Conto
dedicado à uma grande amiga, Thaysa Salles.
21:15pm
Acabara
de escurecer na área nobre de Chicago e os morados do luxuoso condomínio Alto
Imperial chegavam e separavam-se por estacionamentos e elevadores. Tudo seguia
conforme seu egocêntrico cotidiano entre o grande retângulo da classe alta.
Para circular
pelas áreas comuns do condomínio era preciso de um pequeno carrinho de golfe
para poupar os moradores de sujarem seus trajes a rigor. O condomínio era arquitetado
com uma bela vista com os setes prédios de vinte e dois andares, gramados
esverdeados e das mais belas e exorbitantes flores.
Um
estrondo diferente e tão pouco usual ecoou pelos arredores do Alto Imperial e
tudo se apagou – todas as televisões ficaram pretas, o rádio que distraia a
arrumadeira desligou, os elevadores pararam, câmeras que filmavam os moradores
de cada canto e esquina tornou-se telas pretas e os portões se fecharam. Único
lugar com luz eram as escadas de emergência iluminadas com as luzes brancas que
levam o mesmo nome. Nunca tinha acontecido um apagão desses, nem no Alto
Imperial e tão pouco em Chicago, como observou a empregada doméstica Dorothea.
— Parece
que terá que passar a noite aqui... — comentou a patroa com certo
desdém. — Meu filho não está na cidade e não temos quartos para
criados, então, pode dormir lá desde que comprometa a trocar as roupas de cama
logo cedo.
A
doméstica que vestia uma roupa que condiz com a profissão deu meio sorriso e
agradeceu a patroa, como se lhe tivesse feito algum favor. Voltou sua atenção
para a janela de onde trabalhava nas louças e enxergou uma cidade escura até
onde os olhos alcançavam a vista e lamentou por não ir passar a noite com seus
filhos.
22:00pm
No
mesmo andar, mas no prédio vizinho já tinha uma perspectiva diferente. Ali
morava um rapaz com pouco mais de vinte anos – charmoso e herdeiro de uma
fortuna chamado Harry. Ninguém sabe de onde veio ou aonde vai com tanto
dinheiro, sendo este um grande mistério para os morados do Alto Imperial. Cada
um que pergunta sobre seus pais ou de seu dinheiro, Harry conta uma diferente
história.
Chamava
atenção os sons que saiam daquelas quatro paredes. Na companhia de sua namorada
de pele naturalmente bronzeada, a falta de energia não trouxe nenhum espanto,
pois, na realidade, sequer precisavam dela. Os gemidos altos e suspiros que
trocavam não eram nenhum pouco discreto.
Sua
namorada, que ali era conhecida como Phoebe, era tão misteriosa quanto sua
fortuna, debruçava pelo confortável sofá após do que anunciara ser o melhor
sexo já feito. Ele deitou-se em seu peito com os olhos fechados e era
acariciado por Phoebe que encarava com suspiros o céu estrelado pela varanda do
apartamento.
Ela
arregalou os olhos e soltou um grito. Mas não era um grito excitante, era de
desespero. De maneira nada delicada, ela puxou seu corpo para trás e correu
completamente nua para o parapeito. Ela inclinou seu corpo e seus olhos
abriram-se mais.
— Harry! — Ela
gritou e o rapaz riu, mas não foi até ela. — Harry, é sério! Tem um
homem morto. Eu o vi caindo.
Harry
pegou uma garrafa de cerveja ainda gelada e fechou seu charmoso sorriso. Ele correu
até o parapeito e os dois encaravam por um tortuoso tempo um corpo masculino
atirado na grama em uma distância de 23 andares. Eles se entreolharam e olharam
para cima – não tinha ninguém.
Os
dois colocaram um roupão e juntos saíram porta afora dando de cara com dois
outros moradores daquele prédio, dois que acabará de escapar de um elevador
emperrado. Assustados, olharam para os dois residentes que conversavam no
corredor sem qualquer preocupação aparente. Harry indagou:
— Vocês
viram?
— O
que? — A garota sorriu, seu nome era Taylor.
— Um
homem acabou de pular... do prédio. — Harry hesitou em dizer, estava
pálido.
— Nós
estamos aqui faz mais de dez minutos, certo? — Taylor afirmou para o
seu vizinho e ele olhou com preocupação, concordou lentamente com a cabeça.
Da
janela do corredor, todos esforçaram para olhar e dali viram o corpo atirado
igualmente quando Phoebe e Harry viram minutos atrás. O outro rapaz, que dentro
do elevador apresentou-se como Thomas, chorou. Todos olharam para ele sem
entender, até que ele anunciou:
— Era
meu marido! — disse entre desesperados soluços.
