua mão a cabeça. — Eles são loucos, tentaram me matar!

— Viu, só? Ela está fazendo essas acusações há algum tempo... — Phoebe disse. — Não nego que excitei chamar a ambulância por conta dessas acusações, mas era o certo a se fazer, porém ela diz que tentei machucá-la...

— Tudo bem, tudo bem... — dr. Mansfield respondeu rude. — A paciente está muito agitada e isso a fará mal, podem se retirar, por favor, que assumimos daqui.

— William... — Taylor gritava. — Acredite em mim... eu não sei o que está acontecendo, eu não sinto minhas pernas, meu coração dói...

Os oficiais acompanharam Harry e Phoebe até a saída e ambos foram para a casa de táxi. Ao chegar em seu apartamento, Harry sentou-se no sofá e admirou sua amada arrumando alguns detalhes na decoração da casa de maneira distraída.

— Foi você, não foi? — Harry perguntou.

— Querido, você vai precisar ser mais específico. — Phoebe olhou-o.

— Sobre o Henry. E agora, a Taylor. — respondeu.

— Harry, meu amor, eu disse que eu faria de tudo para te proteger. — Phoebe sorriu.

— E você cumpriu com isso. — Harry aproximou-se e beijou sua testa. — Eu te amo!

Ela se deitou em seu peito e eles se abraçaram forte.

— Podemos continuar de onde paramos naquele dia? — Harry perguntou.

Ela assentiu e Harry deitou-a no sofá e tirou sua roupa lentamente enquanto a beijava. Phoebe sentiu a língua de Harry deslizar de maneira quente por todo seu corpo que, para ele, era como uma obra de arte. Ela gemia com cada toque e ele a agraciava.

Daquela forma, tudo voltou ao normal porque todos os assuntos foram encerrados e os fatos eram o seguinte: Thomas encontrou um rascunho no e-mail de seu marido alegando vergonha em tê-lo traído, tamanha vergonha que só poderia pagar por sua própria vida e a vizinha que morava no primeiro andar, Bell May, não suportou passar a noite com um cadáver tão próximo a sua janela que o moveu para longe dali sem pensar em alguma consequência – entretanto, foi indiciada por obstrução de justiça, mas não era algo que a preocupou porque ela tinha dinheiro o suficiente para lidar com esse incidente, já a sua empregada não poderia afirmar o mesmo.

Enquanto isso, Taylor Swift encarou sua demissão e seu processo administrativo por trabalhar sob efeito de entorpecentes, jamais trabalhará na sua área novamente e terá que participar de reuniões para viciados, mesmo que soubesse não ser uma. Após sua alta do hospital, mudou-se e voltou para a casa de seus pais com vergonha do exposto.

E Harry Styles conseguiu comprar a tão sonhada cobertura do Alto Imperial, com cerca de 800 metros quadrados com área externa luxuosa, após Thomas vende-lo por não conseguir manter seus antigos padrões de vida, e ao lado de sua amada Phoebe, ou melhor, Lana.

Depois deste atípico episódio, Chicago superou da mesma forma que o Alto Imperial superou todos os ocorridos trágicos. E nada mudou, todos voltaram os olhos para si mesmo e para aquilo que mais lhe importavam.

E para Lana, o que mais importava era seu precioso Harry Styles.

 

[FIM]

12 comentários:

  1. SE EU ESTOU NO CHÃO???? EU ESTOU JOGADA!!!!!!!! MISERICÓRDIAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA! MIRELA DO CÉU, ASSIM VC ME MATA!!!!!
    Primeiro gostaria de dizer que você foi muito cruel com a minha digníssima pessoa, jamais esquecerei o trote de hoje. E DEPOIS QUERIA DIZER QUE MTA MALDADE HARRY E LANA (vulgo eu) NUNCA CONSEGUIREM TRANSAR! KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK TE ODEIOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO
    E, manooooooo, eu jamais esperaria esse plot! Surtei no whats em tempo real, MAS VELHO VAI SE FODEEEEEEEEEEEER!!! Eu jamais esperaria que Lana e Harry fossem os culpados ou que, pior, fossem dois psicopatas.. ALÔ NORMAN BATES! Gente, eu estou passada. QUERIA PODER COMENTAR COM GIF AQUI EU TENHO UMA GRETCHEN PARA CADA MOMENTO!
    Ai, cara, eu não tenho mais nem o que falar! Ficou muito boa, sério mesmo, me surpreendeu de verdade sobre com o desenrolar da fic e, embora eu tenha ficado um pouco assustada com o plot (o que foi uma coisa boa, juro!!!!), não posso negar o fato de ter amado. Lana e Harry são loucos e merecem ir pra cadeia SIM, mas eu posso dizer que tive meus momentos? Adorei o casal, apesar da dissimulação. AH SE FODER EU AMEI O CASAL!
    Crying in a cool way
    TE AMO MUITO! Obrigada por ter feito isso e obrigada por ter me aguentado esse tempo inteiro te infernizando pra postar. VALEU MUITO A PENA ESPERAR! EU AMEI DEMAIS. AMEI MUITO.
    AFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFF
    JÁ QUERO OUTRA FIC COMIGO E COM O BABY STYLES. QUERO JÁ.
    Te amo MUITO! <3

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    1. Prometo que aquele trote e o spoiler falso jamais vai repetir novamente, mas confesso que lembrar daquilo anima muito meu dia.
      Fico feliz que tenha gostado e se surpreendido com o final. Eu trabalhei muito nele para virar o jogo. Cumpri minha promessa de fazer uma fanfic para você e com você nela apesar de não querer colocar seu nome e querer te matar umas 145452415 de vezes.
      Já sabe que pode ter outra no caminho. Obrigada pelo layout tambem.
      TE AMO.

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  2. gostei mto da shot e nao esperava que lana e harry eram responsaveis pq eles apoiaram taylor e thomas
    tbm nao gostei do jeito que trataram a taylor na fic inteira kkkkkkkkk msm que ela cuide do que nao e da conta dela ne
    mto bom adoro suas oneshot

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    1. Fico feliz que tenha gostado e pela surpresa no final. Era minha intenção surpreender a todos.
      Sim, trataram a Taylor muito mal e eu fiquei triste por isso.
      Obrigada.
      Beijos.

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  3. Mano, eu amei isso, amei a ambientação, o plot, os personagens,a narração e o que foi esse plot twist? Maravilhoso!1!! Eu realmente não pensei que a Lana ou o Harry mataram o cara, mas se deve algo que eu aprendi com histórias de assassinato, o assassino sempre é alguém fundamental para história, nunca seria um desconhecido.
    Eu amei tudo, sério! Parabéns pela história!
    <3

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    1. Fico muito feliz que tenha gostado Malu.
      A ideia de fazer em um ambiente diferente e que poderia gerar surpresas sempre rondou minha cabeça. Estava cansada de escrever/ler sobre ambientes escolares ou similares. Enfim, fico feliz que tenha gostado de tudo.
      Sim, o assassino sempre é um personagem ou aparecem logo no meio da narrativa. Aprendi isso com milhões de temporadas de CSI.
      Fico muito feliz. Obrigada!
      Beijos.

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  4. Oi Mi, quanto tempo hein? 2 anos?
    Estou perdida no seu blog rs, mas logo me acho. Fiquei surpresa com o final. Não pensei que os dois fossem os assassinos.
    Parabéns. <3 amei

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    1. Lari! Sim faz muito tempo, acho que mais de dois anos até.
      Fico feliz que tenha voltado e gostado dessa oneshot e de outras fanfics minhas.
      Desde que você sumiu publiquei muita coisa haha.
      Obrigada pelo comentário.
      Beijos.

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  5. to surpresa com o final mas desconfiei de harry quando vc falou que ngm sabia a história dele mas a jogada da kana falando que viu foi mto bom por essa mentira não esperava
    Adoro suas fics bjos

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    1. Sim, eu tentei trazer dicas desde o inicio, mas não entregar direto quem seria.
      Acho que deu certa pela sua aprovação e de outros leitores. Fico muito feliz que tenha gostado.
      Obrigada pelo carinho.
      Beijos.

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  6. Essa one shot salvou meu fds
    Muito bom mirela parabens

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    1. Fico feliz em ler isso. Muito obrigada pelo carinho.
      Beijos.

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