Os
outros três se olharam e tentaram dar uma palavra de consolo àquele vizinho que
nunca viram, mesmo morando há anos juntos. As palavras eram recebidas em vão,
já que não passavam de desconhecidos.
Thomas
olhou para a escada de emergência e subiu dois andares correndo e sendo
seguidos pelos outros três. Ele morava na almejada cobertura do prédio, ao
chegar em seu andar, todos pararam atrás do rapaz e fitaram a porta que estava
fechada. Com passos curtos, todos chegaram à porta e não tinha nenhum sinal de
arrombamento, na verdade, era um condomínio muito seguro pois era preciso do
próprio dono do apartamento para entrar – sua chave era nada mais do que
biométrica.
Sem
luz, ficaria impossível entrar por esse sistema, então, Thomas teve que
procurar sua chave para abrir. Assim feito, entrou e viu a extrema organização
que seu marido mantinha – infelizmente no pretérito imperfeito. Nada fora do
lugar desde que saiu.
— Por
que ele se mataria? — Phoebe questionou em voz alta olhando o lugar.
— Ele
não faria isso. — Thomas retrucou com soluções e caminhou até a
varanda. Ao olhar para o chão, percebeu que era real. Seu amado estava
morto! — Ah, Henry! — Lamentou e se deitou no
parapeito. — Henry! — Gritou.
Phoebe
afastou o rapaz do parapeito e ajudou-o a sentar no sofá enquanto Taylor servia
um copo d’agua com açúcar para acalmar o mais novo viúvo. Todos afastaram-se
para permitir um espaço e continuaram olhando entre si.
— Ele
não se mataria! — Thomas afirmou, agora abismado. — Não se
mataria! Jamais!
— Eu
vi... — Phoebe afirmou já arrependida do que disse. — Eu
estava olhando para janela... Vi ele caindo e não tinha ninguém aqui. Você
mesmo afirmou.
— Nós
estávamos no mesmo andar... — Taylor voltou para sala após olhar,
mais uma vez, o corpo atirado no chão. — Não vimos nada.
— Mas
eu vi, nós vimos. — Phoebe apontou para si mesma e Harry.
— Mas
não foi um suicídio. — Thomas se levantou, agressivo. — Ele
era católico, tinha amor a sua vida. Nunca se mataria. Até porque não há
motivo!
— Às
vezes, não sabemos. – Phoebe aproximou-se. — Quero dizer.... Pode ser
possível.
— Não
quer descer? — Taylor perguntou, voltando à sacada pela quarta vez.
22:45pm
Após
descerem de escadas os mais de vinte andares, eles saíram do prédio e foram
para o sentido esquerdo onde o corpo estava atirado. Os braços do amado abertos
e desleixados, Thomas voltou a chorar. Dessa vez, sua consciência aceitou que
seu marido, de fato, estava morto.
O
choro desesperador de Thomas chamou atenção por todo o saguão. Não demorou
muito para acumular uma plateia a velar o corpo. Taylor aproximou-se e segurou
a mão de Thomas quando ia, enfim, tocar o falecido amado. Ela agachou no pé de
sua orelha e sussurrou para que só ele a ouvisse:
— Não
o toque se você acredita que não foi suicídio.
Em
volta, todos pareciam curiosos e estavam porque assim que Taylor afastou-se.
Thomas guardou sua mão no peito e não tocou no amado. Ele se levantou, em lágrimas
desesperadoras e foi acolhido nos braços de Phoebe, enquanto Taylor fechava os
olhos do rapaz.
— Deve
ter sido... Paul! — Thomas levantou a cabeça que estava encostado no
peito de Phoebe.
— Por
que Paul arriscaria sua vida por ele? — uma moradora velha que estava
ao lado da empregada perguntou irritada. — Está com cara de quem se
matou.
— Ele
não gostava de nós juntos. — Thomas continuou
rebatendo. — Um homofóbico!
Todos
em volta estavam quietos. A velha apenas riu e ficou quieta, mas não por muito
tempo. Quando todos terminaram suas falsas lamentações, ela apenas disse:
— Paul
está fora da cidade desde segunda-feira. Deveria saber disso.
Thomas
engoliu a saliva a seco e assistiu todos se espalharem.
— Não
é seguro ficar aqui se você acredita ter um assassino a solta.
Alguns
moradores foram até o portão do condomínio e depararam-se ao breu de uma cidade
caótica. Com medo, todos seguiram para seus respectivos prédios e marcharam
juntos pelas escadas aos seus respectivos apartamentos que de andar em andar
ficavam mais vazios. E o corpo de Henry permaneceu atirado ali, agora com os
olhos fechados e deixando todos com dúvida se realmente tinha sido um suicídio.
00:30am.
Taylor
foleava alguns livros com ajuda de uma lanterna. Entre os papeis anotava
assuntos remetente à anatomia. Ela tinha uma boa memória e por isso anotava as
percepções do corpo até o momento presente.
O
tempo passava e seu corpo alertava o cansaço, ela tinha trabalhado um plantão
inteiro e ao chegar no condomínio não esperava deparar-se com um cadáver. Sua
vontade era deitar-se na cama, mas ela acreditava em Thomas porque, sem saber
seus nomes, ela era uma ótima observadora e concordava que ele não é o perfil
de um homem que cometeria suicídio. Mesmo que não exista um perfil para isso.
Um
andar abaixo, Harry buscava descansar do grande choque da noite, buscando
distrações dentro de casa que não fizesse o uso de energia.
— O
que acha disso, Harry?
— Acho....
Que.... Acho que não é da nossa conta, quer dizer, estamos encurralados aqui
até a polícia aparecer e começar a investigar.
Phoebe
concordou com a cabeça e decidiu tirar aquilo da cabeça. Ela viu o corpo cair,
viu ninguém na sacada e se realmente tivesse sido um homicídio alguém veria a
pessoa, uma prova ou qualquer coisa que com esse indício. Mas foi um suicídio e
era aquilo que todos, incluindo Thomas e Taylor deveriam aceitar.
Mas a
linha tênue de aceitar e acreditar é muito distante.
02:00am
Aos
que dormiam, estava tudo bem. Era só um pretexto ter acontecido um suicídio e
um apagão. Outros pensavam, mas era só porque não tinha coisa melhor para fazer
e apenas Thomas manteve-se acordado. Entre goles de uísque e cigarros, era
possível ver os inchaços de suas pálpebras e hálito tão pouco tolerável. Ele
andava da cama até o banheiro para vomitar, mas ainda assim ingeria bebidas.
Ao
tropeçar em um pequeno degrau, a luz voltou. Todos os eletrodomésticos voltaram
a funcionar e a cidade de Chicago foi novamente iluminada. Thomas observou que
a televisão estava ligada e o celular do Henry estava entre as almofadas do
sofá. Por um minuto, ele resolveu lidar com toda a situação mesmo alcoolizado.
Ele
pegou o celular do falecido e acessou a senha. Viu que nem da conversa que os
dois estavam mantendo tinha sido apagado ou tirado como atual aplicativo sendo
usado. Ele releu as últimas conversas e viu que antes do apagão, seu amado
mandou uma mensagem que não foi recebida.
“Pedi
um jantar para nós. Tenho novidades!”
E ao
acessar outros aplicativos como o e-mail viu o mais recente que dizia que havia
sido promovido. Deixando mais indícios que seu marido não faria isso com a
própria vida. Ele estava certo e buscaria isso, seu marido foi assassinado.
Ele
passou a mão por todo o rosto e foi até o banheiro molhá-lo várias e várias
vezes em busca de ficar sóbrio novamente. Nunca lamentou tanto por ter
descontado a fúria e tristeza na bebida. Ele foi até o terraço de sua cobertura
e ao olhar para o chão, uma coisa diferente do que tinha se acostumado a ver.
O
corpo sumiu.
— O
que.... — Ele iniciou a frase impactado. — Sumiu...
Batidas
na porta do seu apartamento, ele hesitou em abrir, mas pelo olho mágico
reconheceu os olhos azuis estrelados e bem arregalados. Era Taylor.
Assim
que abriu a porta, ela fechou e trancou. Com dois livros nas mãos, ela o levou
até o meio da sala e com sussurros, contou o que tinha descoberto até o
momento:
— Acredito
que seu marido foi morto. Para começar, estranhei os olhos abertos porque
pesquisas apontam que pessoas que tendem a se matar, sempre fecham os olhos.
Sempre, mas seu marido estava com eles bem abertos e olhando para cima. O que
se olhasse o assassino.
— Taylor...
— E
eu acho que ele foi morto porque eu sou enfermeira. — Ela
sorriu. — Não queria dizer isso porque existe muito desprezo pela
profissão, mas eu reparei que o sangue em sua volta já estava muito seco ao
chão. Mesmo que demoremos cerca de trinta minutos para verificar o corpo, o
sangue parecia ter saído pelo impacto há mais de uma hora e eu chamei a polícia
assim que voltou a energia, mas na televisão mostra um caos pela cidade.
— Taylor,
o corpo desapareceu! — Thomas gritou e a moça ficou
quieta. — Antes de toda essa bobagem, você olhou por sua janela e viu
que faltava uma coisa. Meu marido.
A
garota ouviu os gritos quieta e permaneceu muda depois disso. Nunca tinha
levado um grito desses por tentar ajudar, mesmo em ambiente de trabalho que
requer certa histéria. Ela ficou um pouco chateada, sem saber o que fazer.
Passou horas pesquisando em seus livros porque não poderia obter ajuda da
internet e mesmo assim não foi agraciada. Ao contrário disso, foi dito que suas
pesquisas e tentativas de ajuda eram bobagens.
Sem
questionar, ela foi até o parapeito e no chão só restava o sangue sendo
arrastado. Ela abaixou a cabeça e tentou pensar, mas nada entre seus
conhecimentos ajudaria.
— Bom,
peço desculpas por... — suspirou. — Eu liguei para a polícia e alertei
o ocorrido, mas isso é algo que você deveria buscar reportar. — recolheu
seus livros. — Se precisar de algo, sabe onde me encontrar...
Taylor
deixou o apartamento de Thomas e descendo as escadas, cruzou com Phoebe. Trocaram
sorrisos forçados e cada uma entrou para o seu apartamento. Taylor entrou e
jogou os livros contra a parede e agarrou a primeira almofada e gritou contra
para abafar o grito — tudo parecia ter sido em vão.
Lembrou-se
de que aquele condomínio tinha esse perfil: egoísta. Tinha aprendido aquilo na
segunda semana em que alugou seu apartamento, mas pensou que naquela situação
as coisas poderiam ser diferentes.
E ela
não conseguia deixar de lado. Uma pessoa morreu ali e ela sabia que não foi um
incidente qualquer. Um homem foi morto bem diante dos olhos de todos e o
assassino ainda está a solta em uma noite tão perigosa quanto essa.
05:47am
Após catorze
chamados, a polícia entrou no condômino do Alto Imperial com o nascer do dia e
as pessoas acompanhavam de suas janelas o síndico, o viúvo e a polícia
conversando na entrada, enquanto na televisão, o jornal local apontava o caos
que se tornou Chicago com roubos, invasões em domicílio e homicídios.
Para
um condomínio de luxo daquele porte, foi necessário trazer uma grande força
tarefa para ajudar a investigar o caso com grande atraso. De um lado, uma equipe
localizou o corpo de Henry na piscina principal do condomínio, boiando em seu próprio
sangue e, como apontado pelo perito, ficaria difícil de examiná-lo. Nas suas
palavras:
— Quem
fez isso, com certeza sabia o que estava fazendo!
E uma
outra equipe foi entrevistar e colher depoimentos dos vizinhos que estavam na
cena do crime apontados por Thomas. A primeira a dar seu depoimento foi Taylor,
que contou tudo o que ocorrera na última noite e deu sua opinião em acreditar
que Henry fora assassinado, mas o detetive do caso, Herman Alcott, ignorou
qualquer comentário extra. Depois, desceram e visitaram o casal que viu a cena
fatal, Harry e Phoebe, que mesmo separados, contaram a mesma versão do fato
vivido na noite anterior.
— Não
temos nada a esconder, detetive. — Harry afirmou com confiança.
— Estamos
aqui apenas para colher depoimentos e tentar entender o que aconteceu na última
noite, sr. Styles. — Alcott afirmou com um sorriso. — Não fique na defensiva.
O
detetive Alcott e os demais policiais que o acompanhavam saíram do apartamento
e foram para os próximos vizinhos do prédio. Phoebe se sentou na poltrona,
enquanto Harry foi para a cozinha preparar o café com alguns ovos, do jeito que
sua amada gostava.
Enquanto
preparava a frigideira, assistia Phoebe em silêncio e, também, inquieta. Ele
caminhou até Phoebe, levantou seu pescoço com o dedo indicador e deu um
selinho.
— Não
fique assim, Phoeb...
— Como
tudo isso não te incomoda? Está tão calmo em saber que ele pode ter...
— Perdi
meus pais em um assalto, lembra?! — ele sorriu, porém magoado.
— Harry,
perdoa-me... — Phoebe se levantou rapidamente e o abraçou. — Não
pensei...
— Fique
calma, apenas fique calma. — ele respondeu.
Phoebe
o puxou pela gola de sua camisa polo e o beijou intensamente.
— Que
tal continuarmos de onde paramos... — Phoebe sugeriu maliciosa.
Harry concordou
com a cabeça e voltou a beijá-la, deslizando suas mãos pela camisola da amada,
mas foram interrompidos quando a campainha tocou. Ele arrumou sua camisa e
caminhou até a porta, abriu e exclamou confuso:
— Taylor,
certo?!
— Sim..
— Taylor sorriu. — Moro no andar debaixo.
— No
que podemos te ajudar? — Harry perguntou com falsa simpatia.
— É
que isso não sai da minha cabeça. Queria entender como vocês não viram quem
atirou o corpo de Henry, não tinha ninguém...
— Já
demos nossos depoimentos à polícia há alguns minutos. — Phoebe interrompeu-a.
— Eu
também, mas quero apenas...
— Isso
não é prazeroso para nós de maneira alguma. Tudo que vimos e falamos ontem, já
contamos a polícia e agora temos que deixá-los agir. — Phoebe disse firme.
— Eu
só penso em duas alternativas e queria a ajuda para entender, o assassino pode
ter descido pelas escadas sem nenhum de nós vermos ou ele pode ter se escondido
na caixa d’água e aguardado. — Taylor contou suas teorias. — E o que
estou tentando entender, Harry, apenas isso.
— Taylor...
— ele suspirou. — A polícia já está aqui, não vá mexer com uma coisa que
não te diz o respeito, apenas esqueça e vá... não sei... trabalhar ou se
divertir um pouco.
Aquilo
atingiu-a de maneira que ela não pôde esconder, sorriu e concordou.
— Só
estava tentando entender...
— Ou
estava tentando uma aproximação aqui. — Phoebe abraçou Harry pela cintura.
— É melhor deixar isso para lá ou não nos envolver, melhor esquecer
mesmo...
— Não
era essa a minha intenção. — Taylor retrucou.
Taylor
virou as costas e desceu pelas escadas, Harry fechou a porta e passou a mão
pelo seu cabelo comprido e voltou a cozinha para finalizar o café da manhã.
Phoebe o seguiu e parou no balcão.
— Não
foi só um caso de um mês como você me contou, não é? — Phoebe.
— Ah,
Phoebe... — Harry olhou-a. — É sério? Vamos terminar de estragar todo
o nosso dia por causa da Taylor?
— Só
me conte a verdade...
— Ela
é maluca, ainda se intromete em tudo para “tentar entender”. — Harry
respondeu um pouco alterado. — Sempre foi assim. Não teria dado certo
mesmo com mais esforço.
— Ainda
não é tudo...
— Ela
é intromedita, Phoebe. Não tem tanto o que dizer sobre a Taylor, ela faz muitas
perguntas e queria que eu me abrisse mais. — Ele serviu o café em duas
xícaras. — Tudo desandou quando ela queria saber mais sobre os meus
pais...
— E
foi uma dos que pensam que você matou seus pais?
— Deve
ser, não teria sido a única pessoa. — Harry bebericou o um gole e deu de
ombros. — Não teria sido mentira, de qualquer forma...
Phoebe
aproximou-se do amado e o abraçou pela cintura.
— Irei
conversar com ela para que ela deixe você em paz. — sorriu. — Eu te
amo e nada mais importa, você sabe disso. E eu faço de tudo para que você fique
bem, não é verdade?
— Sempre.
— respondeu Harry.
Os
dois selaram a paz com um beijo intenso e tudo entre eles tinham voltado aos
eixos.
Já na área
recreativa do condomínio, dezenas de policiais circulavam entre a cena do crime
e a piscina onde o corpo de Henry fora achado. E Thomas acompanhava tudo
sozinho e aos soluços, pois já não aguentava mais chorar.
11:37am
O sol já
estava ainda mais forte e foi próximo ao horário do almoço que o corpo de Henry
foi liberado para seguir ao necrotério e, depois de algumas horas, os locais
indicados foram liberados para a livre circulação dos moradores, mas nenhum
teve a coragem de sair de suas casas naquele dia bastante sombrio.
Taylor
havia terminado de arrumar seu apartamento e levou um bowl de sucrilhos para
comer no parapeito de sua varanda, onde observava uma equipe de cinco
faxineiras tentando limpar as manchas de sangue da cena do crime.
Naquele
momento, Taylor apenas se calou. Já não estava mais curiosa, pois sabia da
verdade, mas estava assustada e tinha medo. Ela não poderia mudar os fatos, mas
sabia que estava sozinha.
E a
vida seguiu para todos naquele dia, depois naquela semana e tudo voltou ao
normal.
***
Após vinte
e sete dias, saiu o resultado da perícia e as investigações tomaram um rumo
diferente do que fora esperado e o detetive Alcott foi conversar com Thomas
sobre o assunto de tamanha delicadeza. Não é fácil noticiar uma morte e não há
anos de profissão que torne esse momento fácil, mas é ainda mais difícil noticiar
a uma pessoa que vive o estágio da negação que a pessoa amada o deixou por
tirar sua própria vida.
Foi
essa notícia arrebatadora que tomou Thomas naquela manhã, a confirmação que seu
marido tirou sua própria vida. E na negação, questionou como seu corpo mudara
de lugar.
— Isso
nós iremos investigar mais a fundo, temos uma teoria em que uma vizinha fez
isso com a empregada doméstica porque o corpo estava muito próximo. É tudo que
posso lhe contar. — detetive Alcott respondeu. — E quando confirmado,
serão indicadas como tal, mas isso não mudará os fatos, Henry, de que seu
marido tirou a própria vida.
Henry
concordou em silêncio. Seu amado se foi e levou consigo o motivo.
— Belas
flores. — detetive comentou ao despedir-se. — Fique bem.
Henry
olhou para as flores no balcão principal da cobertura e estava assinado por
Taylor Swift, sua vizinha que mandava flores desde o velório lamentando sobre
os fatos.
Após
seu plantão de 40h no hospital local, Taylor chegara no condomínio exausta e subiu
a escadaria quando cruzou com Phoebe que a derrubou da escada com um esbarrão
quase que proposital. Phoebe esticou a mão oferecendo ajuda, mas Taylor
levantou-se sozinha.
— Machuquei?
— Phoebe perguntou.
— A
mim, não. — Taylor respondeu e arrumou sua bolsa no ombro.
— Não
me diga que ainda é sobre o Harry. — Phoebe riu.
— Você
usa sempre muitas escadas, não é? — Taylor questionou subindo alguns
degraus.
— É
claro! Não malho todos os dias para me acomodar com elevadores. — riu.
— Nunca
foi sobre o Harry.
— Que
bom, Taylor, isso é ótimo porque eu estava preocupada com o passado de vocês.
— Não
existe nada entre nós, não é isso que deveria te preocupar... Lana!
— Oh,
você sabe meu nome. — Phoebe riu. — Uau! Você é realmente mais maluca
do que Harry teria me alertado. — respirou fundo. — Achei que estávamos
bem.
— Não
fui a única a descobrir a verdade sobre você. Henry também sabia a verdade
sobre o que aconteceu com os pais do Henry, ele desconfiava há muito tempo...
desde que Harry tentou comprar aquela cobertura com o dinheiro do seguro um mês
depois do ocorrido, mas vocês se certificaram que ele jamais falaria algo...
— Meu
Deus! Você é louca mesmo. — Phoebe riu. — Louca, louca, louca.
Phoebe
tentou seguir caminho, tentava transmitir segurança dos seus trejeitos
corporais, mas Taylor a chamou novamente.
— A
verdade é que você nunca viu o corpo de Henry sendo atirado, apenas disse que
viu por que se fosse realmente verdade, Thomas e eu também teríamos visto ou
outra pessoa teria ao menos ouvido algo, mas você é a única que afirma o horário
da morte.
— Essa
é a sua tão sonhada verdade? — Phoebe disse irônica. — E quem vai
acreditar nessas bobagens? Ninguém jamais irá acreditar nisso porque não faz
sentido.
— Faz
sim. Ainda mais quando nos cruzamos aqui mesmo, nessas escadas, após você mover
o corpo de Henry para estragar as investigações. Foi você!
Phoebe
olhou-a e suspirou, abriu um sorriso.
— Lamento
muito que as coisas não tenham ido bem entre nós. Confesso que detesto
rivalidade por causa de um cara...
— Não
existe rivalidade alguma. Não me importo com o Harry ou com você.
Taylor
fechou os punhos e voltou a subir as escadas às pressas até seu apartamento,
abriu a porta e ouviu a barulho do elevador abrindo a porta do seu andar. Olhou
para trás e Phoebe saiu do elevador e avançou para dentro do apartamento de
Taylor e empurrou-a no chão.
— Saia
daqui! — Taylor gritou.
Taylor
começara a gritar, mas Phoebe agarrou-a pelo pescoço e bateu sua cabeça duas
vezes no chão. Taylor desmaiou.
Quando
abriu os olhos, Taylor enxergava tudo como vultos, seus lábios estavam secos e
a cabeça doía muito forte.
— Taylor...
— Phoebe a chamava com um sorriso. — Está me ouvindo bem?
Taylor
tentou levantar-se, mas sentia como se um imã a puxasse de volta ao chão. Ao
ter mais força para levantar, caiu novamente de joelhos.
— Taylor,
por favor, fique calma. Estamos aqui para ajudar você. Quando te encontramos
aqui, você falava coisas alucinantes e está bem agressiva. Ligamos para a ambulância.
— Ela
está drogada! — Harry afirmou. — Cuidado, Lana.
— Está
tudo bem, ela nem consegue formular uma frase. — respondeu.
Taylor
piscou lento algumas vezes até que desmaiou novamente.
Quando
abriu os olhos já não estava mais em sua casa, estava no hospital. Suas mãos
estavam amarradas na maca e tinha dois oficiais da polícia na sala. Um médico
aproximou-se de Taylor e disse:
— Taylor
Swift, certo? Sou William Mansfield, você me conhece, trabalhamos juntos aqui
no Hospital San Rosie. — comunicou com certa decepção no rosto. — Você
quase teve uma overdose e, pelos nossos exames, você estava sob efeito de
drogas enquanto estava de plantão mais cedo.
— O
que? — Taylor dizia confusa. — Não, não, não é possível isso.
— Com
que frequência você faz uso de entorpecentes?
— William,
por favor, você me conhece e conhece meu trabalho. — Taylor dizia
desesperava e em lágrimas. — Eu nunca...
— Sra.
Swift, não se prejudique mais. — um oficial falou. — Apenas responda
as perguntas feitas pelo dr. Mansfield. — completou. — E agradeça que
Harry Styles e sua namorada, Phoebe, chamaram a polícia ao ver seu estado. Você
poderia estar morta!
— Não...
— Taylor levava a sua mão a cabeça. — Eles são loucos, tentaram me
matar!
— Viu,
só? Ela está fazendo essas acusações há algum tempo... — Phoebe disse. — Não
nego que excitei chamar a ambulância por conta dessas acusações, mas era o
certo a se fazer, porém ela diz que tentei machucá-la...
— Tudo
bem, tudo bem... — dr. Mansfield respondeu rude. — A paciente está
muito agitada e isso a fará mal, podem se retirar, por favor, que assumimos
daqui.
— William...
— Taylor gritava. — Acredite em mim... eu não sei o que está
acontecendo, eu não sinto minhas pernas, meu coração dói...
Os
oficiais acompanharam Harry e Phoebe até a saída e ambos foram para a casa de
táxi. Ao chegar em seu apartamento, Harry sentou-se no sofá e admirou sua amada
arrumando alguns detalhes na decoração da casa de maneira distraída.
— Foi
você, não foi? — Harry perguntou.
— Querido,
você vai precisar ser mais específico. — Phoebe olhou-o.
— Sobre
o Henry. E agora, a Taylor. — respondeu.
— Harry,
meu amor, eu disse que eu faria de tudo para te proteger. — Phoebe sorriu.
— E
você cumpriu com isso. — Harry aproximou-se e beijou sua testa. — Eu
te amo!
Ela se
deitou em seu peito e eles se abraçaram forte.
— Podemos
continuar de onde paramos naquele dia? — Harry perguntou.
Ela
assentiu e Harry deitou-a no sofá e tirou sua roupa lentamente enquanto a
beijava. Phoebe sentiu a língua de Harry deslizar de maneira quente por todo
seu corpo que, para ele, era como uma obra de arte. Ela gemia com cada toque e
ele a agraciava.
Daquela
forma, tudo voltou ao normal porque todos os assuntos foram encerrados e os
fatos eram o seguinte: Thomas encontrou um rascunho no e-mail de seu marido
alegando vergonha em tê-lo traído, tamanha vergonha que só poderia pagar por
sua própria vida e a vizinha que morava no primeiro andar, Bell May, não suportou
passar a noite com um cadáver tão próximo a sua janela que o moveu para longe
dali sem pensar em alguma consequência – entretanto, foi indiciada por
obstrução de justiça, mas não era algo que a preocupou porque ela tinha
dinheiro o suficiente para lidar com esse incidente, já a sua empregada não
poderia afirmar o mesmo.
Enquanto
isso, Taylor Swift encarou sua demissão e seu processo administrativo por
trabalhar sob efeito de entorpecentes, jamais trabalhará na sua área novamente
e terá que participar de reuniões para viciados, mesmo que soubesse não ser
uma. Após sua alta do hospital, mudou-se e voltou para a casa de seus pais com
vergonha do exposto.
E
Harry Styles conseguiu comprar a tão sonhada cobertura do Alto Imperial, com
cerca de 800 metros quadrados com área externa luxuosa, após Thomas vende-lo
por não conseguir manter seus antigos padrões de vida, e ao lado de sua amada
Phoebe, ou melhor, Lana.
Depois
deste atípico episódio, Chicago superou da mesma forma que o Alto Imperial
superou todos os ocorridos trágicos. E nada mudou, todos voltaram os olhos para
si mesmo e para aquilo que mais lhe importavam.
E para
Lana, o que mais importava era seu precioso Harry Styles.
[FIM]
SE EU ESTOU NO CHÃO???? EU ESTOU JOGADA!!!!!!!! MISERICÓRDIAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA! MIRELA DO CÉU, ASSIM VC ME MATA!!!!!
ResponderExcluirPrimeiro gostaria de dizer que você foi muito cruel com a minha digníssima pessoa, jamais esquecerei o trote de hoje. E DEPOIS QUERIA DIZER QUE MTA MALDADE HARRY E LANA (vulgo eu) NUNCA CONSEGUIREM TRANSAR! KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK TE ODEIOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO
E, manooooooo, eu jamais esperaria esse plot! Surtei no whats em tempo real, MAS VELHO VAI SE FODEEEEEEEEEEEER!!! Eu jamais esperaria que Lana e Harry fossem os culpados ou que, pior, fossem dois psicopatas.. ALÔ NORMAN BATES! Gente, eu estou passada. QUERIA PODER COMENTAR COM GIF AQUI EU TENHO UMA GRETCHEN PARA CADA MOMENTO!
Ai, cara, eu não tenho mais nem o que falar! Ficou muito boa, sério mesmo, me surpreendeu de verdade sobre com o desenrolar da fic e, embora eu tenha ficado um pouco assustada com o plot (o que foi uma coisa boa, juro!!!!), não posso negar o fato de ter amado. Lana e Harry são loucos e merecem ir pra cadeia SIM, mas eu posso dizer que tive meus momentos? Adorei o casal, apesar da dissimulação. AH SE FODER EU AMEI O CASAL!
Crying in a cool way
TE AMO MUITO! Obrigada por ter feito isso e obrigada por ter me aguentado esse tempo inteiro te infernizando pra postar. VALEU MUITO A PENA ESPERAR! EU AMEI DEMAIS. AMEI MUITO.
AFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFF
JÁ QUERO OUTRA FIC COMIGO E COM O BABY STYLES. QUERO JÁ.
Te amo MUITO! <3
Prometo que aquele trote e o spoiler falso jamais vai repetir novamente, mas confesso que lembrar daquilo anima muito meu dia.
ExcluirFico feliz que tenha gostado e se surpreendido com o final. Eu trabalhei muito nele para virar o jogo. Cumpri minha promessa de fazer uma fanfic para você e com você nela apesar de não querer colocar seu nome e querer te matar umas 145452415 de vezes.
Já sabe que pode ter outra no caminho. Obrigada pelo layout tambem.
TE AMO.
gostei mto da shot e nao esperava que lana e harry eram responsaveis pq eles apoiaram taylor e thomas
ResponderExcluirtbm nao gostei do jeito que trataram a taylor na fic inteira kkkkkkkkk msm que ela cuide do que nao e da conta dela ne
mto bom adoro suas oneshot
Fico feliz que tenha gostado e pela surpresa no final. Era minha intenção surpreender a todos.
ExcluirSim, trataram a Taylor muito mal e eu fiquei triste por isso.
Obrigada.
Beijos.
Mano, eu amei isso, amei a ambientação, o plot, os personagens,a narração e o que foi esse plot twist? Maravilhoso!1!! Eu realmente não pensei que a Lana ou o Harry mataram o cara, mas se deve algo que eu aprendi com histórias de assassinato, o assassino sempre é alguém fundamental para história, nunca seria um desconhecido.
ResponderExcluirEu amei tudo, sério! Parabéns pela história!
<3
Fico muito feliz que tenha gostado Malu.
ExcluirA ideia de fazer em um ambiente diferente e que poderia gerar surpresas sempre rondou minha cabeça. Estava cansada de escrever/ler sobre ambientes escolares ou similares. Enfim, fico feliz que tenha gostado de tudo.
Sim, o assassino sempre é um personagem ou aparecem logo no meio da narrativa. Aprendi isso com milhões de temporadas de CSI.
Fico muito feliz. Obrigada!
Beijos.
Oi Mi, quanto tempo hein? 2 anos?
ResponderExcluirEstou perdida no seu blog rs, mas logo me acho. Fiquei surpresa com o final. Não pensei que os dois fossem os assassinos.
Parabéns. <3 amei
Lari! Sim faz muito tempo, acho que mais de dois anos até.
ExcluirFico feliz que tenha voltado e gostado dessa oneshot e de outras fanfics minhas.
Desde que você sumiu publiquei muita coisa haha.
Obrigada pelo comentário.
Beijos.
to surpresa com o final mas desconfiei de harry quando vc falou que ngm sabia a história dele mas a jogada da kana falando que viu foi mto bom por essa mentira não esperava
ResponderExcluirAdoro suas fics bjos
Sim, eu tentei trazer dicas desde o inicio, mas não entregar direto quem seria.
ExcluirAcho que deu certa pela sua aprovação e de outros leitores. Fico muito feliz que tenha gostado.
Obrigada pelo carinho.
Beijos.
Essa one shot salvou meu fds
ResponderExcluirMuito bom mirela parabens
Fico feliz em ler isso. Muito obrigada pelo carinho.
ExcluirBeijos.